Depois de dois anos sem festa de 1 de Junho no Hospital Central de Maputo, as celebrações voltaram a alegrar as crianças internadas naquela unidade sanitária. Os petizes tomaram a palavra e pediram paz e calar de armas no Norte do país.
No Hospital Central de Maputo, o dia começou colorido. A decoração a Arco-íris foi escolhida a dedo com o propósito de condizer com as festividades do Dia Internacional da Criança. Quebrou-se o protocolo e os petizes fizeram o discurso de abertura.
Em representação do grupo, Aime Alcina fez um único e claro pedido: “Este ano, levantamos a voz para lembrar o direito à protecção e paz. Desejamos o silêncio das armas e ataques na zona Norte do país, para que os nossos amigos irmãos possam ter acesso aos hospitais, escolas e parques infantis, como está a acontecer connosco aqui [em Maputo] e, assim, todos podermos sorrir.”
As crianças também aproveitaram a oportunidade para agradecer aos médicos pelos cuidados que têm prestado. Mas não foi só isso. A alegria e emoção do dia estenderam-se à maternidade, onde três mães jubilavam com a chegada dos seus tão esperados filhos.
Karina, mãe de primeira viagem, não escondeu a alegria de ter dado à luz uma menina, justamente no dia da criança.
“Cheguei ao hospital segunda-feira, por isso não esperava dar à luz hoje, calculava que teria o bebé terça-feira. Não imaginava que seria no dia 1 de Junho, uma data especial para toda a vida”, explicou.
Os três recém-nascidos ainda não têm nomes, mas a certeza é uma – nasceram num dia especial –, pelo que as mães prometeram eternizar a data.
“Estou muito feliz. Não me vou esquecer deste dia”, disse Luísa Estevão, mãe do primeiro recém-nascido.
Amélia Macamo, igualmente mãe de um menino, por sinal, o segundo do dia, conta como foi o processo.
“Saí de casa para aqui [no hospital] sem contrações de parto, só que, chegado ao hospital, me deram uma cama. Tive o bebé às quatro horas. Foi uma grande surpresa para mim, não esperava. Foi uma coisa que Deus é que proporcionou”, detalhou.
Cientes de que nem todas as crianças celebram a data em ambiente festivo, as mensagens que nortearam as comemorações no HCM foram de apelo para o fim do terrorismo no Norte do país.
“Esperamos que seja uma situação resolvida em breve, para que tenhamos as crianças a sorrirem e a gozarem do seu direito de crescer num ambiente de paz, alegria e fraternidade”, disse Salvador Muchidão, docente universitário, que estava em representação do reitor da Universidade Eduardo Mondlane.
Manuel Soares, presidente do MOZA Banco, acrescentou: “Nós temos que criar condições para investir nas crianças. Elas é que são o futuro do nosso país e são uma prioridade. Devemos investir na criação de condições de saúde e educação.”
Por causa da pandemia da COVID-19, a habitual celebração do dia 1 de Junho, no HCM, foi interrompida por dois anos. Por isso, desta vez, foi tudo acautelado para que não faltasse diversão e alegria, que caracterizam a data, e despertar aquilo que o lema deste ano afirma: “A paz Reside no Sorriso de uma Criança”.