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Chissano diz que países que recebem ajuda não devem ser vistos como os mais fracos

O antigo Presidente da República, Joaquim Chissano, defende que os países mais desenvolvidos e os menos devem continuar a trabalhar juntos para o bem-estar de todos. Segundo Chissano, os países mais necessitados podem receber assistência para acabar com a pobreza, promover a igualdade do género e proteger o meio ambiente, que são os objectivos do desenvolvimento sustentável, como forma de garantir o seu desenvolvimento sustentável e inclusivo.

Entretanto, Joaquim Chissano chama atenção e diz que essa cooperação internacional pode e deve ser exercida em casos específicos, particularmente em países menos desenvolvidos, tanto no quadro da cooperação sul-sul quanto da cooperação triangular, através da troca de conhecimento e experiências e disseminação das boas práticas.

“Isto quer dizer que a cooperação internacional bilateral ou multilateral não deve ser vista só na relação doador-recipiente, em que o beneficiário é sempre visto como o mais fraco”, apontou.

Conforme explicou o antigo presidente, ao olhar-se a cooperação internacional sob essa perspectiva, podem surgir desafios entre essas nações, como a falta de vontade política entre os países e governos, o risco de perda de soberania política e económica e de conflitos armados e instabilidade política.
o ex-estadista moçambicano falava durante o segundo dia do VI congresso da Universidade Católica de Moçambique, evento para o qual foi convidado, como orador, para se debruçar sobre o papel da cooperação internacional na promoção da fraternidade, paz e protecção da casa comum e das comunidades, em prol do desenvolvimento sustentável.

No seu discurso, Joaquim Chissano disse que a cooperação internacional está longe de beneficiar todos como era o desejado quando criado no fim da Segunda Guerra Mundial e, com a emergência de ameaças globais, muitos países perceberam que tinham mais a ganhar com acções conjuntas entre os povos que pudessem beneficiar todos.

Mas apresentou os caminhos através dos quais mais pessoas podem ser beneficiadas com a cooperação internacional. Um deles foi a fraternidade, que, para si, exige acções concretas de solidariedade.

“Quando diferentes nações trabalham juntas em projectos de cooperação, criam oportunidades para as pessoas partilharem experiências, conhecimentos e valores. Desta forma, estabelecem uma base sólida para a fraternidade, na medida em que as pessoas e os países aprendem a valorizar a diversidade e a cooperação em prol de objetivos comuns.”

Outra forma apresentada por Chissano foi a cooperação internacional como pedra angular na resolução de conflitos e prevenção de guerras. Conforme disse o antigo Presidente, a diplomacia e a negociação são meios pacíficos para resolver disputas internacionais.

Chissano defende que a cooperação entre as nações é essencial para que o processo de paz aconteça de forma efectiva, dando como exemplo o apoio que as forças do Ruanda e da SADC estão a prestar às Forças de Defesa e Segurança no combate ao terrorismo em Cabo Delgado. Todavia, Chissano apontou, também, o papel da cooperação internacional na mediação de conflitos através de acordos, para que os países resolvam suas diferenças de forma pacífica.

A protecção do ambiente foi também apresentada como uma das formas de garantir o bem-estar de todos.
“O cuidado com a casa comum é um imperativo moral e prático, pois todas as acções humanas têm impacto no meio ambiente, e as mudanças climáticas, a degradação do ecossistema e a escassez dos recursos naturais exigem uma acção colectiva sólida e urgente; tudo isso é possível fazer com a cooperação internacional.”

Por isso, Joaquim apelou à academia para incentivar pesquisas e programas de ensino voltadas para a sustentabilidade ambiental e para promover uma consciência ecológica e mais profunda aos seus estudantes e a toda a comunidade académica.

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