As populações a serem reassentadas dizem que falta informação. Por seu turno, o Município da Matola garante que as obras serão retomadas em breve.
Em 2018, houve deslizamento da lixeira de Hulene, arredores da Cidade de Maputo, que vitimou, segundo dados oficiais, 17 pessoas. A partir daí, as autoridades iniciaram a projecção do aterro sanitário de Matlemele, localizado no Município da Matola, Província de Maputo. Esperava-se que funcionasse numa primeira fase a partir de 2019. Tal ainda não aconteceu, a população ocupou parte da área do aterro, o que originou um grande impasse e sessões de negociações.
Lídia Cuna conta que, há oito anos, vive no bairro de Matlemele, no Município da Matola. Foi avaliada a sua casa em 100 mil Meticais, porque tem de ceder o espaço para a construção do aterro sanitário e já recebeu terreno no bairro vizinho de Ngolhosa. Reclama que o processo não está a avançar.
“Não está a andar o processo, recebemos terrenos há cinco anos, mas, até aqui, não nos dizem nada, estamos a viver como estão a ver. Estou a aumentar a minha casa por ver as minhas crianças crescerem e o Município não diz nada, está tudo parado e nada está a andar.”
O projecto é financiado pelo Governo de Moçambique e parceiros num valor inicial de cerca de 60 milhões de dólares americanos. As obras tinham previsão de duração de 30 meses com tempo estimado de vida útil de 25 anos com capacidade para reciclar 200 toneladas de lixo por dia. Dentro da área do aterro sanitário, há casas já demarcadas, outras já demolidas e há quem prefere vender. Ilídio Zandamela tem o traçado do muro a atravessar a sua casa e espera pelo reassentamento.
“O muro passa mesmo daqui do meio da minha casa. É só ver que estou aqui, não posso mexer na minha casa e tudo está dependente das autoridades. Vamos continuar a esperar mas sem saber por quanto tempo.”
As famílias que vivem no perímetro do aterro sanitário de Matlemele dizem estar na indefinição e à espera de um futuro incerto. “Eu não sei, na verdade, qual é o futuro que temos aqui.”
O aterro está projectado para uma área de 100 hectares a beneficiar as cidades de Maputo e Matola e as obras são da responsabilidade do Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável, entidade criada pelo Governo.
O Município da Matola garante que já está a avançar com o reassentamento. João Nhambe, vereador de Actividades Económicas, que falava em representação da vereadora de Salubridade, deu uma garantia: “Neste momento, está a decorrer a transferência das famílias que estavam a ocupar parte do espaço do aterro de Matlemele. De um total de 16, já temos quatro famílias que foram transferidas e já estão em Ngolhosa, faltando a outra para se proceder à transferência. Como sabemos, é um processo e não é fácil, porque as pessoas estão a viver lá já há bastante tempo e cada um tem de organizar certas coisas para poder sair, mas estamos a trabalhar com as pessoas, estão a aceitar o processo, estamos felizes com isso, acreditamos que, a breve trecho, arranquemos com as obras de construção do aterro”.
Enquanto as obras de construção do futuro aterro sanitário de Matlemele não começam, a comunidade aproveita o espaço para jogar futebol num campo improvisado localmente.