O corte ocorreu na madrugada deste domingo e durou até por volta das 8 horas da manhã. Até às 09 horas, já havia sido restabelecida a energia em toda a região Norte. Já no Centro, alguns distritos da província da Zambézia continuam às escuras, devido à danificação de cabos e/ou queda de postes de transporte de energia.
O corte no fornecimento da corrente eléctrica foi uma medida de prevenção contra acidentes, dado que, devido a ventos fortes e chuvas intensas que caracterizaram a passagem do ciclone Freddy pelo Centro e pelo Norte do país, vários postes de transporte da corrente eléctrica caíram e muitos cabos ficaram danificados.
De acordo com a Electricidade de Moçambique (EDM), empresa pública, cerca de um milhão de clientes ficaram sem luz eléctrica por cerca de 10 horas, desde as 23 horas até às 8 horas deste domingo.
Às 9 horas, a situação já estava normalizada para toda a zona Norte, mas a região Centro não teve a mesma sorte. Alguns distritos das províncias de Zambézia e parte da cidade da Beira, em Sofala, continuaram às escuras até ao fim do dia de hoje.
A província de Zambézia foi a mais afectada. A cidade capital, Quelimane, ficou totalmente às escuras e os distritos da Maganja da Costa, Mocubela, Pebane, Posto Administrativo de Namanjavira, Namacurra, Nicoadala, Chinde, Inhassunge e diversos bairros da cidade de Mocuba e demais distritos também sem energia eléctrica.
“Estamos a estimar que cerca de 150 postes de média tensão foram danificados. Perdemos quatro postes de transformação e cerca de 7 km de linhas de baixa tensão danificadas”, detalhou o porta-voz da EDM, Luís Amado.
Amado avaliou os danos em mais de 350 mil Meticais. Até este domingo, a empresa pública de fornecimento de energia estimava que cerca de 100 mil clientes continuavam sem luz eléctrica na Zambézia.
De acordo com Luís Amado, o restabelecimento da corrente está refém da reposição dos danos causados, de modo a evitar incidentes.
Os impactos do ciclone Freddy começaram a fazer-se sentir na tarde do último sábado. Além de destruir casas, desalojando muitas famílias, o fenómeno condicionou o fornecimento de diversos serviços públicos.
Aliás, dados preliminares avançados, este domingo, pela Actionaid Mozambique, só na província da Zambézia, cerca de 270 famílias, o que corresponde a mais de 1500 pessoas, ficaram desalojadas.
Ainda na Zambézia, os distritos da Maganja da Costa, com 83 famílias, o correspondente a 30 pessoas, e Mocuba, com 935 pessoas, foram os mais afectados pelo fenómeno natural. Mais de 14 salas foram destruídas. Outros dados da organização não-governamental supracitada indicam que mais de 200 casas foram afectadas e um hospital ficou parcialmente destruído. Para abrigar as pessoas necessitadas, foram criados três centros provisórios.
A distribuição de água nas províncias da Zambézia, Niassa, Nampula e Cabo Delegado também está condicionada devido à avaria da linha principal.
As telecomunicações não foram excepção. Desde a madrugada deste domingo, muitas pessoas não conseguem manter contacto com os seus familiares na província da Zambézia. Como alternativa, tenta-se recorrer à comunicação por satélite.
“Desde a madrugada de domingo que a cidade de Quelimane está incomunicável. Está difícil falar com as pessoas”, confirmou um munícipe da cidade de Mocuba, que fica a duas horas de Quelimane.
Segundo a mesma fonte, ao telefone, o caudal do rio Licungo tende a aumentar, colocando as populações que vivem nas margens em alerta.
“As pessoas estão a recorrer às escolas mais próximas para procurar abrigo”, disse.
Até este domingo, não havia indicação de nenhum corte nas vias de acesso, mas, com a subida dos caudais de alguns rios, o perigo era iminente.
Depois de ter atingido a zona costeira de Inhambane, há cerca de duas semanas, nesta que é a sua segunda entrada no país, o ciclone vai permanecer na Zambézia por mais três dias, causando chuvas de mais de 200 milímetros nas próximas 24 horas, pelo que o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) alerta para o risco de inundações.
“Em alguns distritos da província da Zambézia, já tivemos acima de 400 milímetros de precipitação. Embora os ventos possam abrandar, este sistema vai permanecer estático na província da Zambézia por três dias, então nós apelamos à comunidade para que esteja em alerta e fique sem zonas seguras, porque ainda haverá mais chuvas”, explicou o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia.
Todos os distritos da Zambézia estão em alerta. O INAM prevê chuva ainda para toda a região Centro do país nos próximos dias.