Cientistas moçambicanos e sul-africanos estão a levar a cabo uma série de pesquisas, em Inhambane, centradas no estudo de espécies marinhas em vias de extinção. Nas suas actividades, envolvem comunidades locais e alunos de várias escolas dos bairros de Malembuane e Guitambatuno, localizados ao longo da costa.
Pretende-se, com a iniciativa, identificar novas espécies marinhas que habitam a costa de Inhambane e as que estão em vias de desaparecimento, devido à acção humana e não só.
As pesquisas ao longo da costa, no município de Inhambane, contam com ajuda dos residentes locais, principalmente para a identificação dos locais de reprodução.
Nelson Miranda, cientista sul-africano e docente na Universidade Nelson Mandela, falou da importância de se envolver as comunidades. “Algumas espécies nem são conhecidas cientificamente, mas as comunidades já as conhecem localmente. Daí a necessidade de envolvê-las, de modo a que possamos fazer a fusão do conhecimento científico e com o que a população local sabe. Outra razão é que, com muitas pessoas e cada uma em busca de algum animal vivo do mar, temos maior número, o que facilita a pesquisa em menos tempo”, disse.
António Cabral é moçambicano e alinhou pelo mesmo diapasão, tendo acrescentado que as comunidades locais melhor conhecem as zonas de protecção onde ocorre a reprodução, onde elas próprias, chegado o tempo, não praticam a pesca.
Como forma de evitar a extinção de certas espécies do mar, as comunidades locais já pensam num período de proibição da actividade pesqueira, para permitir a sua reprodução e crescimento. “Nós já definimos o período de Janeiro a Março como sendo o tempo de veda, ou seja, um intervalo de tempo em que é proibido pescar e isto poderá contribuir para o aumento das espécies”, referiu José Luciano, membro da comunidade e da associação dos pescadores de Inhambane.
As duas comunidades são exemplo de tantas outras, na província de Inhambane, que têm a pesca como a principal fonte de subsistência, uma actividade que raramente é regulada.