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José Castiano entende não ser possível reabilitar escolas em três meses

O vice-reitor da Universidade Pedagógica de Maputo (UP – Maputo), José Castiano, entende que não é possível reabilitar as escolas do país em três meses. O académico diz ser necessário que o país se adapte ao novo normal, e que o ano lectivo não seja anulado.

As instituições de ensino no país tentam a todo custo providenciar condições necessárias para o retorno às aulas presenciais, embora as datas ainda não estejam definidas. O Governo assegura que consegue disponibilizar as condições de saneamento, em três meses, o que para o académico José Castiano não é possível.

“Não é possível. Eu não acredito que em três meses podemos garantir todas as condições nas escolas, principalmente nas primárias e algumas secundárias, como vimos e acompanhamos”, disse Castiano ao “O País”.

O vice-reitor da UP- Maputo afirma ser necessário que o país se adapte ao “novo normal” devido ao Coronavírus, o que também, no seu entender, significa não anular o ano lectivo.

“Eu não estaria a favor da interrupção do ano lectivo em si”, expressou, tendo sugerido que “temos a possibilidade de estender o ano lectivo até Dezembro ou Janeiro”.

Ainda sobre o ano lectivo, o académico disse entender também que a sua anulação pode configurar-se na destruição de muitos projectos, “porque interromper o ano lectivo são vidas e projectos que podem ser destruídos, em tanta gente que tinha diversos planos”, disse o filósofo, em proposta aos moçambicanos à nova normalidade.

“A nova normalidade é viver com COVID-19”, declarou, sublinhando que isso não implica ignorância às medidas de higiene e prevenção.

Para Castiano, o Coronavírus revelou fragilidades que o país tem em diversos sectores determinantes, o que deve servir de lições. Castiano elencou algumas como é o caso da fraca massificação das Tecnologias de Informação e Comunicação no ensino, bem como a desigualdade no acesso ao ensino no país.

“A preparação para a entrada na era digital foi atrasada, tal é o caso do ensino online, que em muitos outros países já avançou. E, em segundo lugar, esta pandemia veio colocar a nu as desigualdades no acesso ao ensino”, disse o filósofo, que ilustrou: “se você for em uma instituição de ensino privada e em outra pública, digo, em muitas delas, vai conseguir ver a diferença nas condições. E quando houver a abertura das aulas presenciais, os que têm menos condições vão continuar a se debater com questões mínimas como sanitárias, por exemplo, o que pode afectar o processo de ensino” afirmou.

Lembrem-se que a data para o retorno faseado às aulas estava marcado para 27 de Julho corrente, tendo sido feito o adiamento da mesma até que as condições sejam criadas. E Governo fala de 3.5 mil milhões de meticais disponíveis para tal.

 

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