Um total de dezasseis empresas do sector mineiro suspenderam suas actividades em Moçambique e mais de 500 trabalhadores caíram no desemprego ao longo deste ano, devido à pandemia da COVID-19.
Sem tréguas. O sector mineiro em Moçambique anda “de tangas” devido aos impactos da pandemia da COVID-19. Esta quarta-feira, mais duas empresas deste ramo de actividade anunciaram a suspensão dos trabalhos.
No total já são 16 empresas mineiras que suspenderem as actividades, entre as quais, a Montepuez Ruby Mining (MRM) que tem como Presidente do Conselho de Administração, Samora Machel Júnior “Samito”.
Com estas paralisações, mais de 500 trabalhadores viram seus contratos de trabalho suspensos.
“A situação da pandemia é preocupante. O sector mineiro está sofrer com este choque. Infelizmente essa situação ainda continua e vamos gerindo. Não há dúvidas que é um grande prejuízo para actividade mineira em Moçambique”, indicou Adriano Sênvano, director do Instituto Nacional de Minas.
Falando ontem à imprensa, Adriano Sênvano revelou ainda que mais duas mil licenças de prospecção mineira foram retiradas dos titulares ao longo dos últimos cincos anos. “Os detentores destes títulos não realizavam actividades”, explicou.
Só este ano, o Instituto Nacional de Minas diz ter extinguido 145 títulos mineiros pelas mesmas razões.
GOVERNO RETIRA LICENÇA EMPRESA DE GUEBUZA
Das 145 licenças extintas, consta igualmente, a retirada do pedido de título de prospecção de ouro à uma empresa do antigo estadista moçambicano, Armando Guebuza, na provincia de Manica.
“Foi registado numa área que não podia. Infelizmente estas coisas acontecem por distração dos nossos colegas ou por desconhecimento. Está a menos de dois quilómetros da linha de fronteira com o Zimbabwe”, explicou o director do Instituto Nacional de Minas.
Mais um capítulo de “braço de ferro” político ou não, o facto é o que Adriano Sênvano entende que “estas condições não podem ser toleradas”.
Ademais, o Ministério dos Recursos Minerais e Energia diz estar a investigar outro caso do género, ou seja, uma licença mineira atribuída fora dos limites de fronteira com Moçambique.
LEILÕES DE ENERGIAS RENOVÁVEIS (caixa)
Ainda na referida conferência de imprensa sobre o ponto de situação da actividade mineira e sector de energia, o Governo anunciou que está a avaliar 132 potenciais investidores para futura central de produção de energias renováveis de Dondo, na província de Sofala.
Esta avaliação surge 40 dias depois do lançamento do concurso de leilões de energias renováveis pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, em Maputo.
Devido ao elevado número de potenciais investidores, a Autoridade Reguladora de Energia (ARENE) viu-se forçada a prorrogar os prazos de manifestação de interesse para a central de Dondo.
“O prazo inicial terminava próximo semana (16 de Novembro), mas devido ao crescente número das manifestações de interesse, decidimos prorrogar para 23 de Novembro”, indicou Paulo da Graça, Presidente do Conselho de Administração (PCA) da Autoridade Reguladora de Energia.
Dos 132 potenciais investidores, consta que 30 são entidades moçambicanas, entre empresas e particulares.
A central de Dondo será a primeira das quatro a serem instaladas no país, todas como uma capacidade para produzirem 120 Megawatts das chamadas “energias limpas”, rumo ao alcance do acesso universal de corrente eléctrica em Moçambique até 2030.
Com um enorme potencial, as energias renováveis serão determinantes para o alcance deste desiderato.
A energia solar é a fonte renovável mais abundante em Moçambique com 23 mil Gigawatts de potencial, no entanto a hídrica é a fonte que apresenta mais projectos prioritários (mais de 5,6 GW).