Há centenas de casas dentro de água em consequência da chuva que vem caindo nos últimos dias e com enfoque na noite da terça-feira. Há casas que caíram e outras em risco de desabar. Muitas ruas estão intransitáveis. As pessoas vivem um verdadeiro drama.
Clésio Mulima estava no interior da sua casa junto da sua família quando a chuva começou a cair. Com o passar do tempo, uma das paredes caiu e atingiu um dos filhos que se encontrava a dormir. “A parede caiu por cima da criança, eu não sei como ele sobreviveu porque ali eu estava a tentar tirar a água e eu não estava a ouvir os gritos dele, mas, de repente, começou a chamar por mim e pela mãe e fui vê-lo, rasguei a rede mosquiteira e tirei o miúdo, graças à Deus não ficou ferido”, contou Clésio Mulima.
Depois de salvar o filho, Clésio juntou a família e abandonou temporariamente o bairro de Maxaquene que, segundo as estruturas locais, já iniciou o processo de identificação de casas e famílias afectadas.
Outro drama vive-se no bairro Ferroviário, onde os moradores tentam tirar o que sobrou. “Estamos mal aqui, a chuva caiu demais e estamos todos fora de casa e as nossas coisas molharam; os cadernos das crianças, a nossa roupa e comida, tudo molhou”, lamentou Fátima Moisés.
Recentemente, foram colocadas pelo Município de Maputo sobre a Avenida Julius Nyerere duas condutas para escoamento de águas pluviais que são apontadas pelos moradores como responsáveis pelas inundações. “Os que fizeram aquelas estruturas fizeram muito mal, como vês, estamos aqui a passar mal por conta daqueles canais colocados debaixo da estrada.”
Lelo Tayobe, do Instituto Nacional de Meteorologia, estima que foram mais de 100 mm de chuva que caiu em menos de duas horas e vai continuar na zona Sul, mas “não na quantidade que registámos na madrugada de hoje (quarta-feira). De facto, a quantidade de chuva que caiu hoje é muita e foi devido a um sistema que vínhamos monitorando. Até à hora de fecho, estávamos cientes de que não seria a quantidade que caiu, o sistema evoluiu e surpreendeu-nos.”
O Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) diz estar, junto do Município de Maputo, no terreno a fazer o levantamento dos estragos causados pela chuva.