A instalação clandestina de portagem numa estrada não classificada e cobrança de 250 meticais, por viagem a cada camionista de transporte de inertes, está a gerar conflitos entre várias associações que actuam no distrito da Moamba, província de Maputo.
Passam mais seis anos desde que a confusão se instalou na Moamba devido ao uso de uma estrada com cerca de 30 quilómetros, construída como alternativa para a circulação de camiões nas estradas do interior da vila sede daquele distrito.
Pela referida estrada, passam camiões de alta tonelagem carregados de areia do Incomáti. Contudo, andar por aquela via não é de borla, diz António Tembe, camionista que trabalha naquela via já há uns três anos.
“Tem os homens da associação que fazem a manutenção da estrada e os camiões pagam 250 meticais por viagem”.
Estima-se que cerca de 100 camiões usam a estrada em causa diariamente. Os 250 meticais por cada viagem fica nas mãos da Associação dos Transportadores de Inertes e Areeiros da Moamba. A cobrança está a gerar conflitos com as outras associações com interesses no mesmo troço.
A Associação dos Transportadores de Inertes e Areeiros da Moamba “estabeleceu essa taxa [250 meticais]”, contou António Tembe, para quem o valor era exigido mediante promessa de reparar a estrada, o que não aconteceu até hoje.
Um empresário do sector de transportes e carga, conhecido por “John e Filhos” é presidente da agremiação que ilegalmente cobra dinheiro aos camiões de carga. Ele defende-se dizendo que houve consenso para a fixação da tarifa em causa. “São eles, os utentes, os transportadores, que devem pagar [os 250 meticais]. Então isso é um consenso, não porque alguém acordou e decidiu marcar esse valor”.
O argumento é rebatido por Joshua Sitoe, também presidente da Associação dos Agricultores da Moamba, para quem o montante para o uso da via “foi estabelecido por eles. Não é de consenso porque não se consultou a ninguém. Nós vimos os camionistas a serem cobrados valores. Alguns deles vinham ter connosco para intervirmos e dissemos que não”.
O Conselho de Representação do Estado da Província de Maputo explica, através do director de infra-estruturas, Fernando Andela, que a taxa exigida aos camionistas é ilegal, tal como é a existência da portagem naquela estrada não classificada.
Segundo o interlocutor, as delegações da Administração Nacional de Estradas (ANE) e do Fundo de Estradas não têm conhecimento da existência de uma associação que opera nos moldes reportados. Se existe, “é de facto ilegal”.