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Cidade de Nampula volta a provar apatia no combate à COVID-19

Parece difícil o combate contra o Coronavírus na cidade de Nampula. A edilidade decidiu encerrar o jardim-parque, mas há outro grande aglomerado de pessoas defronte do Hospital Central de Nampula, onde adultos mantém-se de dia e de noite, sem máscaras e sem respeitar o distanciamento mínimo necessário.

Depois de termos denunciado a situação por dois dias, o Município de Nampula decidiu encerrar o jardim-parque enquanto estiver em vigor o estado de emergência nacional.

Entretanto, desde que o Hospital Central de Nampula começou a restringir o acesso ao recinto hospitalar, dezenas de pessoas que têm os seus familiares internados concentram-se no portão principal, muitas delas sem máscaras e sem respeitar o distanciamento mínimo necessário. A direcção provincial de Saúde diz-se incapaz de intervir porque as pessoas estão no espaço público, de domínio da autoridade municipal.

“O que nós fizemos foi chamar o Município à responsabilidade para ajudar as unidades sanitárias para consciencializar as pessoas que não devem estar ali porque é um perigo, não só para o hospital, mas também para eles como cidadãos que estão ali à volta do muro do hospital”, argumentou  Munira Abdou, directora provincial de Saúde em Nampula.

E engana-se quem pensa que aquela situação verifica-se apenas durante o dia. A nossa reportagem escalou o local durante a noite e encontrou muitas pessoas a dormir ao relento, uma próxima da outra. Trata-se na sua maioria de pessoas que saem de distritos longínquos que não tendo onde se alojar ficam naquele sítio para saberem dos seus familiares internados.

A doença do momento que preocupa o país e o mundo é ignorada por completo.

“Estou a acompanhar minha filha que teve cesariana. Tenho que lhe ajudar a lavar o bebé. Não uso máscara porque não tenho dinheiro para comprar”, disse Hermelinda Luís, uma das dezenas de pessoas que encontramos deitada naquele espaço do passeio em frente ao Hospital Central de Nampula.

Quando o dia nasce cada um arruma os seus pertences e perfila no muro de vedação do hospital e mais uma vez formam os aglomerados diurnos, sob o olhar sereno do Município e da PRM. O Secretário de Estado esteve aqui há dias, juntamente com o presidente do Município, mas até aqui ainda não saiu uma solução para este problema.

“Há um documento que está a ser feito para que consigamos juntos dos serviços distritais de Educação para ver se podemos encontrar uma escola para colocarmos estas pessoas e que quando amanhece possam vir visitar os seus familiares e à noite voltem à escola, se os serviços distritais concordarem”, avançou Nelson Carvalho, director de Comunicação no Município de Nampula.
Enquanto isso não acontece, quase todos concordam que aquele é um espaço fértil para a contaminação e propagação do coronavírus, devido às concisões em que se encontram dispostas as pessoas.
 

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