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“Filhos do Oceano”, assim se intitula a exposição da artista plástica e antropóloga espanhola Ruth Bañón, que será inaugurada nesta quarta-feira, 11 de Junho, na galeria da Fundação Fernando Leite Couto.

As obras, que foram feitas utilizando a técnica de colagem digital sobre papel, são resultado do projecto “Afrika Poem”, uma viagem visual ao passado imaginário do continente africano através da combinação de fotografia e ilustração.

Segundo explica a artista, o objectivo deste projecto é trabalhar principalmente com retratos de homens e mulheres, interpretar e recriar as histórias de vida destas pessoas que viveram há décadas atrás nos diferentes territórios e países do mapa africano.

Assim, “Filhos do Oceano” são quadros que combinam diferentes técnicas, com a intenção de criar uma ponte entre os arquivos fotográficos e imagens antigas do continente e a recriação contemporânea dessas imagens com ilustrações.

A exposição pretende também fazer a ponte com o tempo e com realidades distantes e alheias, já esquecidas, através de uma visão mágica e poética, onde os animais e o mundo vegetal estão bem presentes, e ligando o percurso humano ao da natureza, caminhando ao encontro dos mitos fundadores da origem da vida.

“Adoro a liberdade que sinto quando posso criar universos imaginários, inspirados em factos simples e, ao mesmo tempo, transmitir uma visão poética deste mundo e, porque não, de outros mundos possíveis. Sinto-me muito inspirada pela natureza e pela sua fonte inesgotável de vida, em constante mutação. Posso dizer que as florestas, a vida vegetal e os animais estão muito presentes nas minhas obras e são os meus pontos de referência para me ligarem a esta região interior onde vive a criança que há em todos nós”, afirma Ruth Bañón.

A mostra chega a Moçambique com o apoio da Embaixada da Espanha, tem a curadoria de Yolanda Couto e estará patente até 12 de Julho na galeria situada no primeiro piso da Fundação Fernando Leite Couto.

Ruth Bañón, antropóloga e artista plástica, especializada em ilustração, vive em Moçambique há mais de quinze anos, onde tem desenvolvido a sua carreira artística.

Licenciada em Antropologia Social e Cultural, com especialização no domínio da cultura e da educação, durante vários anos trabalhou em museus etnológicos, fundações e ONG nacionais e internacionais, em diferentes países como Brasil, Portugal, Marrocos e Moçambique. Viajou para outros países, conhecendo diferentes culturas e formas de trabalho.

Conta com mais de 10 exposições entre individuais e colectivas em vários países, entre eles, Moçambique, Espanha, Portugal e Cuba, tem livros publicados na Espanha e em Moçambique. Aliás, em Moçambique, trabalhou durante vários anos na investigação de contos de tradição oral, no âmbito de um projecto de colaboração entre a Fundaciò Contes pel Món (Barcelona) e a redação da Escola Portuguesa de Moçambique em Maputo.

O músico e escritor moçambicano, Isaú Meneses, vai lançar o livro “A diversidade cultural e a construção da nação” e o álbum “África Lamuka”. O evento, em forma de concerto, terá lugar neste sábado, a partir das 13h00, na Cidade de Maputo.

Este é o primeiro de vários eventos multidisciplinares que a GM Records vai realizar em Maputo, como forma de promover os artistas e trabalhos que a produtora tem realizado desde 2017, em que já compilou 100 projectos discográficos.

“O Restaurante Mar à Vista é uma peça que faltava nos lançamentos de obras da GM Records e aparece para ser um “quebra-cabeça” , na medida em que é o nosso próprio espaço de lançamentos, o que sempre sonhamos”, sustenta Sidney Mavie, acrescentando que “os produtos gerados por nós serão expostos e vendidos aqui”.

De acordo com Dj Sidney GM, iniciar este périplo pelos eventos culturais com Isaú Meneses é, sem dúvida, um bom ponto de partida, pois se trata de um artista sonante e que tem uma longa trajectória musical e literária,  além de ser uma figura pouco vista em eventos, apesar de “África Lamuka” ser a sua décima segunda obra.

O evento de lançamento do álbum e livro de Isaú Meneses será moderado pelo filósofo e crítico de arte Dionísio Bahule. De acordo com Dj Sidney GM, escolher Bahule é apostar na qualidade.

“Neste momento não existe alguém que melhor se assenta ao programa que Dionísio Bahule, pelas suas qualidades científicas e artísticas, e porque esse evento marca o começo tínhamos que elevar a fasquia”, sustenta Dj Sidney GM.

A expectativa para o evento é maior e Sidney Mavie não tem dúvida, afinal é um programa tradicional-clássico, porque, apesar de juntar uma banda que aposta em ritmos tradicionais moçambicanos, os seguidores de Isaú Meneses são seleccionados e apostam em ambientes mais particulares.

O livro “A diversidade cultural e a construção da nação” será apresentado por Miguel Marrengula e terá comentários do General na Reserva, António Hama Thay. Já o álbum, “África Lamuka”, será apresentado por Dionísio Bahule.

A Associação Cultural Xitende realiza, hoje, um intercâmbio literário entre a professora brasileira, Assunção de Maria Sousa e Silva, os escritores e o público em geral.

Segundo o comunicado, esta efeméride realiza-se no âmbito da visita da professora Assunção de Maria Sousa e Silva, que circunjaze no estágio do pós-doutorado na Universidade de Playa Ancha em Santiago do Chile, que está em curso. 

O mesmo documento justifica ainda que, por se tratar de uma  pesquisadora de literaturas africanas de língua portuguesa, a professora brasileira pretende trocar experiências com a Xitende, um exercício que ocorre com a supervisão da Profa.Dra. Daiana Nascimento, também pesquisadora. 

Assim, terá lugar um workshop intitulado: Função da Literatura; na sala da Casa Velha da Escola Secundária de Xai-Xai, nesta terça-feira, pelas 11 horas e conta com a moderação de Deusa d’África. A visita inclui entrevistas aos escritores da Xitende no âmbito das pesquisas que Assunção realiza. 

De realçar que, Assunção de Maria Sousa e Silva é Nordestina brasileira. Professora-Doutora, Titular da Universidade Federal do Piauí. Professora Adjunta da Universidade Estadual do Piauí. Estuda e pesquisa literaturas africanas de língua portuguesa e literatura negra brasileira. 

A cidade de Maputo acolhe a primeira edição do Festival Jazz Ítalo-Moçambicano. Uma iniciativa musical que combina espetáculos musicais e espaços de diálogo intercultural, reunindo artistas moçambicanos e italianos num ambiente de celebração e partilha cultural.

O festival abre a programação cultural MOZITA50, organizada pela Embaixada de Itália em Maputo para celebrar os 50 anos do início das relações diplomáticas entre Itália e Moçambique. Trata-se de uma série de eventos destinada a valorizar a aproximação entre as comunidades e a troca artística entre os dois países.

O festival assinala os 50 anos de cooperação entre Moçambique e Itália e é promovido pela Embaixada de Itália, em parceria com a Fundação Moreira Chonguiça, com direcção artística do músico italiano Enzo Favata e sob a direcção executiva do músico e produtor Moreira Chonguiça.

O evento contará com artistas italianos como: Enzo Favata, Roberto Ottaviano, Lorenzo Simoni, o vibrafonista e compositor Pasquale Mirra, os pianistas Fabio Giachino e Vittorio Esposito, que actuarão em colaboração com nomes sonantes do jazz moçambicano como o baterista Stélio Mondlane, o pianista Lívio Monjane, o baixista Albano Gove, o guitarrista Roberto Chitsondzo Júnior, o saxofonista Mahu Mucamisa, o trompetista Inácio Pascoal que constituem a banda “Fearless Souls”, o saxofonista Timóteo Cuche, o guitarrista Dudú Stalini, o baixista Realdo Salato, o pianista Nicolau Cauaneque, o baterista Cremildo Chitará que compõem o “Kuche Quintet” e  Moreira Chonguiça.

Durante quatro dias, o festival ocupará diversos espaços emblemáticos da cidade de Maputo como é o caso da Catedral Nossa Senhora da Conceição, o Estúdio Auditório da Rádio Moçambique, que também celebra o seu 50º aniversário a 3 de Outubro de 2025, e o Parque dos Cronistas (mais conhecido por Jardim da Sommerschield), com uma programação diversificada que inclui concertos, jam sessions, oficinas mecânicas e experiências musicais imersivas.

Além das actuações, o Festival promoverá workshops sobre improvisação, direcção criativa e outros temas ligados ao jazz contemporâneo. Estas formações serão conduzidas por músicos italianos e destinam-se a estudantes e músicos locais, no Conservatório de Música e no Parque dos Cronistas.

O poeta e ensaísta Luís Cezerilo é um dos candidatos às próximas eleições na Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO). No dia 26 deste mês, os membros da agremiação vão eleger o novo Secretário-Geral da AEMO, que deverá ter a responsabilidade de liderar os destinos dos escribas nos próximos anos. Por isso mesmo, Luís Cezerilo vai proceder, esta segunda-feira, a partir das 16 horas, no Hotel Afrin, na Cidade de Maputo, ao lançamento oficial da sua campanha eleitoral. 

Sob o lema “Unir vozes, fortalecer a escrita moçambicana”, a campanha de Luís Cezerilo será lançada focada na representação de um compromisso firme com a valorização da literatura nacional, a inclusão de novas vozes, a internacionalização da produção literária moçambicana e o reforço da profissionalização da AEMO enquanto instituição cultural de referência.

Nesta segunda-feira, o acto público contará com intervenções especiais, momentos culturais, apresentação das principais linhas do manifesto eleitoral e espaço para interacção com os presentes. Pelo que os escritores, académicos, artistas, membros da sociedade civil e o público em geral são convidados a participarem no evento. 

 

Em “Guardião da Natureza-Educar para ser”, Tchalata apresenta obras de pinturas que têm como inspiração a biodiversidade e as ameaças humanas às espécies do Mar, Fauna e Flora.

“Guardião da Natureza-Educar para ser” é a biodiversidade “pintada”.

Tchalata está preocupado com a ameaça do homem às espécies do Mar, Fauna e Flora.O pincel do artista também pretende  estimular o ser humano a repensar suas actitudes sobre a natureza.

“ Nós temos de ser observadores e dizer não ao lixo, temos que perceber que o plástico nocivo que dura mais de 400 anos no ambiente se fragmenta e polui o mar, os peixes comem e termina nos nossos organismos”, defende o artista

A luta de Tchalata é melhorar a relação homem-natureza, muito conturbada sobretudo com a crescente conversa sobre as alterações climáticas.

O artista procura ainda sensibilizar as crianças a valorizar e preservar o meio ambiente e recorda o governo do seu papel de promotor das artes.

“Não podemos ser só assistentes, temos que agir e lutar, usar o nosso escudo para defender esta riqueza natural que nós temos”, declarou.

O artista quer que a exposição saia das galerias, para escolas, comunidades próximas a parques e reservas, para melhor difundir a mensagem de cuidados  a ter com o planeta e com os animais, sobretudo as espécies ameaçadas de extinção.

“Guardião da Natureza-Educar para ser” é o título da sétima exposição individual de Tchalata, nome oficial  de Aniceto Leonardo Banze.

BIOGRAFIA 

Aniceto Leonardo Banze, moçambicano, nascido em Maputo a 7 de junho de 1981. É licenciado em Educação de Infância com Habilitação em Gestão e Administração de Instituições de Desenvolvimento da primeira Infância pela Universidade Pedagógica, o que lhe permite apoiar crianças no desenvolvimento das suas capacidades de aprendizagem, durante um período importante do seu crescimento social e emocional.

Procura ainda sensibilizar as crianças a valorizar e preservar o meio ambiente, estimulando a sua criatividade, ao transformar materiais recicláveis em obras de arte. Após tirar o curso básico e médio em Artes Gráficas na Escola Nacional de Arte Visuais, frequentou também várias acções de formação artísticas-profissionais dentro e fora do país. É membro fundador da Oficina Pedagógica da Universidade Pedagógica de Maputo Moçambique em 2008.

Proprietário e gestor da Escola Comunitária KaTembe, dedicada ao ensino pré-primário desde 2019.

Nesta quinta-feira, às 17h00, será lançado o livro “A Última Oração do Judas”, de Sakharari, no Camões – Centro Cultural Português em Maputo.

A ser apresentado pelo docente universitário Dionísio Bahule, conta com ilustrações do artista plástico Ernesto Polá e prefácio do professor Alberto Mathe.

Para Mathe, “A Última Oração do Judas”, de Sakharari, é um livro no qual “somos atraídos por um espaço textual que se desdobra em múltiplas camadas de significado. Este livro vai além de uma simples colectânea de poemas; ele se apresenta como uma arena onde a linguagem luta contra suas próprias limitações. A última confissão de Judas nunca é verdadeiramente ouvida, manifestando-se como um grito mudo, simbolizando a impossibilidade de comunicar plenamente a experiência humana. Nesse sentido, Judas deixa de ser apenas uma figura histórica e se torna um símbolo que desarticula as estruturas tradicionais de pensamento sobre o bem e o mal. O poeta convida o leitor a mergulhar em um jogo de palavras que se desenrola nas margens do silêncio, onde o que não é dito carrega um peso tão significativo quanto o que é dito. É o que se pode constatar na primeira secção do livro, intitulada “Queixumes e Labilidades do Judas”, na qual somos apresentados a um duplo movimento de desconstrução e recriação das figuras míticas e narrativas históricas. Nos poemas “Oração do Judas (I)” e “Oração do Judas (II)” reinventa-se o mito bíblico, deslocando-o para uma esfera colectiva e cosmológica, onde o sujeito poético busca tanto denunciar quanto reconstituir a experiência da traição e da redenção”.

Sobre o autor

Sakharari, pseudónimo de Eliseu Armando, nasceu em Maúa, Província de Niassa. A sua vida tem sido marcada por guerras e busca incessante pela paz interior, ou medo de novas guerras. É membro fundador do CEPAN – Clube de Escritores, Poetas e Amigos de Niassa. Faz parte da geração fundadora do Jornal Bioteca e Programa Artes e Reflexões, duas plataformas de difusão e lançamento de novos talentos na Província de Niassa. 

Sakharari participou na antologia poética “Joia-Niassa – Metáforas do Ventre”, (Papiro Editora, 2008).

O escritor e artista plástico Adelino Timóteo vai inaugurar, quinta-feira, a partir das 18 horas, na Casa do Artista, na Cidade da Beira, a sua nova individual de pintura, “As Meninas da Rua 6 e outras”. No mesmo evento, o autor também vai lançar o seu mais recente livro: “Regresso ao Sagrado Macurungo”

Há 30 anos, Adelino Timóteo iniciou o seu percurso artístico. Como poeta e escritor, o artista publicou vários livros. Entre os quais, “Viagem à Grécia através da Ilha de Moçambique” (poesia), “Corpo de Cleópatra” (poesia), “A virgem de Babilónia” (romance), “Apocalipse dos predadores” (romance), “Cemitério dos pássaros” (romance) ou “Na aldeia dos crocodilos” (infanto-juvenil). 

Para assinalar os 30 anos de carreira artística, com efeito, Adelino Timóteo vai, nesta quinta-feira, inaugurar a sua mais recente exposição de pintura, intitulada “As Meninas da Rua 6 e outras”. 

A cerimónia de abertura da mostra está agendada para a Casa do Artista, na baixa da Cidade da Beira. No local, os apreciadores das artes terão a oportunidade de ver obras que, além do estético, atravessam a realidade moçambicana de forma transversal. Afinal, segundo o ensaísta e jornalista José dos Remédios, que assina o texto de apresentação da mostra, “Adelino Timóteo é um artista da sensibilidade, da observação que se mescla com a intuição experimental no território dos afectos”. E o ensaísta acrescenta: “o artista transforma o pó num recurso além do intencional. Ora configurando esperança ao lusco-fusco, ora hipnotizando qualquer coração que possa estar amargurado”.

“As Meninas da Rua 6 e outras” é a 19.ª exposição individual do autor, e reúne dez obras recentes, evocando memórias femininas, infância, resistência e beleza no quotidiano moçambicano. 

De acordo com o comunicado de imprensa, as telas, de grande expressividade visual e poética, recriam um universo sensível ancorado nas ruas do bairro onde o artista cresceu: Macurungo.

Adelino Timóteo, que já expôs na Áustria e em Espanha, é autor de uma vasta obra que transita entre as artes plásticas e a literatura, sendo reconhecido como uma das vozes mais activas da sua geração. Talvez, por isso, o artista vai celebrar os seus 30 anos de carreira artística lançando, na mesma cerimónia, na Casa do Artista, o seu mais recente livro, o 24.º da conta pessoal: “Regresso ao Sagrado Macurungo”. Trata-se de uma obra que complementa um exercício anterior, “Nós, os do Macurungo” (2013). 

Na nova obra, Adelino Timóteo retoma o fio narrativo das suas raízes, numa escrita que cruza memória, oralidade e devoção ao território emocional da infância.

Na Casa do Artista, o evento é aberto ao público e marcará um ponto alto na celebração da cultura moçambicana, homenageando a Cidade da Beira e o seu universo simbólico.

Por: M.P.Bonde

Ao
Flávio Atanásio Chongola

Visitou-me por instantes, Jaime Sabines,
no quarto escuro, a janela desvenda o imaginário, as metáforas alugam por instinto o
diâmetro da letra O;
miro as inúmeras possibilidades desta vogal sob o fascínio do papel cândido:
opacidade,
óvulo,
ondas,
ordem,
orelhudo, olhares,
orfão,
onomatopeia,
orgulho,
obreiro,
orgasmo;

redijo cada letra com a perícia de uma coruja no cimo do galho seco; quieta, na
orfandade das manhãs, as folhas amarelecidas pelos tempo escondem o temor com
raios de luz espraiando no biombo.

Vem-me isto a propósito desta frase visceral:

“A poesia ocorre como um acidente, um golpe, uma paixão, um crime; ocorre
diariamente, sozinho, quando o coração do homem começa a pensar na vida”, Jaime
Sabines

Quem escreve desencanta tormentos, galopa sob a égide de um adeus inexistente na
atmosfera da paixão; Quando se inscreve nos píncaros do silêncio, a métrica flui
inquieta; advêm das entranhas o valor do acaso?

Dá-me gozo, como nestes últimos dias, percorrer o hemisfério condenado ao fracasso,
vigiar ainda que de permeio a metade do sono; há para lá das lamúrias e da podridão
estampada nos nossos olhos, a ingenuidade de um bebê que aprende com a língua o
sabor dos objectos;
este desabrochar sul-sul, este redescubrir de forças castradas ao longo do tempo, cria-
me câimbras na alvorada das esporas; é um mergulhar sobre as almas apedrejadas no
vale das lamentações;

manejar as palavras é um ofício, é encontrar a liberdade em meio aos caos, sangrar
pelos poros o brilho escondido da alma;

Como disse o poeta:

“Sempre que responder a uma experiência humana, será poesia. O poema tem apenas
uma medida, sua autenticidade. Estou chocado tanto com os poetas que escrevem
elegias para Che Guevara sentado à mesa de um café quanto com aqueles que falam
sobre divindade enquanto chutam um cachorro. Você não tem o direito de falar sobre o
que não experimentou; tudo o que for feito fora da experiência emocional será uma
construção verbal, um jogo divertido, mas não poesia”. Sabines

Pois é caro Sabines,

a experiência humana transmite-nos a realidade, ainda que de forma dolorosa, crava-
nos à carne os espinhos do medo, ódio e angústia e toda horda inquietante do
hemisfério;

a poesia é nada; este objecto circular, ingénuo, matreiro, fundamental na construção do
sonho;

E a metáfora?

Meta fora a hipotenusa da angústia! Abrande o entusiasmo na lonjura da loucura; um
ciclo é sempre um ciclo;
como se carrega um fardo?
quantas pétalas adornam o sabor da xícara?
a morte é sempre um emarranhado de acontecimentos inesperados, bate-nos a porta
com o bolor do silêncio na boca;

 

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