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Chissano e Guebuza querem uma SADC focada no combate ao terrorismo

A assunção da liderança da SADC por Moçambique é vista como elemento de base para se endurecer o combate ao terrorismo, porquanto Moçambique está a ser vítima deste mal em Cabo Delgado

O combate ao terrorismo, conflitos localizados e COVID-19 são desafios imediatos da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), segundo o antigo Presidente da República, Joaquim Chissano.

Porém, da agenda da quadragésima cimeira da SADC, que decorreu hoje, não constavam esses temas, com excepção da COVID-19.

“A realização desta cimeira, desta maneira (virtual) é sinal de que houve nos nossos países avanços”, destaca Joaquim Chissano, explicando que o facto de esta cimeira dizer respeito a SADC, talvez fosse motivo da sua não realização pelo facto de os países membros não terem ainda desenvolvido suficientemente as suas tecnologias.

“Países da África Austral são recém-nascidos. Parecia que não era possível termos esta tecnologia a funcionar”.

Apesar de referir-se ao terrorismo e conflitos militares como alguns dos desafios imediatos da SADC, Chissano defende que “os conflitos (internos do nosso país), nós moçambicanos estamos a tratar da questão e esperamos vencer”.

Por sua vez, Armando Guebuza, espera que a nova liderança da SADC tire proveito da experiência da Comunidade para combate a insurgência no país.

“Esperemos que esta SADC possa também continuar a olhar para esses aspectos e de maneiras a poder permitir valorizar ainda mais as experiências que a própria região tem de confrontar-se com situações de insegurança e de terrorismo”, defende.

Ainda na senda de reacções à quadragésima cimeira da SADC, Tomaz Salomão, antigo secretário executivo da organização, diz que os países membros da organização têm consciência dos desafios e terão que olhar para o terrorismo com neutralidade necessária e combate-lo de forma séria.

“Este fenómeno afecta Moçambique, mas afecta também um país vizinho, que por coincidência é o país que entregou hoje a presidência da organização, que é a República da Tanzânia. A Tróica da organização para assuntos da defesa, segurança e assuntos políticos terá que olhar para este assunto com a neutralidade necessária para recordar o presidente da organização aquilo que a Tróica acha que deve ser feito”

Salomão aponta também a COVID-19 como tema para o qual a SADC deve avaliar seu impacto e procurar soluções imediatas.

“Que pelo menos os países membros olhem para aquilo que são os aspectos que mais preocupam a região neste momento, no quadro dos três pilares, que são o desenvolvimento industrial, o desenvolvimento das infra-estruturas e o capital humano”, alerta, argumentando que é preciso olhar de que forma a COVID-19 afecta a região no cumprimento das responsabilidades da organização.

 

Tomaz Salomão

Antigo secretário executivo da SADC

 

“O país vítima, o país agredido, o país violado é Moçambique. Este fenómeno afecta Moçambique, mas afecta também um país vizinho, que por coincidência é o país que entregou hoje (ontem) a presidência da organização, que é a República da Tanzânia. Tudo indica que a retaguarda logística, a base logística destes terroristas para atacarem Moçambique é a Tanzânia. Mas é possível também que a Tanzânia seja vítima destes mesmos terroristas que usam este corredor para entrar em Moçambique atravessando o Rovuma, devido a vulnerabilidade das nossas fronteiras. A Tróica da organização para assuntos da defesa, segurança e assuntos políticos terá que olhar para este assunto com a neutralidade necessária para recordar o presidente da organização aquilo que a Tróica acha que deve ser feito, mas estas coisas na organização funcionam à base dos pedidos feitos pelo país membro”

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