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Estado-Maior General nega preferência pelas tropas ruandesas em Mocímboa da Praia

O comandante do Instituto Superior de Estudos de Defesa nega que haja preferência pelos militares ruandeses, em detrimento das tropas moçambicanas em Mocímboa da Praia. O major-general tenente Freitas Norte diz que o vídeo que circula é falso, com intenção de descredibilizar as Forças de Defesa e Segurança em Cabo Delgado.

Há dois dias, esteve a circular nos media um vídeo amador, supostamente capturado em Mocímboa da Praia, dando conta de que a população daquela vila de Cabo Delgado, bastante afectada por incursões terroristas, tem preferência pelos militares ruandeses, em detrimento das tropas moçambicanas.

Nesta quinta-feira, a nossa reportagem confrontou o Estado-Maior General com o facto, tendo este negado a veracidade das imagens.

“Nós estávamos lá, em Mocímboa da Praia, conhecemos como é que é o cenário. Eu vi as imagens. Aquelas imagens, para quem esteve no Teatro Operacional Norte e conhece, em particular, Mocímboa da Praia, há algumas perguntas que deve colocar. Porque, em termos do cenário, o espaço onde aquela actividade é difundida, não é, nem tem nenhuma relação com o espaço que é Mocímboa da Praia”, disse o comandante do Instituto Superior de Estudos de Defesa.

O reitor afirma que a vila de Mocímboa da Praia não tem aquelas imagens em termos de vegetação e de infra-estruturas, e conclui tratar-se de imagens manipuladas, porque, no terreno, a realidade mostra-se contrária.

“Há ali uma sugestão de serem imagens trabalhadas para se atingir um objectivo que eu não sei qual é. No Teatro Operacional Norte, as Forças Armadas são acarinhadas pelo povo, as Forças Armadas trabalham com o povo. O povo nos ajuda, até certo ponto, a indicar quais são as manifestações com alguma tendência que ponha em causa a segurança e estabilidade da região e do povo, em particular. Portanto, há uma análise pormenorizada. Consegue-se identificar que aquilo é um exercício manipulado. E, num processo como este, de conflito, onde há muitas hostilidades, onde há muitos interesses em torno desse conflito, a probabilidade de manipular a informação é maior.”

Em relação ao combate ao terrorismo, Norte fala de controlo da situação.

“A situação actual, posso dizer que as Forças Armadas, sobretudo a partir de Março, Abril, Maio, para cá, nós tivemos uma tendência de ascendência das actividades dos terroristas. Como devem ter tomado conhecimento, chegaram a ir à ameaça na zona de Mecula, mas hoje a nossa actividade cinge-se na perseguição, porque o inimigo já não tem aquele modus operandis anterior, de agir em grupo, adquirir um determinado espaço, onde formam ou criam a sua base permanente. Eles agora estão em movimento, estão dispersos por causa da pressão das Forças Armadas. E nós, como Forças Armadas, como Forças de Defesa e Segurança, no geral, a nossa missão é andar sempre em perseguição para neutralizar e limitar essa mobilidade deles.”

Este comportamento, entende o major-general, onde procuram atingir algumas aldeias isoladamente, fazendo sequestros, para depois pedirem resgates, significa que há um certo desespero no seio dos terroristas, relativamente ao seu asseguramento logístico.

Sobre as mortes de civis nas zonas de combate, Norte lamenta e diz ser resultado de os terroristas, às vezes, se infiltrarem na população, sendo difícil distingui-los.

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