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Incêndio no Mercado Central de Quelimane mata uma pessoa, fere 37 e destrói mais de 5 mil barracas

Foto: O País

Incêndio no Mercado Central de Quelimane destruiu, hoje, mais de cinco mil barracas, matou uma pessoa e feriu outras 37, entre as quais um moderado e 36 ligeiros. O óbito foi registado dez minutos depois de a vítima ter dado entrada no Hospital Geral de Quelimane, para onde tinha sido evacuado para os primeiros socorros.

O cenário no terreno é desolador, pois com as mais de cinco mil barracas esta terça-feira consumidas pelo fogo de grandes dimensões, “despiu-se”, por completo, o Mercado Central de Quelimane. As barracas foram transformadas em autêntico escombro. Se as autoridades municipais avançam para mais de cinco  mil barracas destruídas, as de saúde indicam um óbito e 37 feridos, dentre os quais um moderado e 36 ligeiro.

Valério Chaiassimbe, chefe de Departamento de Assistência Médica na Direcção Provincial de Saúde da Zambézia, referiu que “estivemos posicionadas desde as 6 horas e trinta minutos, organizámos em equipas com duas ambulâncias, pessoal médico, enfermeiros e um pronto-socorro. Neste processo, tivemos registo de 37 feridos, dos quais 36 ligeiros e um moderado que teve uma ferida cortante; acabamos de o transportar para o Hospital Geral de Quelimane, onde foi feito uma intervenção cirúrgica e está estável”, disse Valério Chaiassimbe, chefe de Departamento de Assistência Médica na Direcção Provincial de Saúde da Zambézia, lamentando um outro caso grave que culminou com óbito dez minutos após de um paciente ter sido evacuado para o Hospital Geral de Quelimane, depois de um choque  eléctrico e traumatismo encefálico grave.

Terça-feira foi, na verdade, dia negro para muitas famílias em Quelimane que vivem graças à actividade comercial no mercado ora destruído. Com fogo de grandes dimensões, que atingiu as mais de cinco mil barracas nas primeiras horas desta terça-feira, viam-se comerciantes desesperados, procurando a todo custo retirar as suas mercadorias, mas a situação complicava-se a cada momento, dado o aquecimento causado no local pelo incêndio. Aliás, as mercadorias que ardiam nas barracas eram altamente inflamáveis.

Eram lágrimas atrás de lágrimas e não era para menos. Ver homens e mulheres a chorar feito crianças foi uma situação que destronava coração de qualquer um que estivesse a ver a situação no local.

O presidente da Associação dos Comerciantes Informais não conteve a sua emoção quando falava ao jornal O País, pois também perdeu tudo que tinha. Abrão Móbrica, que tem sido um dos defensores daquele tipo de emprego para a juventude, explicou que fizera, há alguns dias, empréstimo bancário para comprar mercadoria para a sua barraca, toda agora reduzida a cinzas. O mesmo se verifica, segundo disse, com os demais comerciantes que desenvolvem as suas actividades no mercado central.

Curiosos acorreram ao local, muitos deles em vez de ajudar, procuravam saquear bens dos comerciantes que lutavam para salvar as suas mercadorias numa luta incessante.

O Conselho Municipal de Quelimane, representado por Cândido Alferes, vereador de Mercados e Feiras, culpou o Serviço Nacional de Salvação Pública pelo alastramento do incêndio. “O incêndio que tivemos aqui se deveu à negligência do Serviço Nacional de Salvação Pública, pois o incêndio iniciou na primeira banca por volta das 6 horas e 15 minutos e nós tratamos de comunicar. Eles chegaram aqui tarde quando o fogo já tinha avançado para outras bancas. Chegados aqui, tiveram uma carga de água e, quando a mesma carga terminou, avançaram problemas de combustível”, disse o vereador.

Já o Corpo de Salvação Pública diz que deu a sua força máxima com a ajuda dos bombeiros dos aeroportos, para debelar as grandes chamas. “Fizemos tudo ao nosso alcance para extinguir as chamadas, todos os colegas que residem em Quelimane foram imediatamente destacados para esta operação. O que aconteceu aqui é que o fogo foi de proporções maiores, sendo que precisava de quatro ou cinco camiões e o SENSAP não tem estes meios”, precisou André Tazingua, comandante de Salvação Pública da Zambézia.

Até ao fecho desta reportagem, os comerciantes continuavam no local, vendo o que construíram a ser reduzido a cinzas.

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