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Criminosos roubam viatura, assassinam motorista e ocultam cadáver

Seis pessoas roubaram uma viatura na cidade de Nampula, assassinaram o motorista e deixaram o corpo numa mata na vizinha província do Niassa. A família está inconsolável. O malogrado, de 34 anos de idade, tinha duas esposas e seis filhos.

Um latrocínio (roubo seguido de assassinato) que tem o agravante dos criminosos terem tentado ocultar o cadáver, ao deixar a cidade de Nampula (local do crime), para o distrito de Mecanhelas na província do Niassa, onde despojaram o corpo numa mata. Segundo informações do médico legista que fez a perícia, citado pelo Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) em Nampula, o corpo apresentava uma lesão na cabeça e numa das pernas, para além de hematomas em várias partes do corpo, sinal de violência empregue durante o cometimento do crime.

O malogrado tinha 34 anos de idade. O caso deu-se no dia 13 de Março findo, na província de Nampula, quando um grupo de quatro homens faz-se passar por clientes, simulou aluguer de uma viatura com o respectivo motorista tendo alegado um trabalho de campo no distrito de Malema/Nampula.

O dono da viatura, que preferiu falar em anonimato, explicou à nossa reportagem que no mês passado perdeu dois carros de marca Toyola, modelo Hilux, dupla cabine, mas o último caso foi particularmente chocante, quando ao fim de dois dias sem nenhuma informação chegou-lhe a triste notícia: “entramos em contacto com a Polícia que começou a investigar e culminou com esta descoberta de que afinal de contas era um gang que levou a viatura e assassinou o motorista”.

O pai da vítima está inconsolável. Encontrámo-lo em casa do finado, arredores da cidade de Nampula, aos choros pela forma trágica como perdeu o filho varão, sem sequer ter tido a oportunidade de o despedir. “Não tenho nada a falar!”, abreviou.

O jovem motorista tinha duas esposas e seis filhos. a criança mais velha tem 11 anos e a mais nova tem apenas cinco meses de vida. Todos estão desalados. Pior porque a família não tem acesso ao corpo do seu ente-querido, uma vez que, primeiro foi sepultado pela população no local onde foi encontrado e depois de exumado para perícia foi sepultado num cemitério local, devidamente identificado e só depois de terminar a decomposição é que se pode transladar as ossadas.

“Queremos que a justiça seja feita”, sentenciou Ricardina Saíde, uma das esposas do malogrado.

À entrada do quintal, esta gaiola com um pássaro colorido – uma das lembranças do finado, que comprou numa das viagens de campo.

Quando a nossa equipa de reportagem saía da primeira casa, a segunda esposa estava a chegar, com outros dois filhos menores. Mariamo Hamisse foi a última a se despedir do marido.

O Serviço Nacional de Investigação Criminal foi determinante para a descoberta da verdade dos factos. Até aqui foram detidos quatro pessoas: três em Nampula, um em Manica.

Um dos indiciados disse que ao longo da viagem da cidade de Nampula para Malema o grupo anunciou uma paragem para urinar e enquanto alguns estavam foro, os que permaneciam no interior do veículo imobilizado surpreenderam o motorista com golpes e acabaram com a sua vida. “Depois de mijar, o outro pega no motorista no pescoço. O outro saiu a correr de onde estava a mijar e vejo lhe pegar. Dali, o outro lhe tirou da cadeira, levou a chave e começou a conduzir”.

Enina Laura Tsinine, sub-inspector do SERNIC em Nampula, disse que “era um grupo de seis. Até agora tenho a informar que foram neutralizados quatro: três estão cá na primeira esquadra em Nampula e um foi detido em Chimoio onde a viatura em causa foi vendida, ainda em diligência para a sua recuperação”.
 

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