Está suspenso o inspector que recebeu dinheiro de suborno para deixar passar um carro com problemas técnicos e mecânicos. O técnico é confesso e, também, um processo disciplinar.
“O País” denunciou, há duas semanas, esquemas de corrupção no Centro Inspecção de Viaturas.
Na reportagem, mostrámos que eram aprovados carros em péssimo estado mecânico para se fazerem à via.
Esta terça-feira, através dos seus advogados, o Centro de Inspecção reagiu e disse que o técnico que recebeu valor do suborno confessou que estão a ser tomadas medidas.
“Foi aberto um processo disciplinar, está na fase da defesa e ainda tem o direito de defender-se. Depois de verificados os argumentos dele e os da acusação, até o parecer do órgão sindical, embora seja vinculativo, poderá se tomar decisão”, esclareceu o advogado do Centro de Inspecção, Samito Nhabangue.
E o advogado sublinhou que o técnico não está expulso, simplesmente, “está suspenso, vai receber o salário e depois de todo o processo disciplinar, vai se tomar uma decisão que ainda pode ser absolvição”.
Porque não há corrupto sem corruptor, os advogados do Centro de Inspecção procuram formas de chegar à pessoa que subornou o técnico.
“A nossa alçada é só sob o funcionário. Foi aberto um processo-crime. A procuradoria vai trabalhar no sentido de identificar o possível corruptor, embora nesse caso pareça mais simulação do que corrupção”, revelou Samito Nhabangue.
A Inspecção Técnica de Viaturas diz que o caso despoletado pela STV é isolado e que este não é o modus operandi da empresa.
“O Centro não tinha conhecimento. Não compactuamos com esses comportamentos. Regularmente, damos formação aos colaboradores em matérias relacionadas com probidade, honestidade, luta contra a corrupção porque estamos preocupados com os veículos que circulam na via pública”, distanciou-se.
E mais: “O nosso trabalho é criar condições para que a inspecção corra dentro dos padrões legais e que nada fuja àquilo que é a lei estabelecida. Nesta quinta-feira, haverá mais acções de formação no sentido de persuadir os trabalhadores a não seguir por esse caminho”.
Os trabalhos de investigação deste caso de corrupção estão a ser feitos em coordenação com o Instituto Nacional dos Transportes Rodoviários.