A actual crise energética no mundo é uma oportunidade para Moçambique e o continente africano aumentarem exportações de recursos naturais. A possibilidade foi avançada, hoje, em Maputo, pelo Instituto Nacional de Petróleo, durante a Conferência sobre a Transição Energética.
Moçambique detém um potencial considerável em recursos energéticos e, segundo o Instituto Nacional de Petróleo, pode tornar-se num dos principais geradores de energia limpa com a crise energética a que se assiste no mundo.
O responsável pela administração e promoção das operações petrolíferas a nível nacional sustenta que o país se encontra numa localização privilegiada para exportação de recursos para mercados europeus e asiáticos, bem como para os países da interland, da SADC.
“A actual crise energética mundial, que inclui a crescente demanda do mercado europeu por recursos energéticos e também os esforços da Ásia para fazer face àquilo que é volatilidade dos preços em relação aos mesmos, poderá criar oportunidades para os recursos energéticos provenientes de África e de Moçambique, em particular”, afirmou a representante do Instituto Nacional de Petróleo.
Refira-se que Moçambique é frequentemente afectado pelas mudanças climáticas, por isso as autoridades governamentais falam da necessidade de massificar o uso de energias de transição. A Direcção Nacional de Energias Renováveis espera, ainda, que a taxa de acesso à energia, até 2024, seja de 64%.
“Teremos uma boa contribuição da participação das energias renováveis, participação esta que é garantida pelas novas centrais de geração que injectam a energia na rede que também é garantida pela electrificação fora da rede através das mini-redes, sistemas solares residenciais feitos com recursos fotovoltaicos”, explicou Marcelina Mataveia, directora nacional-adjunta de Energia do Ministério dos Recursos Minerais e Energia.
Para a Câmara de Energia de Moçambique, é necessário agir para garantir a transição energética segura e combater as mudanças climáticas.
“Nós temos que começar a pensar em maneiras de descarbonizar a economia. Isso quer dizer que vamos parar com a produção de carvão, a pouco que ainda existe, quer dizer que temos de repensar a produção do gás, embora se tenha decidido que gás é uma energia de transição, mas não eterna. Temos que pensar o que a transição no seu verdadeiro sentido representa para Moçambique”, apelou Florival Mucave, presidente da Câmara de Energia de Moçambique.
A estratégia de electrificação em Moçambique foi aprovada em 2018 e tem como principal objectivo o acesso universal até 2030.
Os intervenientes falavam, esta quarta-feira, durante a Conferência sobre a Transição Energética, organizada pela Câmara de Energias de Moçambique.