A primeira-dama, Isaura Nyusi, defende que a sociedade deve lutar para combater o estigma e discriminação para que as vítimas do cancro cheguem mais cedo às unidades sanitárias e haja redução da mortalidade pela doença. A esposa do Chefe do Estado falava esta segunda-feira durante as celebrações do Dia Internacional da Criança com Cancro.
No dia em que o mundo parou para assinalar a efeméride, Isaura Nyusi sublinhou ser urgente lutar contra tabus na sociedade para reduzir a mortalidade por esta doença que anualmente acomete cerca de 20 mil pessoas.
“Muitos desses casos, aparecem nas unidades sanitárias em fases avançadas, tornando mais difícil e menos eficaz a possibilidade de tratamento, o que contribui para uma taxa de sobrevivência muito baixa. Descobrir que uma criança, um adolescente tem cancro é muito difícil de se enfrentar e aceitar por parte da sociedade, principalmente para os pais”, introduziu a esposa do Presidente da República para depois revelar avanços que o país tem vindo a registar no tratamento da doença.
“Ficamos esperançados que hoje 70 por cento das crianças e adolescentes com cancro podem ser curadas, e a maioria terá uma qualidade de vida satisfatória. Perante este cenário, torna-se importante a criação de redes de apoio às crianças, adolescentes e suas famílias com intuito de fornecer suportes clínicos, emocional, financeiro e material a fim de proporcionar cuidados holísticos e personalizados a cada um com objectivo de minimizar as possíveis sequelas causadas pelo cancro em suas vidas”, referiu.
Presente na ocasião, o representante da OMS em Moçambique, recordou que a nível mundial, 300 mil crianças são diagnosticadas com cancro, sendo por isso, que os países devem apostar recursos para a prevenção da doença, pois os custos para o tratamento são mais elevados.
“Estima-se que por cada um dólar que se investe na prevenção e controlo do cancro, pode-se potencialmente poupar nove dólares em custos de tratamento e gerar um retorno de 2.74 dólares. Por esta razão, todo o investimento para a prevenção e controlo do cancro infantil ou de outras doenças não transmissíveis, não pode ser visto como uma despesa, mas sim como um investimento cujos retornos para os governos são reconhecidamente altos”, explicou Joaquim Saleca, tendo depois referido que os países pobres como Moçambique estão em desvantagem na luta contra esta doença se comparados com os países do primeiro mundo.
“Esta é uma das principais causas de morte em crianças e adolescentes dos 0 aos 19 anos e grande maioria destas crianças vivem em países de baixa e média renda, onde muitas vezes o tratamento não é disponível ou é inacessível. E como resultado, nesses países apenas 20% das crianças com cancro sobrevivem, em contraste dos mais de 80% de sobrevivência nos países de alta renda. É sabido que as mortes evitáveis por cancros infantis que ocorrem em países de baixa e média renda resultam da falta de diagnóstico, diagnóstico incorrecto ou mesmo atraso no diagnóstico. Esta profunda desigualdade é uma ameaça à prossecução da cobertura universal da saúde e no alcance dos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável até o ano 2030”, recordou.
CANCRO RESPONSÁVEL POR OITO MILHÕES DE MORTES
Coube a Cesaltina Lorenzoni, chefe do Programa Nacional do Controlo do Cancro, fazer a radiografia global sobre a doença.
“O cancro representa um problema importante de saúde pública em todo o mundo, sendo responsável por elevadas taxas de morbimortalidade. Em 2018, o cancro foi responsável por 8,8 milhões (13%) do total de mortes no mundo, representando a segunda causa de morte por doenças não transmissíveis”, disse a fonte.
O cancro é uma das principais causas de morte no mundo. Todos os anos, cerca de 8 milhões de pessoas morrem vítimas de cancro e estima-se que a doença é responsável por mais de 84 milhões de mortes entre 2005 e 2015. Espera-se que a nível global em 2040 haja 29.5 milhões de novos casos e 16.4 milhões de mortes. Para Moçambique estima-se que haja em 2040 cerca de 52 mil novos casos de cancro”, detalhou Cesaltina Lorenzoni.
Em Moçambique são diagnosticados anualmente cerca de 120 novos casos de cancro em crianças, sendo que está provado que o diagnóstico precoce é fundamental, permitindo salvar em até 80% dos casos. No evento, a primeira-dama ofereceu brindes a crianças com cancro.