Um grupo de transportadores semi-colectivos de passageiros da rota Museu-Malhazine paralisou as actividades na manhã desta quinta-feira na cidade de Maputo.
Os operadores queixam-se do controlo excessivo de lotação pela Polícia e das alegadas cobranças ilícitas em caso de apreensão de documentos por alegada infracção e do tratamento desigual entre este grupo e os transportadores dos autocarros maiores.
Os condutores manifestaram as suas inquietações no cruzamento entre as Avenidas Eduardo Mondlane e Karl Marx, e questionavam o porque do controlo de lotação apenas nos “minibus” e não nos autocarros maiores, apesar destes andarem superlotados.
Junassi Machatine é motorista de um dos “chapas” que teve seus documentos arrancados porque carregava passageiros a mais, apenas pedia resposta para o que chamava de injustiça.
“Queremos saber porque a polícia está contra nós. Todos conseguem ver os autocarros superlotados, mas ninguém manda parar, e nós só de termos dois passageiros a mais samos punidos e até nos perseguem, porque?”, indagou o transportador.
A reivindicação é reforçada por Luís Samuel, cujo seu carro já não tinha passageiros pelo facto de também ter sido constatado que transportava passageiros a mais do que o permitido.
“Nós passamos mal todos os dias, só nós e os “minibus”, afinal COVID-19 só existe nos “minibus”? Machibombos estão sempre cheios, sempre cheios, mas parece que lá não há corona”, ironizou Samuel.
Desta vez os passageiros apoiaram os reivindicadores e disseram que estão cansados de sempre mandarem-lhes descer do autocarro por conta do excesso de lotação. Como apoio, quando um carro chegasse a paragem, os passageiros mandavam desembarcar os outros.
“Sempre que vamos ao trabalho, esses camarários mandam o chapa em que estamos parar, depois nos mandam descer porque está cheio, mas eles não olham para o nosso lado, estamos a atrasar, sempre atrasamos, há falta de transporte nesta cidade e quando conseguimos um chapa, é isto que acontece, estamos cansados, estamos a sofrer por isso, concordamos e estamos a ajudar eles a manifestarem”, disse uma passageira no local.
A polícia municipal, a polícia de protecção e de Trânsito mais uma vez mobilizaram-se para impedir os chapeiros de manifestar-se e o confronto verbal não faltou.
E enquanto esta decisão não era acatada, vários cidadãos tiveram de caminhar para chegar aos seus destinos e a polícia municipal prometeu pronunciar-se oportunamente para esclarecer este assunto que é recorrente.