Segundo a presidente da Autoridade Tributária de Moçambique (AT), Amélia Muendane, a fronteira de Melosa, localizada no distrito de Milange, constituiu um dos pontos críticos na prática do contrabando de produtos agrícolas, sendo os cereais, oleaginosas, combustível, tabaco não processado, os mais contrabandeados nas exportações, enquanto nas importações os produtos vulneráveis integram sabões, peças de bicicletas, ovos frescos, combustível, óleo alimentar, farinha de trigo, peixe seco, cereais, refrigerantes, vestuário, artigos de plásticos, frangos, candeeiros, tabaco manufacturado.
Mas não é só a partir da fronteira de Melosa onde ocorre o contrabando, segundo revelou Muendane.
“Em Mbirima, Mambucha, Chitambo, Arrozal, Mbessa e Chire, os produtos do contrabando são transportados em bicicletas, por pequenos grupos de transportadores que variam de três a cinco pessoas, numa média de três a quatro sacos de cereais, por viagem, por transportador, e escoados após o fecho das fronteiras, por caminhos clandestinos”, disse a fonte, acrescentando que, em alguns casos, essas mercadorias são armazenadas nas comunidades estabelecidas na zona tampão, fora do controlo dos gestores da fronteira e escoadas livremente durante a noite.
Os contrabandistas também exploram as potencialidades lacustres para as práticas criminais, estimando-se que, por dia, atravessem em média três canoas transportando produtos diversos.
“Os contrabandistas, que controlam o comércio agrícola entre Malawi e Moçambique, promovem feiras de troca de produtos, mas também podem ser responsáveis pela introdução da moeda malawiana Kwacha, nas operações comerciais internas, pois há registo de circulação daquela no mercado nacional, como alternativa ao metical”, detalhou Muendane.
Perante estes desafios, a presidente da AT instou os patenteados a incrementarem maior rigor na verificação documental das declarações, bem como priorizar os exames físicos de mercadorias de maior risco.