O País – A verdade como notícia

Moçambique não registou qualquer caso novo de coronavírus confirmado nas últimas 48 horas. O número de pessoas infectadas continua em oito, contudo, o Ministério de Saúde alerta que esta situação não deve deixar ninguém relaxado, porque pode ser apenas uma questão de diagnóstico.

São 231 casos suspeitos testados dos quais, 14 nas últimas 24 horas. A palavra de ordem continua ser prevenção. E é com a prevenção que o país espera retardar o pico da pandemia, para evitar o colapso do Sistema Nacional de Saúde.

A actualização dos dados do ministério da Saúde foi feita hoje à tarde, pela Directora Nacional de Saúde Pública.

O Banco de Moçambique anunciou hoje medidas para fazer face à propagação do Coronavírus, das quais o aumento de 25 mil para 50 mil meticais em transacções na carteira móvel e isenção de cobrança de encargos e comissões nas transferências de cliente para cliente até ao limite diário de mil meticais, pelas instituições de moeda electrónica

 

Em comunicado enviado ao “O País”, no princípio da noite de hoje, o Banco Central diz que “em face da propagação da COVID-19 a nível mundial, cujo impacto negativo já se faz sentir em Moçambique, o Conselho de Administração do Banco de Moçambique aprovou medidas extraordinárias, com a finalidade de mitigar os seus efeitos”.

No âmbito do sistema de pagamentos, o Banco Central diz determinou que as instituições de moeda electrónica, nomeadamente o e-Mola, M-Pesa e mKesh “passam a não cobrar encargos e comissões nas transferências de cliente para cliente até ao limite diário de 1.000 meticais”.

“O limite por transacção na carteira móvel é ajustado de 25.000 meticais para 50.000 meticais”, o documento a que nos referimos, acrescentado que “o limite diário para transacções na carteira móvel é ajustado de 125.000 para 250.000 meticais”.

Ademais, o “limite anual de transacções para os clientes de Nível I (tier I) na carteira móvel é ajustado para 400.000 meticais. As comissões e os encargos a serem cobrados para os novos limites não devem ser superiores ao máximo do valor da tabela de preçário em vigor”.

Para os bancos comerciais, o Banco e Moçambique estabeleceu que eles passam a não cobrar encargos e comissões para as transacções efectuadas através de canais digitais até ao limite diário de 5.000 meticais, para clientes singulares, excepto para o levantamento em ATM.

Ainda, nos bancos comerciais e nas instituições de moeda electrónica “são reduzidas em 50% as comissões e os encargos nas transferências entre banco e instituição de moeda electrónica, para clientes singulares”.

Os bancos comerciais e as instituições de moeda electrónica podem adoptar outras medidas visando o reforço do uso de meios de pagamento digitais, refere a o documento a que o “O País” teve acesso, assinado pelo governado do Banco Central Rogério Zandamela.

No âmbito das provisões específicas, “as instituições de crédito ficam dispensadas de constituir provisões específicas para crédito em moeda estrangeira”.

No que diz respeitos à vigência das decisões tomadas pelo Banco Central faz saber que as relativas ao sistema de pagamentos “entram em vigor a partir das zero horas do dia 10 de Abril de 2020, por um período de 3 meses”.

“A medida relativa às provisões específicas entra imediatamente em vigor e é válida até ao dia 31 de Dezembro de 2020”.

A adopção das medidas acima indicadas não isenta o cumprimento das normas e procedimentos relativos à prevenção e ao combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo, esclarece o Banco de Moçambique, vincando que “continuará a monitorar o impacto da pandemia da COVID-19 na economia nacional e não hesitará em tomar qualquer medida adicional apropriada”.

 

 

 

 

 

Pelo menos oito estâncias turísticas fecham as portas na província de Inhambane, devido à eclosão da COVID-19 no país. O sector do turismo prévia arrecadar mais de 49 milhões de meticais neste período da Páscoa, entretanto, as receitas vão rondar aos dois milhões.  

Neste período, em Inhambane, previa-se a entrada de mais de 16 mil turistas, entretanto, devido à eclosão da pandemia em Moçambique, 95% dos turistas cancelaram as reservas. As receitas que o Estado previa arrecadar, também caíram na mesma ordem.

E porque não há turistas para receber, oito estâncias turísticas anunciaram a suspensão de actividades.

Refira-se que a província de Inhambane tem 11 pessoas em quarentena domiciliária, por terem passado por países com elevados índices de contaminação da pandemia COVID-19

 

É no Instituto Nacional de Saúde (INS) onde situa-se o único laboratório do país com capacidade para diagnosticar o novo coronavírus. A instituição localizada no distrito de Marracuene, a cerca de 35 quilómetros da cidade de Maputo, tem recebido todas as amostras recolhidas no país para confirmar se são casos positivos ou negativos do vírus do que está a alarmar o mundo. 

O laboratório do INS tem recebido diariamente entre 40 a 60 amostras e ainda não atingiu a sua capacidade máxima de trabalho. Se os técnicos trabalharem em três turnos, com os três equipamentos de testagem existentes, é possível obter todos os dias o resultado de 600 pessoas.

“O nosso pessoal técnico é constituído por cerca de 20 técnicos de laboratório que trabalham todos os dias da semana para testar as amostras”, informou, hoje, Sofia Viegas, Directora Nacional para Laboratórios de Saúde Pública no INS, durante a visita guiada a jornalistas.

Em termos de capacidade geral para realizar testes, Moçambique já recebeu cerca de 22 mil kits de diagnóstico do novo coronavírus, dos quais mais de 200 já foram usados. Cada província recebeu 20 kits. Todas amostras recolhidas são enviadas para Marracuene de modo a obter-se o resultado. “O que as províncias receberam foram kits que colheita de amostra, então todas as províncias colhem amostras e enviam para o Instituto Nacional de Saúde para serem testadas”, afirmou, detalhando que “as amostras são transportadas através de companhias de transporte, a frio. Nós coordenamos com as companhias para que o transporte sejam no mesmo dia, ou seja, dentro de 24 horas. No dia em a amostra sai ela deve chegar ao instituto para assegurar que esteja nas devidas condições”.

Em termos de procedimento, o primeiro passo é a recepção das amostras, cada uma armazenada num recipiente de recolha. De seguida na sala de cultura de células, técnicos de saúde, devidamente protegidos, extraem da amostra o material que a ser testado. Enquanto isso, na sala limpa, há técnicos que preparam os reagentes químicos que, na sala de ampliação, são misturados com o material genético. Por fim, num computador faz-se a leitura, se o paciente tem ou não coronavírus.

Sofia Viegas não deixou de recordar que “existem laboratórios privados que enviam as amostras para fora do país mas esses laboratórios reportam a nós”, disse referindo-se, a título de exemplo, ao Laboratório Joaquim Chaves, de Portugal. Com novos tipos de testes a serem descobertos diariamente, Ministério a Saúde assegura que está a trabalhar numa estratégia para expandir o diagnóstico do coronavírus para as outras províncias do país.

 

 

 

 

O Departamento Técnico da Federação Moçambicana de Futebol apresentou três cenários possíveis de como será a época futebolística nacional após o Covid-19. O primeiro prevê que a época termine em Dezembro deste ano e os restantes dois induzem à mudança do calendário futebolístico, adequando a época proposta pela CAF.

 

Ainda estamos somente com os primeiros sete dias das medidas de prevenção, que incluem a quarentena domiciliária, adoptadas pelo governo moçambicano, faltando ainda pouco mais de 20 dias para o seu fim. Com as restrições impostas, o futebol parou no país e no mundo, mas as mentes continuam a funcionar, já a pensar no que será do futebol nacional depois da passagem desta pandemia.

Foi com esse intuito que o Departamento Técnico da Federação Moçambicana de Futebol, liderada pelo reconhecido treinador do futebol, Arnaldo Salvado, decidiu apresentar cenários possíveis de como será a época futebolística daqui para frente.

No caso concreto, o Departamento Técnico da FMF apresenta três cenários de competições, que podem ser implementadas pelo organismo moçambicano que gere o futebol para o cumprimento da época futebolística.

Dos três cenários, o primeiro é do prolongamento da presente época até 20 de Dezembro, estando os outros dois cenários, que devem estar sujeitos a uma aprovação pela Assembleia Geral da FMF, virados para a mudança de época, indo de encontro com as pretensões da Confederação Africana de Futebol (CAF), de época única para todos os campeonatos nacionais, que inicia em Julho de uma ano e termina em Maio do ano seguinte.

Eis os cenários propostos pelo Departamento Técnico da FMF:

 

Cenário A: paragem de um mês

Este cenário só será possível se o período de paralisação da actividade desportiva foi de apenas um mês, ou seja, caso as medidas adoptadas pelo governo sejam levantadas a 23 de Abril próximo. Assim, a época 2020 seria prolongada por mais um mês, devendo terminar a 20 de Dezembro, o que faria com que a época 2021 iniciasse a 20 de Janeiro até Dezembro, seguindo as épocas subsequentes o mesmo calendário.

A desvantagem deste período de calendário é que o mesmo não iria coincidir com o calendário proposto pela CAF e obrigaria a ter muitos jogos em atraso, caso a selecção se qualifique para as fases finais do CAN ou CHAN, que se realizam em Junho, período em que a época estaria a meio. O Moçambola teria que parar para dar lugar a participação dos Mambas nessas fases finais.

Mas teria vantagens: evitaria o período mais quente e mais chuvoso, nomeadamente Dezembro, Janeiro e Fevereiro; as equipas nacionais estariam com bom ritmo nas competições africanas; o Moçambola iria decorrer sem muitos problemas de falta de fundos; a validade dos contratos dos atletas continuaria em dia; e o período de férias futebolísticas iria coincidir com as férias escolares.

Caso assim se prossiga com esta época, o Departamento Técnico aconselharia que se adoptasse medidas para o encerramento das provas nacionais, como por exemplo que o Moçambola se realizasse em uma só volta e depois se realizasse um play-offs entre os primeiros 8 classificados até se encontrar o campeão e entre os últimos 6 classificados para apurar as equipas que descem, ou ainda que o Moçambola tenha uma só volta e depois uma fase final em duas voltas entre os primeiros 4 classificados para encontrar o campeão e simultaneamente uma outra fase final em duas voltas entre os 4 últimos classificados para apurar quem desce de divisão.

Em relação a segunda divisão, a proposta é que os campeonatos nacionais de segunda divisão se realizem em uma só volta (nas Províncias onde existem muitas equipas) e depois uma fase final entre os primeiros 4 classificados para apurar quem será o campeão que vai à fase final zonal, ou então que se realize em grupos, com duas voltas, e depois uma fase final entre os vencedores dos grupos para se apurar o campeão que irá à fase final zonal.

 

Cenário B: paragem de dois a três meses

Este segundo cenário prevê que em caso de uma paragem de mais de dois meses, houvesse uma reestruturação do calendário futebolístico. Assim, a época iria decorrer de Junho de 2020 a Maio de 2021, com alteração nos moldes de disputa da Taça de Moçambique, nomeadamente na fase provincial.

Este cenário traz consigo algumas vantagens, nomeadamente o enquadramento da época futebolística nacional ao calendário competitivo da CAF, ainda que os jogos fossem decorrer num período de temperaturas elevadas e em época mais chuvosa, o que provocaria muitos adiamentos. Mas o facto é que este cenário faria com que houvesse a prorrogação da actual época, bem como a validade dos contratos dos atletas com os clubes.

Assim, de acordo com a proposta do Departamento Técnico da FMF, a época seria de Junho de 2020 a Maio de 2021, e assim dividido: o calendário com 57 finais de semana, teria nove para as eliminatórias da Taça Moçambique, 26 para a disputa  do Moçambola, 4 para a paragem do fim de ano, 10 para os jogos da Selecção Nacional a contar para o CAN e Mundial, 2 para jogos da Cosafa e cerca de 6 finais de semana sem provas agendadas, para situações de jogos em atraso.

 

Cenário C: mudança da época futebolística

Aqui, neste cenário, o Departamento Técnico da FMF quer aproveitar para enquadrar o futebol moçambicano à época do calendário proposto pela Confederação Africana de Futebol (CAF), iniciando a época em 1 de Junho até 31 de Maio de 2021. Para tal as provas teriam que atrasar o seu início a partir de agora, mas reiniciando com a disputa dos Campeonatos Provinciais ora interrompidos.

Mas este cenário tem alguns desafios, aos olhos do Departamento Técnico da FMF, nomeadamente: muitos jogos a serem adiados por questões climatéricas de chuvas intensas e ainda a serem realizados debaixo de intenso calor; prorrogação dos contratos dos jogadores adaptando-os à nova época futebolística; clubes teriam de ser convencidos a continuar a pagar os salários dos jogadores no período deste interregno forçado.

Estes dois últimos cenários, caso aprovados pela Assembleia Geral, obrigariam a paragem do Moçambola por quatro semanas, nomeadamente de 20 de Dezembro a 20 de Janeiro e a segunda divisão, por oito semanas, de 20 de Dezembro a 20 de Fevereiro, para evitar a época chuvosa.

Os cenários propostos pelo Departamento Técnico da Federação Moçambicana de Futebol só serão analisadas depois que forem levantadas as medidas de prevenção da Covid-19, pelo governo, ou mesmo com o agravamento das medidas, em face do crescendo número de casos positivos no país, que vão em oito, dos mais de 217 casos testados até ao momento.

A propósito desta pandemia que leva o nome de COVID-19 ou, simplesmente, Novo Corona Vírus, lembrei-me dum livro que li em tempos com o título “A Peste”, da autoria de Albert Camus. Mas antes, saibamos um pouco sobre este autor de peças de teatro, novelas, filmes, ensaios e poemas, a partir dos quais, de acordo com os críticos, ele desenvolveu um humanismo baseado na consciência do absurdo da condição humana e na revolta como uma resposta a esse absurdo.

ALBERT CAMUS (Argélia, 1913 — França, 1960) foi um escritor, filósofo, romancista, dramaturgo e ensaísta franco-argelino. Também foi jornalista militante da Resistência Francesa, durante a segunda guerra mundial, no quadro das correntes libertárias então em voga na França e não só. Prémio Nobel de Literatura, 1957, Camus foi, sobretudo, à margem de outras correntes filosóficas, uma testemunha de seu tempo. Intransigente, recusou qualquer filiação ideológica. Lutou energicamente contra todas as ideologias e abstrações que, na sua perspectiva, deturpavam a natureza humana. Foi assim que se confrontou com o existencialismo e marxismo – correntes filosóficas muito em voga na época. Se o seu livro “A Peste” é, por um lado, resultado da tomada de consciência moral face aos problemas do seu tempo, por outro lado, é o espelho do seu pensamento filosófico ressumado num humanismo que tem como pano de fundo a condição humana.

A história do livro “A Peste” (1947) desenrola-se numa cidade fictícia chamada Oran, no norte da Argélia, em 1940. Um médico de nome Bernard Rieux – principal personagem do livro – à saída do seu consultório encontrou um rato morto nas escadas. Sobre o facto ele informa o guarda do prédio, que se mostra não convencido. Nos dias subsequentes são encontrados outros ratos no mesmo sítio e noutros lugares da cidade.

“Na cidade, lu?gubre e gelada, algumas crianc?as corriam, ignorantes ainda do que as ameac?ava. Mas ningue?m ousava anunciar-lhes o Deus de outrora, carregado de oferendas, velho como o sofrimento humano, mas novo como a jovem esperanc?a. So? havia lugar no corac?a?o de todos para uma esperanc?a muito velha e muito taciturna, a mesma que impede os homens de se entregarem a? morte e que na?o e? mais que simples obstinac?a?o em viver.”

Entretanto a quantidade de ratos mortos vai aumentando exponencialmente a cada dia que passa. Recolhidos, são queimados, tendo chegado ao número de oito mil ratos incinerados num único dia. Paralelamente ao problema de ratos, eclode um surto de febre que vai matando muita gente. O Doutor Rieux ainda não interiorizou a seriedade da situação.

“Mesmo depois de o Dr. Rieux ter reconhecido, diante do amigo, que um punhado de doentes dispersos acabavam de morrer da peste, sem aviso, o perigo continuava irreal para ele. Simplesmente, quando se e? me?dico, faz-se uma ideia da dor e tem-se um pouco mais de imaginac?a?o. Ao olhar pela janela sua cidade que na?o mudara, era com dificuldade que Rieux sentia nascer dentro de si esse ligeiro temor diante do futuro, que se chama inquietac?a?o. Ele procurava reunir no seu espi?rito o que sabia sobre a doenc?a. Flutuavam nu?meros na sua memo?ria, e dizia a si pro?prio que umas tre?s dezenas de pestes que a histo?ria conheceu tinham feito perto de cem milho?es de mortos. Mas que sa?o cem milho?es de mortos? Quando se fez a guerra, ja? e? muito saber o que e? um morto. E ja? que um homem morto so? tem significado se o vemos morrer, cem milho?es de cada?veres semeados atrave?s da histo?ria esfumac?am-se na imaginac?a?o. O me?dico lembrava-se da peste de Constantinopla, que, segundo Proco?pio, tinha feito dez mil vi?timas em um so? dia.”

A peste transforma a cidade num território irrespirável e os seus habitantes são conduzidos até estados de sofrimento, de loucura, mas também de compaixão de proporções desmedidas. Entretanto as autoridades da cidade decretam um estado de emergência e inicia-se a quarentena. As famílias são separadas em consequência da pandemia.

“Na verdade, uma das conseque?ncias mais importantes do fechamento das portas foi a su?bita separac?a?o em que foram colocados seres que para isso na?o estavam preparados. Ma?es e filhos, esposos, amantes que tinham julgado proceder, alguns dias antes, a uma separac?a?o tempora?ria, que se tinham beijado na plataforma da nossa estac?a?o, com duas ou tre?s recomendac?o?es, certos de se reverem dentro de alguns dias ou algumas semanas, mergulhados na estu?pida confianc?a humana, momentaneamente distrai?dos de suas ocupac?o?es habituais por essa partida, viram-se, de repente, irremediavelmente afastados, impedidos de se encontrarem ou de se comunicarem. Sim, porque as portas tinham sido fechadas algumas horas antes de ser publicado o decreto do prefeito e, naturalmente, era impossi?vel levar em conta os casos particulares.”

Afinal tratava-se da peste bubónica (doença transmitida por uma bactéria que vive em roedores de pequeno porte e suas pulgas). O Doutor Rieux, embora surpreendido com a situação, vai lutando contra a pandemia entre a confiança e a hesitação.

“Os flagelos, na verdade, sa?o uma coisa comum, mas e? difi?cil acreditar neles quando se abatem sobre no?s. Houve no mundo tantas pestes quanto guerras. E contudo, as pestes, como as guerras, encontram sempre as pessoas igualmente desprevenidas. Rieux estava desprevenido, assim como nossos concidada?os, e? necessa?rio compreender assim as duas hesitac?o?es. E por isso e? preciso compreender, tambe?m, que ele estivesse dividido entre a inquietac?a?o e a confianc?a. Quando estoura uma guerra, as pessoas dizem: ”Na?o vai durar muito, seria idiota”. E sem du?vida uma guerra e? uma tolice, o que na?o a impede de durar. A tolice insiste sempre, e compreende?-la-i?amos se na?o pensa?ssemos sempre em no?s. Nossos concidada?os, a esse respeito, eram como todo mundo: pensavam em si pro?prios. Em outras palavras, eram humanistas: na?o acreditavam nos flagelos. O flagelo na?o esta? a? altura do homem; diz-se enta?o que o flagelo e? irreal, que e? um sonho mau que vai passar. Mas nem sempre ele passa e, de sonho mau em sonho mau, sa?o os homens que passam, e os humanistas em primeiro lugar, pois na?o tomaram suas precauc?o?es.”

A história continua narrando a situação da peste que vai separando famílias, os doentes transferidos para outros pontos da cidade. Um padre local, num dos seus sermões, diz que aquela desgraça é um castigo de deus, uma vez que a cidade o merecia, que os cristãos deviam aceitar o destino. No entanto o padre acaba depois sendo também vítima mortal da peste. Depois de dez meses a doença começa a reduzir. As mortes também. A cidade aos poucos começa a reencontrar-se. Até as autoridades organizam uma festa oficial de comemoração do fim da pandemia. Todavia, há sempre um mas…

“Na verdade, ao ouvir os gritos de alegria que vinham da cidade, Rieux lembrava-se de que essa alegria estava sempre ameac?ada. Porque ele sabia o que essa multida?o eufo?rica ignorava e se pode ler nos livros: o bacilo da peste na?o morre nem desaparece nunca, pode ficar dezenas de anos adormecido nos mo?veis e na roupa, espera pacientemente nos quartos, nos poro?es, nos bau?s, nos lenc?os e na papelada. E sabia, tambe?m, que viria talvez o dia em que, para desgrac?a e ensinamento dos homens, a peste acordaria seus ratos e os mandaria morrer numa cidade feliz.”

É indiscutível a dimensão filosófica, política, moral deste livro. É, digamos, um testemunho de resistência, resiliência e sobrevivência em todos os sentidos das palavras. Mais do que isso o livro narra e ressalta a solidariedade, a solidão, o desespero, a esperança e desesperança, a morte e outros temas fundamentais da condição humana.

Independentemente de o livro ser ou não uma espécie de metáfora da França ocupada pelo nazismo durante a segunda guerra mundial, do ponto de vista epidemiológico é um tratado que pode ajudar a humanidade nos dias de hoje, incluindo os moçambicanos, a encarar com firmeza, tenacidade, esperança e optimismo a luta contra o COVID-19.

 

Conselho de Estado propõe ao Presidente da República a declarar Estado de Emergência devido ao elevado risco da rápida propagação comunitária do Covid-19.

Com mais de 500 mil casos no mundo, e cerca de 25 mil mortes, duas das quais na África do Sul, o Covid-19 tem se espalhado rapidamente.

A resposta de Moçambique veio como recomendações cívico-sanitárias, o que não obriga os cidadãos a cumprir.
Por exemplo nada impede que as pessoas se reúnam com mais de 50 ou 300 pessoas já que este é um direito previsto no artigo 51 da Constituição da República.

Para que esta medida e outras que se sobreponham e restrinjam os direitos dos cidadãos, é preciso que se declare estado de emergência ou Estado de Sítio.
  

 

No dia 28 de Março é comemorado o dia do médico moçambicano. E como tem sido habitual, o Presidente da República, Filipe Nyusi, emitiu uma mensagem de encorajamento à classe, sobretudo, por esta passagem ser assinalada num contexto adverso no mundo inteiro e, em Moçambique em particular, devido a pandemia do Covid-19.

“Assinalamos a efeméride num contexto em que à escala planetária, travamos uma luta titânica contra esta pandemia (Covid-19) que mais do que pôr em causa os ganhos alcançados, mostra que a nossa sobrevivência como espécie humana, reside na nossa coesão, cooperação, interajuda e solidariedade”, consta da mensagem do Presidente da República, na qual reconhece igualmente, que “a classe médica tem assumido a dianteira, relevando os sublimes valores que a caracterizam, colocando, acima de quaisquer interesses inerentes ao ser humano, a vida e a saúde dos seus pacientes e da sociedade, em geral”.

Pelo esforço abnegado dos médicos, Filipe Nyusi disse render homenagem à classe e, através dela, “a todos os profissionais de saúde que nesta complexidade, plena de riscos, tudo fazem para que o nosso Sistema de Saúde seja acessível e à altura das necessidades dos que dele precisam e dependem”.

O dia 28 de Março é celebrado como o dia do médico moçambicano, desde a criação da Associação Médica de Moçambique, em 1992.

Dados globais de até nove horas deste sábado, indicam que há, em 177 países do mundo, perto de 600 mil casos confirmados da Covid-19, 27.762 mortos e 131.777 pessoas recuperadas da doença.

O inimigo da saúde e de toda a humanidade continua a se espalhar pelo mundo, ceifando a vida de milhares de pessoas.

Até na manhã deste sábado tinham sido contabilizados em 177 países do mundo 598.245 casos confirmados da pandemia COVID-19, 27.762 mortos e um total de 131.777 pessoas recuperadas.

Os Estados Unidos da América lidera a lista dos países com maior número de infectados com 104.837 casos confirmados do novo coronavírus, mas o número de mortes continua reduzido, estando perto de mil.

A Itália está em segundo lugar na lista dos países em termos de número de infectados com 86. 498 casos positivos da COVID-19, mas o número de mortes continua o mais elevado do mundo somando 9 134.

Na China, epicentro do vírus, o número de infectados está nos 81. 947 e os óbitos pela pandemia são 3 299. Já a Espanha conta com 65.719 pessoas com coronavírus e 5.138 mortos. Os dados da Alemanha apontam para 50.871 casos positivos da doença e 395 óbitos.

A França é o sexto país com maior número de infectados com 33.414 casos confirmados e 1.997 mortes. Portugal contabiliza 4.268 pessoas diagnosticadas com COVID-19 e 76 óbitos.

Já no continente africano há 46 países atingidos pela pandemia e África do Sul é o país com maior número de casos da COVID-19 com 1.170 infectados e duas mortes confirmadas. Argélia está com 409 pessoas diagnosticadas com o novo coronavírus e lidera o número de mortes ao contabilizar, até ao momento, 26 óbitos.

Ainda em África, Marrocos já conta com 345 infectados pela COVID-19 e tem um total de 23 mortos. Angola conta com 4 casos confirmados e nenhuma morte pela pandemia.

Mas nem tudo corre mal. Em todo o mundo, há 131.777 pessoas recuperadas da doença. Ainda assim, os países já com casos confirmados do novo coronavírus tem estado a tomar medidas severas como a declaração do Estado de Emergência, cancelamento de voos e encerramento de fronteiras para evitar a propagação da doença.

Na África do Sul, por exemplo, cerca de três mil soldados foram mobilizados em todo país para reforçar as medidas de isolamento por 21 dias. Sair de casa só para comprar comida ou para emergências de saúde caso não será punido com seis meses de prisão.

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