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Continua desconhecido o paradeiro do empresário raptado no sábado em Maputo

Foto: O País

O SERNIC diz que está a trabalhar para resgatar a vítima e neutralizar os raptores, mas não avança se há ou não pistas para a neutralização dos criminosos. Os empresários dizem que o Estado é impotente para lidar com os raptos.

Vários são os vídeos partilhados, nos quais é visível a actuação dos raptores que não temeram as câmaras de vigilância nem as filmagens feitas por populares, nem esconderam os seus rostos. Tudo aconteceu em fracções de segundos, homens empunhando armas de fogo de uso exclusivo das Forças de Defesa e Segurança efectuaram disparos e levaram o empresário.

Volvidas mais de 24 horas após a ocorrência de mais um rapto na Cidade de Maputo, não se sabe do paradeiro da vítima nem dos raptores.
O SERNIC, na Cidade de Maputo, diz que está a trabalhar para esclarecer o crime e, neste momento, qualquer informação a partilhar pode prejudicar a investigação.

O jurista e criminalista Elísio de Sousa defende a necessidade de fortalecimento, articulação  e capacitação das instituições  da administração da justiça para serem capazes de prevenir e combater os raptos.

“Penso que o combate aos raptos tem a ver com uma série de instituições que devem estar coordenadas; tem a ver com uma série de acções que devem ser feitas por várias instituições e tem a ver com a potencialização do Ministério Público. Temos um Ministério Público ainda meio tímido, que nem sequer sabe quais são as suas competências. Temos um Ministério Público que parece mais um gabinete de expedientes”, lamentou Elísio de Sousa, jurista que, depois, avança soluções.

“É preciso termos uma instituição que possa dar-nos segurança da sua actuação; temos de ter tribunais fortes, que consigam não só julgar aqueles criminosos que estão na barra da justiça, mas também que tenham poder de investigação. Nós temos de reformar a Lei da Organização Judiciária, ter juízes de instrução criminal que vão ao terreno, juízes que trabalham porque este tipo de situações são crimes movidos por máfias”, sugeriu o criminalista.

Através da sua página do Facebook, o antigo bastonário da Ordem dos Advogados, Gilberto Correia, criticou a CTA por não estar a pressionar as autoridades  para pôr  fim aos raptos.

“Virão seguramente em mais um comunicado inócuo, mais uns encontros ministeriais, mais umas aparições na TV, sem nenhuma acção mais enérgica, sem nenhuma forma de protesto que pressione a resultados concretos para que, ao menos, a indústria de raptos não destrua mais o tal ambiente de negócios de que tanto falam”, deplorou Gilberto Correia.

E a CTA criou o pelouro de Segurança e Protecção que diz que não compete a si combater o crime, empurrando a responsabilidade às autoridades moçambicanas. Pedro Baltazar, presidente do pelouro em referência, quem devia combater o crime dos raptos não está a fazer.

“Há uma impotência em Moçambique em lidar com o fenómeno dos raptos, depois há certeza de que a acção deles, certeza absoluta de que a acção deles vai ser coroada de êxitos e depois a sensação de impunidade. É necessário que comecemos com acções enérgicas para combater os raptos”, referiu Pedro Baltazar.

Devido ao recrudescimento dos raptos, a CTA diz que aumenta o número de empresários que abandonam o país.
“Nós temos um grupo de empresários que vinham investindo no país, mas viram-se obrigados a retirar-se por causa da insegurança perante o fenómeno dos raptos.”

Maputo é uma das cidades mais bem policiadas do país, há agentes da PRM em todos os cantos. O que não se compreende é como é que crimes violentos ocorrem nas barbas da Polícia sem que aconteça nada. As autoridades não conseguem identificar ou neutralizar os criminosos, tal como aconteceu no último sábado.

Elísio de Sousa diz ser inconcebível esse cenário: “Não se justifica que, à luz do dia, numa situação em que as pessoas estão ainda a preparar-se para o dia, estejam bandidos já arquitectados para cometer crimes. Não se justifica que, à luz do dia, nós não tenhamos polícia por perto para impedir um crime que acontece duas a três esquinas de uma esquadra”.

A CTA questiona o estágio da criação da força especial para combater os raptos anunciada pelo Governo. Os empresários dizem que já avançaram com várias sugestões ao executivo para combater raptos, sendo uma delas o uso das câmaras de vigilância instaladas na via pública para ajudar na identificação de criminosos.

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