A plataforma, que chega a Moçambique em Janeiro, pesa 220 mil toneladas e é a mais moderna do mundo em produção de gás natural liquefeito. É a primeira plataforma flutuante na nossa região e única no mundo a puxar gás de águas profundas.
Em mais de 33 milhões de horas, foi construído um colosso da tecnologia. Parece um navio, mas não é. Pertence ao projecto Coral Sul, que é a parte offshore, ou seja, em alto mar, da Área 4 da Bacia do Rovuma. Será ancorada a 50 quilómetros da costa de Cabo Delgado, onde vai produzir 3.4 milhões de toneladas de gás natural, anualmente, já a partir de 2022.
A plataforma tem o comprimento de 21 campos de futebol e tem de profundidade o que um prédio de 13 andares tem de altura. É a primeira plataforma flutuante na nossa região e única no mundo a puxar gás de águas profundas.
É tão moderna que muda até o que é mais simples. Por exemplo, em outras plataformas de produção de gás ou petróleo, há sempre uma chama. Aqui já não. Até por preocupações ambientais, a chama só aparece em casos de emergência.
E isto faz parte do que é o pensamento da ENI sobre a exploração de gás, numa altura em que os activistas ambientais dizem “não” aos combustíveis fósseis. A ENI considera este o bom combustível para o momento de transição energética.
Em produção normal, 270 trabalhadores poderão estar a bordo da plataforma em simultâneo, mas, se necessário, o navio-fábrica tem capacidade para albergar 350 pessoas. E é um alojamento completo.
No interior, existe quase toda a infra-estrutura necessária para o quotidiano nos 28 dias em que cada grupo ficará dentro dela sem contacto físico com o exterior. E quem olha por fora nota a diferença entre a parte da base, que é de cor vermelha, e a de cima, que é branca. Não é uma diferença apenas de cores.
Por dentro, na parte da base é onde ficam os equipamentos de produção de gás. E, na de cima, é onde a vida extra-laboral ocorre. Tem quase tudo: há cozinha, ao lado da qual fica o refeitório e existe um menu diversificado para atender a todas as necessidades. E para quem abusar das calorias, pode queimá-las no ginásio.
Os caminhos levam a novos locais dentro desta unidade. Um deles é a sala de conferências, para permitir encontros entre quem está de serviço. E, se não houver muito que fazer, há um espaço para sentar, conversar ou talvez ler um livro.
É expressamente proibida a entrada ou tentativa de consumo de álcool ou qualquer outra substância que altere o estado de espírito. E tudo o que lá acontece é controlado, menos nos quartos, esses são restritos.
É esta a maravilha da engenharia que deverá chegar a Cabo Delgado em Janeiro de 2022. E a contagem decrescente já começou: são 60 dias. Até Junho, a plataforma será estabilizada na área de exploração por amarração a 20 cabos principais, implantados a 2000 metros de profundidade. E assim vai nascer a produção.
O primeiro gás deverá sair dos seis poços perfurados pela SAIPEM logo no início do segundo semestre de 2022, mas a ENI diz que pode ser mais cedo. A venda do LNG será feita em exclusivo à petrolífera BP durante 20 anos, com a possibilidade da extensão do contrato por mais de 10 anos.
Previsões do Ministério da Economia e Finanças apontam para ganhos ao Estado, em 2022, de 34.5 milhões de dólares, uma receita que deverá ser incrementada, à medida que o consórcio for recuperando os investimentos feitos no projecto. Em anos de produção estável, estimam-se receitas de cerca de 110 milhões de dólares.