O País – A verdade como notícia

Dez países africanos tiveram casos de varíola dos Macacos este ano, com destaque para a República Democrática do Congo, que tem mais de 10 mil casos. O vírus letal tende a aumentar em África, alertam as autoridades da Saúde.

A República Centro-Africana foi a primeira a confirmar um novo surto na segunda-feira, passada, que já se estende à sua capital Bangui.

Na quarta-feira, o Ministério da Saúde do Quénia disse ter detectado a infecção da varíola dos macacos num passageiro que viajava do Uganda para o Ruanda, num posto fronteiriço no sul do país, o que coloca em alerta as autoridades sanitárias africanas, que afirmam que um único caso é suficiente para declarar-se surto da doença.

Os Centros Africanos de Controlo e Prevenção de Doenças avançam que o vírus já foi detectado em 10 países africanos, este ano, e que os casos aumentaram em mais de 160%, o que pode vir a piorar devido à falta de tratamento e vacinas eficazes no continente.

Dos mais de 14 mil casos notificados ao CDC África, mais de 96 por cento destes ocorreram na República Democrática do Congo, onde também houve mortes. Ou seja, este país é o mais atingido, estando agora com mais de 10 mil casos registados, incluindo 450 mortes.

“Metamiserismo – uma nova escola literária” é o título do livro de Deusa d’África e Dom Midó das Dores, que será lançado no próximo dia 08 de Agosto, pelas 17h30, no Camões, Centro Cultural Português, em Maputo.

Escrito a quatro mãos, “Metamiserismo – uma nova escola literária” é um livro que é publicado sob a chancela da Alcance Editores, contando com o prefácio do ensaísta e professor universitário Sávio Freitas. Já a apresentação, no Camões, será feita pelo ensaísta Francisco Noa.

Segundo uma nota de imprensa, “‘Metamiserismo’ é uma proposta de reflexão impactante, de autoria de Deusa d’África e Dom Midó das Dores, a que estes dois poetas erguem a possibilidade de reconstrução da sociedade. Descrevem o caos que afecta a humanidade, por via de pandemias, guerras, crimes ambientais, neocolonialismo invasor, novas ditaturas, feminicídios, racismos, homofobia, transfobia, negacionismos, necropolítica”, acrescenta a nota: “Estes poetas representam uma fase neo-combate na literatura moçambicana. Esta fase surge para reivindicar o lugar de uma literatura de protesto estético e ideológico frente aos novos rumos de discussão que a arte vem tomando no mundo e cada vez mais hasteando uma bandeira de humanitarismo”.

Os auto-designados “Poetas Metamiseristas”, Dom Midó das Dores e Deusa d’África, avança a nota de imprensa, entregam uma colectânea de poesias que fazem (re) pensar temas por demais polêmicos se tratando da cartografia de escrita literária moçambicana de uma fase neo-combate.

Assinando em autoria, os autores inauguram o que acreditam ser a possibilidade de humanitarismo literário que se constrói por quatro mãos e duas mentes insatisfeitas com o sistema político machista, opressor e desumano que torna escatológica qualquer forma de viver que esteja fora do padrão.

A colectânea de poemas Metamiserismo não só continua o trabalho da Associação Xitende, para além disso, recupera a fase nacionalista moçambicana ao ponto que representa a voz de uma colectividade de artistas que, sob ritmo do xitende, traz à baila a voz de tantos ancestrais invisibilizados pelo memoricídio de uma colonização sangrenta, desumana e oportunista. Uma colonização que continua sendo reproduzida por um neocolonialismo opressor e sistematizador de classes, de raças e de género, lê-se na nota de imprensa.

Para os autores, “o metamiserismo nasce da constatação axiológica de que a miséria do Homem moçambicano vem de dentro. Não é possível combater a miséria sem uma fenomenologia do Homem moçambicano. A disposição espiritual do Homem moçambicano determina a sua acção material e nessa dialéctica podemos ver a desgraça, a indigência, a corrupção material e moral, a aculturação e a promoção das perversões como uma cultura de tudo dependente ou é consequência da miséria espiritual”.

Sobre os autores

Dom Midó das Dores é Doutorando em História de África Contemporânea pela Universidade Pedagógica, Mestre em Ciências Políticas e Estudos Africanos, Licenciado em Relações Internacionais e Diplomacia. Nascido a 05 de Fevereiro de 1978, em Xai-Xai. É Autor do romance editado pela Índico Editores, em 2009, intitulado “A Bíblia dos pretos”. Em 2000, Dom Midó venceu o prémio literário Teatro Rádio Fónico da Rádio Moçambique. Docente na universidade Pedagógica, foi Deputado na Assembleia da República, foi Presidente do Conselho Municipal da Cidade de Xai-Xai e é Administrador do Distrito de Mandimba. É co-fundador do Núcleo Literário Xitende. Actualmente ocupa o cargo de Revisor e Conselheiro da Associação Xitende.

Tem publicações em revistas nacionais e internacionais. Tem textos antologiados pela Editora de Letras “Vozes do Hiterland”, em 2015, antologiado na Espanha em “Galiza-Moçambique: Numa Linguagem e Numa Sinfonia”, em 2016, foi antologiado em 2020, pela Xitende, em “Fique em Casa, Amor!” e “19 Cartas para Covid19”.

Deusa d’África é Mestre em Contabilidade e Auditoria e mestranda em Língua Portuguesa Aplicada ao Ensino. Docente na Universidade Save e Contabilista do Fundo Global – Malária. Possui textos (prosa, ensaios e poesia) publicados na imprensa nacional e estrangeira.

Coordenadora-Geral da Associação Cultural Xitende, curadora do Festival Internacional de Poesia, de saraus culturais, feiras de livro, concursos de poesia, palestras escolares, semanas literárias, oficinas de escrita e mentora do projecto Círculo de Leitores, desde 2011. Viu alguns dos seus trabalhos traduzidos para sueco, inglês e mandarim.

É autora de seguintes obras: “A Voz das minhas entranhas” (poesia), editada pelo FUNDAC, em 2014; “Equidade no Reino Celestial” (romance), pela Editora de Letras, em 2014; “Ao encontro da vida ou da morte” (poesia), pela Editora de Letras, em 2014; “Cães à estrada e poetas à morgue’’, pela Alcance Editores, em 2022, e “Uma onça na cidade”, pela Alcance Editores, em 2023;

Foi distinguida pelo Governo Provincial de Gaza, como Personalidade do Ano, 2016, em reconhecimento do seu patriotismo e pela sua contribuição no desenvolvimento e promoção das artes e cultura.

Em Março de 2017 representou Moçambique no Festival Literário de Macau.

Escreveu o hino para o Festival Nacional de Jogos Escolares e Desportivos em Moçambique em 2017. É membro do Conselho Editorial da Revista Kilimar.

 

 

A partir deste 1 de Agosto até 30 de Setembro, estão a decorrer as candidaturas ao Prémio Imprensa Nacional/Eugénio Lisboa, um galardão instituído pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda [INCM], em Portugal, que premeia anualmente trabalhos inéditos no domínio da prosa literária. Podem concorrer todos os cidadãos moçambicanos (a residir em Moçambique ou no estrangeiro) ou cidadãos estrangeiros residentes em Moçambique há pelo menos cinco anos.

Na 8ª edição do Prémio Imprensa Nacional/Eugénio Lisboa, as candidaturas voltam a fazer-se exclusivamente online, no site da Imprensa Nacional, disponível no site da organização.

O júri do Prémio é composto pelo escritor e professor Lucílio Manjate (que o preside), pela professora Sara Laisse e pela editora-chefe da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Paula Mendes.
Além do valor pecuniário, na ordem de 5000 euros, o Prémio Imprensa Nacional/Eugénio Lisboa contempla ainda a publicação da obra vencedora pela INCM.

As edições anteriores do Prémio Imprensa Nacional/Eugénio Lisboa já distinguiram, entre vencedores e menções honrosas, os trabalhos Mundo Grave, de Pedro Pereira Lopes; Bebi do Zambeze, de António Manna; Saga d’Ouro, de Aurélio Furdela; Sonhos Manchados, Sonhos Vividos, de Agnaldo Bata; A Ilha dos Mulatos, de Sérgio Raimundo; Teatro de Marionetes (ou Ensaio sobre a Mecânica Descritiva da Desertificação dos Homens), de Jofredino Faife; Disrupção, de Fátima Taquidir; O Homem que Vivia Fugindo de Si, de Japone Agostinho; Marizza, de Mélio Tinga; e Eva, de Léo Cote.

A Imprensa Nacional-Casa da Moeda criou o prémio, em 2017, no intuito de incentivar a criação literária em Moçambique e, ao mesmo tempo, de prestar homenagem a Eugénio Lisboa, desaparecido em Abril deste ano, aos 93 anos de idade, deixando uma vasta obra entre o ensaio, a crítica literária, a poesia, o diário e as memórias.

O Camões — Centro Cultural Português em Maputo é o parceiro na promoção e divulgação do prémio em Moçambique.

O regulamento pode ser consultado, igualmente, nos site da organização.

Na próxima sexta-feira, o músico e compositor Bhaka Yafole vai actuar em concerto na Cidade da Matola. O evento vai iniciar às 19 horas e contará com participações de Deodato Siquir, Roberto Chitsondzo Jr. e Tchakaze.

 

A música aconteceu-lhe na tenra idade. No Bairro da Malhangalene, Cidade de Maputo, Bhaka Yafole foi estimulado pelos irmãos mais velhos, que, nos anos 80, já ousavam coleccionar discos de vinil de vários artistas. Também cresceu vendo ensaios de bandas musicais. Quando chegava a casa, cantava e batia em latas, imitando os bateristas. Hoje, esse menino adulto, com barba farta no rosto, esbanja, nas suas cordas vocais, uma soridade contangiante, que não revela, no entanto, a sua habilidade em tocar piano e guitarra.

Com mais de 20 anos de percurso musical, o cantor e compositor terá, próxima sexta-feira, na Matola, a oportunidade de partilhar com o público o que a música significa para si. Para o efeito, Bhaka Yafole preparou um repertório com 75% de canções autorais. Os restantes 25% são músicas que sempre o acompanharam no seu percurso enquanto intérprete. Nesse caso, tratam-se de composições de artistas que o influenciaram, e é nesse sentido que, de um tempo para cá, tem estado a homenagear autores como Hortêncio Langa, Arão Litsuri e João Cabaço.
Simultaneamente, Bahaka Yafole entende que actuar em palco é como se apresentar numa vitrine, na qual pode fazer chegar a sua música a um segmento de plateia que, acredita, já está consolidada no Garden Session. “Aliás, pude ver isso quando lá actuei, não como cabeça de cartaz, mas como parte da banda que acompanhou o Deodato Siquir, numa das edições, no ano passado. Uma coisa interessante é que há sempre quem vai pela primeira vez e há fãs que sempre se desafiam a conhecer novos lugares, essa é a parte interessante”, disse Bhaka Yafole.

A propósito de Deodato Siquir, o músico e instrumentista, que viveu vários anos na Escandinávia, vai acompanhar Bhaka Yafole na bateria. Na viola-baixo, estará Lela’s; na guitarra, Roberto Chitsandzo Jr.; nos teclados, Tonecas. “Com a excepção do baterista, os restantes são músicos de uma nova geração, que trazem uma proposta interessante na forma de executar os seus instrumentos”, reforçou.

O concerto de Bhaka Yafole vai durar aproximadamente uma hora, sem paragem, e será uma oportunidade de se poder sentir como será o clima do seu álbum, que vai sair brevemente, “e de também assistir a actuação da talentosa Tchakaze”.

 

Sobre o músico

Bhaka Yafole é um artista versátil. Fez parte do Dynamic Youth Choir, um dos maiores grupos de música gospel de Maputo, a convite do músico e maestro Alfa Thulana. Anos depois, fez parte do Clave de Soul e Aquário Soul, dois movimentos multidisciplinares que influenciaram a cena cultural da capital moçambicana, nos finais da primeira década de 2000. Pelos grupos passaram Miguel Xabindza, Hawaiuu, Nelson Nhanchúngue, Elcides Carlos e Muzila.

A partir de 2009, decide criar os projectos Bhaka Yafole Trio e Quarteto, nos quais canta e toca piano. A sua música é muito influenciada pelos ritmos e línguas moçambicanas e, algumas vezes, em fusão com outros estilos musicais.

Em 2020, esteve no Rio de Janeiro, onde participou de uma residência artística. O resultado foi a produção de um musical em homenagem à Ágata Félix, uma criança que foi morta por uma bala perdida no Complexo do Alemão, Rio de Janeiro.

Neste momento, encontra-se em fase de finalização do seu primeiro álbum de originais, um trabalho que tem a participação de músicos de Moçambique, França, África do Sul e Brasil.

Esta quinta-feira, às 17h30, a Editorial Fundza vai lançar o livro “Poemas do Breve”, da autoria de Lex Mucache. O evento terá lugar no Instituto Guimarães Rosa, na Cidade de Maputo.
A obra de Lex Mucache é um conjunto de 33 poemas, cuja produção foi inspirada num universo luminoso, que fascina o autor desde a tenra idade.

“Desde pequeno, fascinou-me tudo o que existe e nos rodeia, incluindo o próprio ser humano, que é, a meu ver, a razão de tudo o que existe — se não é para ser admirado pelo homem, por que razão então o universo está aqui?”, reforça o poeta, no comunicado de imprensa da Editorial Fundza.

“Poemas do breve” é a primeira incursão poética de Lex Mucache, depois de ter iniciado o seu percurso literário na prosa, com um livro de contos, seguido por um romance. Mas sempre, segundo o autor, se interessou pela escrita de versos e pela combinação rítmica e estética de palavras”.

Justificando a escolha do título para a sua obra, o autor esclarece que a escrita do livro “foi muito diferente do exercício árduo que muitos escritores referem, quando falam do labor de redigir textos”.

“Poemas do breve” é um dos livros seleccionados na terceira chamada literária da Editorial Fundza, uma iniciativa que tem vindo a revelar novas vozes na literatura moçambicana. Desde 2022, já foram publicados mais de 40 novos autores de todo o país.

Lex Mucache é pseudónimo de Heráclito Mucache, nascido na cidade de Maputo, a 9 de Novembro de 1980. É mestre em Ciências de Educação. É professor e desenvolve actividades de leitura e escrita nas escolas. Publicou, em 2020, o livro de contos “Asas decepadas”, obra finalista do prémio 10 de Novembro. Em 2022, publicou o romance “Encontro em Rosebank”, livro finalista na 1ª edição do Prémio Literário Mia Couto.

 

 

 

Os actos de violência praticados contra a escritora Paulina Chiziane, e sua equipa de trabalho, “são intoleráveis” para Mia Couto.

Reagindo à situação, esta terça-feira, o escritor disse, através de um vídeo partilhado com a redacção deste jornal, que actos de géneros não devem ser praticados em Moçambique, independentemente de quem for e quem seja.

Quem também reagiu ao caso de agressão, envolvendo a escritora que foi galardoada com o Prémio Camões (2021), e, no ano seguinte, com Honoris Casusa (2022), foi a Associação dos Escritores Moçambicanos, através de um comunicado divulgado esta terça-feira.

“A Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO) repudia veementemente a intolerância social demonstrada pela Igreja Divina Esperança, manifesta no dia 28 de Julho de 2024, contra a equipa de trabalho da escritora Paulina Chiziane, com o agravo de prática de actos de sévica e confisco criminoso de bens da escritora”, lê-se na nota de imprensa.

Para a associação, foi um acto que ameaça à liberdade de criação artística e o exercício dos direitos sociais e de cidadania.

“Entendemos, assim, que tais actos contraditórios a qualquer postura religisosa e cívica, constituem uma indadmissível ameaça à liberadade de criação artística e a ao exercício dos direitos sociais e de cidadania consagrados pela Constituição da República”.

Para obter esclarecimentos sobre os desenvolvimentos legais do caso, o jornal “O País” contactou a Polícia da República de Moçambique, através da sua porta-voz, Carlminha Leite, que confirmou a agressão e garantiu que o proceeso foi submetido ao ministério público.

Às 14h30 desta quarta-feira, na Biblioteca Ponto de Encontro-Sagrada Família, em Quelimane, a Editorial Fundza vai lançar a obra “Tocar o Ser”, livro de estreia da poetisa Sánia Iacuti.

Com 51 páginas, é um conjunto de 38 poemas introspectivos que versam, entre outros temas, sobre o amor, a dor, o prazer e o sonho.

Numa nota publicada na contracapa do livro, afirma-se que o seu “conteúdo é tecido a partir do mesmo material, do mesmo fio, da emblemática frase de Browning (o alcance de um homem vai além do que se pode agarrar), aprofundando, assim, o amor, a dor, a vida e o sentimento, tendo em conta, unicamente, um ser humano que pretende tocar-se a si mesmo do interior para o exterior e vice-versa”, lê-se na nota de imprensa da Editorial Fundza.

Em Quelimane, o livro será apresentado pelo pesquisador e docente universitário Pedro Napido. O Clube de Leitura de Quelimane, que co-organiza o evento, fará uma animação de leitura.

“Tocar o Ser” é uma das obras seleccionadas na terceira chamada literária da Editorial Fundza, uma iniciativa que tem vindo a revelar novas vozes na literatura moçambicana. Desde 2022, já foram publicados mais de 40 novos autores de todo o país.

Sánia Iacuti nasceu em Nampula (Eráti), a 11de Junho de 1993. É licenciada em Ensino de Química, com habilitações em Ensino de Biologia, pela Universidade Pedagógica. Foi mencionada no XXXV Prémio Internacional de Poesia Nósside, 2020.

Na próxima quinta-feira, às 17 horas, no anfiteatro do edifício-sede do BCI, na Cidade de Maputo, será lançado o livro “A nossa história em Chimoio: ERA, IMA, IAC”, da autoria de Dalila Torre do Vale, Hélder Muteia, Marina Canotilho, Maria Regina Cruz, Rafael Uaiene, Francisco Jovo e Domingos Diogo.

O livro organizado pelos ex-estudantes do Instituto Médio Agrário (IMA/IAC), lê-se na nota da Gala Gala, é um livro-depoimento que oferece uma janela para a alma vibrante da Cidade de Chimoio, explorando as vivências e memórias dos ex-estudantes, professores e dirigentes daquela instituição de ensino nos anos de 1977 e 1982.

“A Nossa História em Chimoio” é mais do que um livro; é um testemunho poderoso das experiências e desafios enfrentados por uma geração em tempos de mudança, no contexto do alinhamento educacional lançado a 8 de Março de 1977, com o intuito de formar quadros nos campos da agricultura, pecuária, silvicultura e mecanização pelo Estado moçambicano. Por meio de narrativas pessoais e colectivas, a obra capta a essência de um período crucial na história moçambicana, retratando não apenas a evolução educativa e social, mas também o espírito comunitário e a resistência cultural que definiram a época”, lê-se na mesma nota de imprensa da Gala Gala.

O livro, que conta com o prefácio do escritor e ex-estudante do IMA/IAC Hélder Muteia, está estruturado em 29 capítulos, contém 348 páginas, sendo acompanhado por um álbum de fotografias que ilustram alguns momentos marcantes do passado e do presente dos ex-estudantes.

Para Muteia, citado na mesma nota de imprensa, “em Chimoio, particularmente entre os anos 1977 e 1982, que corresponde ao grupo que respondeu ao primeiro chamamento […], nasceu a consciência de que algo de muito especial se passou naquele lugar”, algo que “merecia ser partilhado em forma de livro, de modo a eternizar a magia dessa história”, escreve na apresentação do livro.

A cerimónia de lançamento é aberta ao público e contará com a participação dos autores e comentários de Virgílio Mateus, Zuber Ahmed, João Zamissa, José M. Mota Cardoso, Maria dos Anjos do Rosário, Mety Gondola e Graça Machel.

O livro é lançado pela Gala-Gala Edições e é o segundo título da colecção Individualidades e Espaços.

A Associação Kulungwana (Moçambique) e a Associação Zé dos Bois (Portugal) apresentam, em parceria com o Museu Nacional de Arte, o Camões – Centro Cultural Português e o Instituto Guimarães Rosa, em Maputo, Nanquim Preto sobre fundo branco, uma exposição individual do artista João Ayres (1921-2001).

O comunicado de imprensa sobre a exposição avança que a inauguração terá lugar próxima quarta-feira, às 17h30, com início na Galeria Kulungwana, e continuidade nos outros espaços culturais envolvidos, nomeadamente no MUSART, no Instituto Guimarães Rosa e no Camões, onde encerra às 20h30, disponibilizando ao público, na mesma noite, uma visita geral a esta mostra inédita conjunta.

Nanquim preto sobre fundo branco conta com a curadoria de Natxo Checa (Portugal) e Alda Costa (Moçambique), ocupa os quatro espaços parceiros em simultâneo e é composta por um conjunto alargado de pinturas e desenhos, produzidos por João Ayres, entre 1947 e 1970, em Maputo.

A exposição apresenta e propõe olhar para as três primeiras décadas de produção artística de João Ayres, repondo a sua importância histórica e artística como precursor do Modernismo em Moçambique. É um regresso à casa mãe, ao território de produção de obras, cujo carácter apresenta pontos de convergência com as correntes intercontinentais vigentes na época (África do Sul, Brasil, Portugal, Moçambique).

Depois de décadas esquecido, tanto em Moçambique como em Portugal, e após uma primeira bem sucedida mostra em Lisboa (2022/2023), na Galeria Zé dos Bois, onde se expôs pintura e desenho que recolhia a primeira década de produção moçambicana do artista (1946-1957), é chegado o momento de uma apresentação mais alargada da obra de João Ayres, que devolve ao público de Maputo, após mais de 50 anos, a oportunidade de tomar contacto, de fruir e de valorizar o trabalho extraordinário de raiz africana que passa pelo neorrealismo, o concretismo e o expressionismo, ora figurativo ora abstracto.

Ao longo dos quatro momentos/espaços da exposição, pode-se constatar, entre outros: – corpos em esforço e lamento nas contrariedades da condição humana – com destaque para as pinturas do Cais Gorjão nos anos 40; uma série de pinturas e desenhos neoexpressionistas, do início dos anos 50, concebidos para serem mostrados no Museu de Arte Moderna de São Paulo, a convite do mecenas das artes Ciccillo Matarazzo, e na galeria do Ministério da Educação e Cultura do Rio de Janeiro, a convite de personalidades das artes; uma série de desenhos a tinta-da-china da corrente concretista, em que o artista deixa de representar uma condição que lhe é alheia e passa à abstração pura; uma série de trabalhos produzidos após o regresso de João Ayres do Brasil, em meados da década de 50, até aos anos 70, parte deles da colecção do Museu Nacional de Arte, que variam entre pintura sobre cartão e tinta-da-china sobre papel, onde reconhecemos figuras, corpos, caras, máscaras, cores e formas, que nos remetem indubitavelmente à sua vivência local moçambicana.

A programação complementar a esta exposição é composta por uma sessão de exibição do filme João Ayres, Pintor Independente (2022), de Diogo Varela Silva, por visitas guiadas, entre outras actividades.

A exposição Nanquim preto sobre fundo branco é uma mostra produzida pela Associação Zé dos Bois e a Associação Kulungwana, em parceria com o Museu Nacional de Arte, o Camões – Centro Cultural Português e o Instituto Guimarães Rosa, e conta com o apoio da Direcção-Geral das Artes de Portugal (DGArtes), Sociedade de Desenvolvimento do Porto de Maputo (MPDC) e da Embaixada da Noruega em Maputo. Tem entrada livre (à excepção do Museu Nacional de Arte, onde se aplicam as condições de acesso em vigor) e fica patente até dia 27 de Setembro de 2024.

Sobre João Ayres (1921-2001)

Nasceu em Lisboa, em 1921. Estudou arquitectura na Escola de Belas Artes de Lisboa e Porto.

Em 1944 integra o II salão “Independentes” (exposição colectiva onde, entre outros, participam Fernando Lanhas, Nadir Afonso e Júlio Resende) no Coliseu do Porto, e a exposição Anual da Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa.

Em 1946, João Ayres muda-se para Moçambique, onde se encontrava o pai, o pintor naturalista Frederico Ayres, como professor na Escola Técnica da ex-Lourenço Marques. Em Moçambique exerceu, para além da actividade de pintor, com exposições na África do Sul e Brasil, outras actividades, nos Serviços de Obras Públicas, nos Serviços de Instrução Pública/Ensino Técnico, onde foi professor e, paralelamente, orientou cursos de pintura e desenho no Núcleo de Arte em diferentes períodos, tendo influenciado e contribuído para a formação de artistas como António Bronze, José Júlio, Malangatana, entre outros.

Expõe, pela primeira vez, com o pai, o pintor Frederico Ayres, em 1947. Realiza a sua primeira exposição individual em 1949, promovida pelo Núcleo de Arte, onde expõe as primeiras telas neorrealistas. Continua a expor colectiva e individualmente nos anos que se seguem, destacando-se as exposições individuais no Museu de Arte Moderna de São Paulo (1955); na Voster’s Gallery, em Pretória (1961); no Left Bank Galleries, em Joanesburgo (1965); na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa (1981).

A obra de João Ayres está representada em diversas colecções privadas e públicas, destacando-se a Fundação Calouste Gulbenkian, o Museu Grão Vasco (Viseu), o Museu Nacional de Arte (Maputo), e o Museu de Arte Moderna de São Paulo.

+ LIDAS

Siga nos