A Rede de Sistemas de Aviso Prévio de Fome (FEWS NET), financiada pelos Estados Unidos da América (EUA), alertou que o sul e partes do centro de Moçambique enfrentam uma crise alimentar devido às altas temperaturas e chuvas tardias, colocando em causa a produção agrícola da presente safra.
A época agrícola começou quarenta dias atrasada, com apenas 53 por cento do plantio na região sul de Moçambique. Com esse cenário, a Fews Net desenha um quadro sombrio para agricultura neste ponto do país.
“Na região sul e partes da região centro, a ocorrência de estiagem e temperaturas extremamente altas desde Dezembro, afectaram negativamente as culturas, forçando muitas famílias a realizarem novas sementeiras”, indica a avaliação da Rede de Sistemas de Aviso Prévio de Fome.
Acrescentando, que a ajuda humanitária em Janeiro passado atingiu 167 mil pessoas. No entanto, essa assistência é tida como insuficiente para alterar a crise na classificação das zonas semi-áridas do sul e centro.
O relatório também destaca Zambézia, Sofala e Manica, onde o ciclone tropical ‘Desmond’ causou inundações a 21 de Janeiro. A FEWS NET observou que esta tempestade causou inundações locais, danificou a infra-estrutura e afectou mais de 1.300 hectares de plantações.
Além disso, cerca de seis mil pessoas foram deslocadas de algumas áreas da Beira e Dondo em Sofala e nas partes do distrito de Chinde na Zambézia.
O Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) criou centros de trânsito para fornecer abrigo, comida, água e saneamento às famílias afectadas pelas enxurradas.
Parte considerável da região semi-árida da África Austral é naturalmente de Moçambique (em particular, o interior das províncias de Gaza e Inhambane). No entanto, este ano o padrão climático foi interrompido pelo fenômeno tropical El Niño.
El Niño é, geralmente, um fenómeno de aquecimento das águas superficiais do Pacífico, que tem um grande impacto nos padrões climáticos em todo o mundo. Na África Austral, frequentemente resulta em secas severas.