A procura pelos serviços de planeamento familiar no país baixou nos últimos meses, devido à pandemia da COVID-19, segundo avançou, esta terça-feira, o Ministério da Saúde.
Os dados fornecidos pela chefe do Programa de Planeamento Familiar, Alda Mahumana, indicam que o país vinha registando uma evolução em relação à procura desses serviços desde 2011 a 2019. Sendo que, em 2011, a procura rondava nos 11 por cento e, em 2015, nos 23.3%.
“Em termos de números, podemos avançar que, durante 2019, tivemos a cobertura de 42% em relação ao planeamento familiar e, em 2020, os dados mostram que tivemos um decréscimo para 32% por consequência da pandemia da COVID-19”, avançou Mahumana.
Entretanto, nos primeiros meses deste ano, os dados mostram uma melhoria para 41 por cento.
“Infelizmente, neste momento, estamos no processo de elaboração de um outro inquérito demográfico de saúde, que poderá mostrar-nos quais são os avanços de 2015 para cá”, referiu.
A redução dos números, devido à pandemia, retardou os planos do Governo em garantir que a rapariga tenha a possibilidade de escolha sobre a sua saúde sexual e reprodutiva, o que constitui preocupação, segundo a vice-ministra da Saúde, Lídia Cardoso, que, na ocasião, recordou que os dados do Inquérito de Malaria e HIV/SIDA de 2015 (IMASIDA-2015) indicam que uma em cada duas raparigas no país, entre os 15 e 24 anos, está gravida ou já fico grávida pela primeira vez.
Esses dados apontam, ainda, que muitas vezes a gravidez não ocorre como desejado, pois uma em cada duas dessas raparigas, na mesma faixa etária, morre por complicações na gravidez, ou no parto ou por aborto.
A Vice-ministra recordou, ainda, que o número de filhos por cada mulher continua elevado e os dados assinalam que, em média, uma mulher tem pelo menos cinco filhos.
“Estes dados mostram que a situação da mulher e criança, no nosso país, carece de atenção de todos nós para se reverter o cenário, é sabido que as gravidezes indesejadas e prematuras que, em alguns casos, culminam em abortos, podem ser prevenidas se houver consciencialização sobre a importância do planeamento familiar e a disponibilidade dos diferentes métodos anticoncepcionais, existentes nas nossas unidades sanitárias”, apontou Cardoso.
Sem revelar quanto é que o Governo gasta anualmente na aquisição dos métodos de planeamento, a Vice-ministra da Saúde disse que a factura é onerosa, por isso a necessidade de uma gestão racional.
As fontes falavam durante a abertura da II reunião Técnica de Planeamento Familiar, que decorre na cidade de Maputo, durante quatro dias, com objectivo de avaliar o desempenho e os desafios do sector.