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O escritor e ensaísta Lucílio Manjate é um dos quatro seleccionados para participar no primeiro Programa de apoio a Residências Literárias do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), na cidade de Lisboa, em Portugal.

Numa lista constituída por 35 candidaturas validadas, o projecto do autor de Rabhia ou A triste história de Barcolino, intitulado “O alfaiate de Lisboa”, foi seleccionado com base na originalidade e interesse cultural do projecto em termos de ligação que perspectiva entre os espaços sócio-culturais de Moçambique e Portugal. 

O projecto pretende recolher e cruzar informação sobre a alfaiataria lisboeta da década de 1970 e usá-la na construção de duas personagens de ficção narrativa a inserir na obra As Canções de Arbelo e Aimunda

Para o escritor e ensaísta, o programa de residências do IILP será importante porque “para além do contacto com o universo da alfaiataria lisboeta, vai permitir outro tipo de contactos, com escritores e entidades ligadas à promoção da língua, cultura e literatura na CPLP. Essa troca de experiências será, seguramente, enriquecedora para o meu projecto e para a minha carreira”.

Com a iniciativa, o IILP pretende contribuir para a circulação de escritores dos países e regiões de língua portuguesa e, assim, contribuir para aproximar a criação literária em língua portuguesa aos diversos contextos socioculturais da CPLP e contribuir ainda para um maior conhecimento das literaturas nacionais nos diferentes países.

Além de Lucílio Manjate, foram seleccionados outros três beneficiários, nomeadamente: lldo José Rocha (de Cabo Verde, vai participar numa residência literária em Portugal); Angélica Macedo Lozano Lima (do Brasil, vai participar em Portugal); e Rita de Eça Cabral Canas Mendes (de Portugal, vai participar numa residência em Moçambique).

A residência de criação Literária tem a duração de um mês. 

Intitulada “O Domador de Medos”, esta é mais uma obra dirigida ao público infanto-juvenil. Porém, embora seja uma fábula para crianças, a obra contém uma mensagem inspiradora para todos aqueles que sentem medo, independentemente da sua idade. 

A história decorre entre três inimigos fidalgais que, a dado momento das suas vidas, se questionam porque é que têm medo uns dos outros, e se perseguem irracionalmente desde há gerações: um rato, um gato e um cão.

Carlos dos Santos entende que esta é uma pergunta que “todos nós nos devemos fazer em relação aos medos que sentimos. Porque uma cabeça cheia de medos não tem espaço para sonhos”. O autor recorre a António Gedeão para recordar que “sempre que um homem sonha, o mundo pula e avança”. 

O livro, com 64 páginas, é uma edição da Plural Editores e conta com ilustrações de Fernando Hugo Fernandes.

Carlos dos Santos é autor de várias outras obras destinadas ao público infanto-juvenil.

A coleção, que apresenta 7 pinturas e poemas, é um esforço deliberado para sensibilizar e suscitar debates sobre questões cruciais relacionadas com a igualdade de género e os direitos humanos.

A peça central apresenta a Malala Yousafzai, activista paquistanesa dos direitos das raparigas, acompanhada por 6 pinturas que apresentam outras figuras.

Minna Pietarinen é uma artista finlandesa, cujas obras hábeis e emotivas apresentam mulheres inspiradoras que quebraram limites e catalisaram a mudança global, representando diversas culturas e defendendo diferentes direitos humanos declarados pela ONU. 

Nos seus empreendimentos artísticos, Minna Pietarinen presta consistentemente homenagem aos campeões locais da igualdade de género, utilizando o seu talento para destacar indivíduos que deram passos significativos na promoção da igualdade de género. 

Em Moçambique, a artista captou habilmente a essência de duas formidáveis pugilistas, Alcinda Panguana e Rady Gramane, ambas vencedoras da medalha de ouro no Campeonato Africano de Boxe de 2022. 

Através da sua pintura vibrante e poderosa, a Pietarinen destaca o direito fundamental à igualdade de género no desporto, celebrando as realizações destas mulheres notáveis que quebraram barreiras e desafiaram estereótipos no mundo do boxe, dominado pelos homens.

A exposição “I was born a girl” teve um sucesso significativo pelos lugares que esteve patente. Durante cinco meses no México em 2023, a exposição atraiu 26 mil visitantes. Depois do México, a exposição estreou-se na Finlândia, com a participação de 7 mil líderes empresariais, incluindo a activista Malala Yousafzai, no Fórum Empresarial Nórdico. 

Posteriormente, a exposição esteve aberta ao público em geral na Finlândia durante 3 meses. A exposição está agora a viajar para a África Austral (Pretória, Lusaka e Maputo) para eventos relacionados com o Dia Internacional da Mulher em Março de 2024, organizados pelas respectivas embaixadas finlandesas. 

No futuro, a exposição será levada aos Estados Unidos e à América Latina, estando também a ser planeado que chegue a outros países da Europa e da Ásia.

A exposição “I was born a girl” estará patente na Fundação Fernando Leite Couto de 8 de Março a 7 de Abril.

Uma delegação de Moçambique, chefiada pela ministra da Cultura e Turismo, Eldevina Materula, encontra-se em Lisboa, onde participou na Bolsa de Turismo de Lisboa 2024-BTL, a maior feira de turismo de Portugal. 

No dia de abertura, o Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, fez uma visita oficial à BTL, onde percorreu vários pavilhões, passando por dezenas de stands e marcando assim a abertura do evento que vai durar cinco dias.

A ministra da Cultura e Turismo, Eldevina Materula, acompanhou o presidente português no seu percurso, que passou pelo stand de Moçambique, onde foi recebido pela delegação composta por 12 empresas e instituições nacionais que representam o sector público e privado. 

Eldevina Materula disse que, com a participação, Moçambique pretende estender os seus contactos com o mundo, ao nível do turismo, estabelecer negócios e promover o Programa de Medidas de Aceleração Económica (PAE), que contempla a isenção de vistos para 29 países, incluindo Portugal. O país anfitrião do evento é o maior fornecedor de turistas europeus a Moçambique.

BTL é um evento anual que dedica os três primeiros dias aos profissionais e os restantes dois ao público em geral.

Para o público profissional, a Bolsa de Turismo de Lisboa, permite dinamizar a rede de parceiros de negócio na área do turismo e constitui uma oportunidade para encontrar compradores profissionais assim como conhecer a concorrência, analisar as tendências do mercado e posicionar a sua oferta de forma inovadora e competitiva. Para o público, constitui uma forma de conhecer novos destinos e soluções e comprar a preços altamente competitivos.  

Este pedido do público de Assa Matusse pode se concretizar dado que a cantora disse estar a estudar possíveis colaborações com seus colegas nacionais. A cantora uniu, assim, o útil ao agradável, pois brindou ontem à noite o seu público com um concerto intitulado Mutcangana.

Não podia ser menos do que foi. Mesmo depois de muito tempo longe da terra natal, a menina do bairro não perdeu a sua essência. Mutcangana de etnia, Assa Matusse  elevou todas as etnias do país no seu concerto, sexta-feira à noite.

Houve luzes, som alto, mas foi só ao som da contagiante energia de Assa que o público, de várias partes do país, vibrou muito.

“Vim da cidade da Beira, cheguei hoje mesmo. A Assa em palco é sempre espetacular, sempre traz novodades”, disse uma espectadora.

A casa, ou melhor, o Centro Cultural Moçambique-China esteve cheio e teve uma noite, como nenhuma outra.

No cair do pano, fim do espetáculo, o público só tinha um pedido para a cantora “ Que ela volte mais vezes”.

Depois da actuação, Assa Matusse, que considerava o concerto uma dívida, falou de dívida paga.

“Senti muita energia do público. Acho que foi um show que vai ficar na minha memória”, afirmou o artista.

Sobre o pedido dos seus fãs, a cantora diz que “Depende muito da vossa demanda aqui. É preciso que Moçambique me queira de volta, mas se depender de mim eu posso voltar solo, mais uma vez, mas é preciso que haja demanda dos outros produceres”, declarou.

Assa Matusse vive em Paris, França, e revela que está em Moçambique também para estudar novas colaborações.

“Há muito trabalho pela frente, coisas novas que vem. era preciso antes fazer esta pesquisa antes de começar a trabalhar e ficar trancada, no estúdio”, explicou.

No “menu” do concerto de Assa e Deltino Guerreiro contribuiu com participação na música, que tem em comum, “Rokotxi”.

Apesar de não ser a primeira vez que actuam juntos, Deltino considera que desta vez foi “ épico, incrível, o público… estou sem palavras”, disse o músico.

Por outro lado, a artista e o músico renomado Antonio Marcos dividiram o palco pela primeira vez, momento que considerou o espetáculo “Esplêndido” e acrescentou que “foi uma grande honra ser convidado pela Assa Matusse”.

O Centro Cultural Moçambique-China teve uma noite, como nenhuma outra. Mesmo depois de encerrar as portas, o público continuava a festejar o regresso da “Mutchanga” do lado de fora do edifício.

A Ilha de Zanzibar, na Tanzânia, acolheu de 9 a 11 de fevereiro, a 21.ª edição do Festival Sauti za Busara. O evento, um dos mais renomados do continente, reuniu mais de 400 artistas e 25 bandas africanas com performances ao vivo.

Stewart Sukuma e Banda NKhuvu tiveram a responsabilidade de encerrar a presente edição do festival, em meio a expectativas e curiosidades de uma audiência oriunda de diversos quadrantes do mundo. Aliás, já é uma tradição a mescla de público que todos os anos alia turismo e arte na umbrela do Sauti za Busara.

Stewart Sukuma & Banda NKhuvu protagonizaram uma das melhores performances do festival, fazendo uma resenha de sons tradicionais e modernos, com claras influências de Moçambique e do mundo.
“A fusão dos estilos tradicionais moçambicanos, Jazz e Afropop interpretada por Stewart Sukuma e Banda Nkuhvu elevou-nos a todos”, assim descreveu a direção do Festival Sauti za Busara em mensagem de reconhecimento e agradecimento a Sukuama e sua colectivo.

A energia, a abordagem musical e toda uma estética de palco conquistaram o coração da plateia que dançou e cantou as canções de Stewart Sukuma e Banda Nkuhvu desde o princípio ao fim do show.

A actuação de Stewart Sukuma no Sauti za Busara faz parte do conjunto de actividades que integram as celebrações dos 40 anos de carreira, que compreendem a presença em grandes palcos internacionais. E Sukuma confirmou, mais uma vez, a maturidade inquestionável, a maturidade e criatividade de um artista actual e atento aos sinais ou as tendências da arte em África.

Sukuma actuou no palco principal do Sauti za Busara, destinado aos maiores artistas africanos. Este facto confirma um lugar que já há anos Lusi Pereira, mais conhecido por Stewart Sukuma, alcançou com mérito e valência.

O Centro Cultural Português, em Maputo, volta a abrir as portas do seu acervo artístico. Uma nova exposição de colectânea de obras acontece 10 anos depois da última mostra e estará patente até 22 de Março.

“Sinais” é o título da exposição do acervo de arte do Centro Cultural Português em Maputo, que apresenta 33 obras, que se distribuem em núcleos, de acordo com técnicas utilizadas pelos artistas. Entre eles, Sónia Sultuane,Ídasse e Pekiwa.

A última mostra foi em 2014, por isso, 10 anos depois, os artistas falam de um regresso ao passado cheio de boas memórias.

A exposição junta artistas de diferentes meios de expressão, nomeadamente pintura, escultura, desenho, gravura, serigrafia, fotografia, cerâmica, audiovisual e instalação.

Fotografia para tornar o momento ainda mais memorável, um olhar atento pelas linhas do tempo, a noite foi nostálgica para os artistas que tiveram um encontro com as técnicas que marcaram, em muitos casos, o início de suas carreiras.

Os artistas e activistas socioculturais moçambicanos, Moreira Chonguiça (saxofonista) e Paulina Chiziane (escritora), estão nos Estados Unidos da América, onde vão participar de diversos programas  de celebração da literatura e música moçambicanas.

Denominado Living, o programa terá o seu ponto mais alto no dia 28 de Fevereiro corrente, no campus principal da Universidade de Georgetown. 

“É sempre uma honra poder falar do nosso país em outros quadrantes do mundo. Durante uns tempos estávamos a consumir o que é dos outros. Entretanto, nós temos o nosso turismo, a nossa Literatura, a nossa música, gastronomia e outras valências e potencialidades como país. Creio que são essas sinergias que mostram o quanto Moçambique tem a oferecer ao mundo”, disse Moreira Chonguiça.

Moreira Chonguiça é saxofonista, músico de jazz, produtor, compositor e influenciador cultural moçambicano. Chonguiça iniciou o seu percurso musical em Maputo, Moçambique, onde começou a estudar na Escola Nacional de Música (ENM).

 Após os seus estudos em Maputo, continuou os seus estudos na Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul. Com o seu público global, Chonguiça orgulha-se de partilhar o seu som africano com o mundo em geral.

O seu álbum mais recente, Sounds of Peace, lançado em Novembro de 2022, baseia-se em influências ocidentais e africanas, ao mesmo tempo que representa a herança cultural única de Moçambique através de temas musicais indígenas e canções cantadas nas línguas locais, incluindo Makhuwa, Makonde e Changana.

Chonguiça foi duas vezes nomeado para Melhor Álbum Africano nos African Global Music Awards e ganhou um prémio com o mesmo nome nos Just Plain Folks Music Awards pelo seu MP Reloaded de 2013.

Paulina Chiziane é membro do grupo Chope do Sul de Moçambique. Tendo nascido na província de Gaza, em Moçambique, em 1955, Chiziane viveu tanto a guerra colonial de independência de Moçambique como a sua subsequente guerra civil, um tema que informa grande parte da sua escrita.

Além disso, os direitos e o tratamento das mulheres na sociedade moçambicana são frequentemente abordados no seu trabalho. Ao publicar a sua primeira obra, Balada de Amor ao Vento, em 1990, tornou-se a primeira mulher a publicar um livro em Moçambique independente.

Em 2021, Chiziane tornou-se a primeira mulher africana a ganhar o prestigiado prémio Camões, a maior honraria para escritores lusófonos. Uma tradução para o inglês de O Alegre Canto da Perdiz será lançada ainda este ano.

A Gala-Gala Edições lança no próximo 22 de Fevereiro, às 17:30h, no auditório do BCI-sede, em Maputo, o livro “Moçambiquero-te: Literaturas, culturas e outros textos”, da Profa. Doutora Sara Jona Laisse. O livro, o quarto volume da “Colecção Nossa gente, nossas línguas”, é composto por três partes e possui 246 páginas.

Em “Moçambiquero-te”, Sara Jona Laisse estuda textos literários de diversos autores moçambicanos, tanto da geração mais velha quanto de novos literatos. Entre os livros analisados constam criações de escritores como Calane da Silva, Adelino Timóteo, Eduardo White, Almiro Lobo, Álvaro Fausto Taruma, Énia Lipanga e Alexandre Dunduro.

Sara Jona Laisse explica que o livro contém textos anteriormente publicados em revistas, assim como capítulos de livros e comunicações. Para a autora, a obra é um convite de regresso, revelando assim o seu desejo de pensar Moçambique, de modo que empresta a expressão “Moçambiquero-te” ao poeta Gulamo Khan, do livro “Moçambicanto”: “porque eu quero Moçambique”, disse.

O lançamento de “Moçambiquero-te: Literaturas, culturas e outros textos” decorrerá no dia 22 de Fevereiro, às 17:30h, no auditório do BCI-sede, em Maputo. A apresentação estará a cargo do professor Aurélio Ginja. Além disso, o sarau de apresentação contará com a participação especial da actriz e declamadora Lucrécia Paco, bem como do compositor e letrista D’Manyissa.

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