Os casos da COVID-19 voltam a subir no país. Há cerca de um mês, isto é, a 10 de Maio, pessoas com vírus activo eram 55 e, até ontem, já somávamos 594. Significa que houve um aumento de cerca de 544 casos. Enquanto isso, na Cidade de Maputo, as pessoas quase esqueceram-se da máscara em locais fechados e com aglomerados e da lavagem das mãos.
O quotidiano da Cidade de Maputo mostra uma capital do país cuja azáfama toma conta das avenidas e dos passeios. Uns entram nas lojas, outros saem. Mas há, no meio da lufa-lufa, algo que mudou: não mais existem as filas para permitir que não sejam muitas pessoas a entrar de uma só vez na loja. As únicas filas, aliás, são dos vendedores que frustraram a edilidade e fazem dos passeios uma montra para a venda informal.
Os que vão ao formal (lojas) o fazem sem máscaras de protecção facial.
“Entrei sem máscara porque estou engripada e é difícil ficar com ela”, justificava uma das munícipes da Cidade de Maputo, Olga Marcos, que a interpelamos à saída de uma loja, na zona baixa da Cidade de Maputo.
À entrada das lojas, nem há água para a lavagem das mãos. As torneiras montadas lembram apenas as épocas de escassez de chuva em que nelas, pelo menos nas casas, a água não jorra. Mas aqui não se trata de falta deste líquido. É, sim, o desleixo sobre medidas de prevenção.
Enfim, deixemos de lado os que se colocam no risco de ir à loja para de lá sair com a COVID-19. Olhemos ao transporte de passageiros: o mesmo.
“As medidas mandam colocar máscara em locais fechados. Eu havia-me esquecido”, justificava Armindo Nhaquile, passageiro que viajava a Bobole num dos autocarros de transporte de passageiros.
Os transportadores nem se preocupam com quem entra no carro sem máscara. A viagem segue. Seguem aumentando os casos da COVID-19.
A 10 de Maio, havia 55 infectados activos, num dia em que houve 10 casos positivos. O número de novos casos vinha mesmo rondando entre cinco e 20 por dia e não havia registo de novos óbitos. O país chegou mesmo a permanecer com um internado pelo novo Coronavírus.
Até ontem, 12 de Junho, isto é, totalizamos 594 casos activos da doença, quiçá mercê do descuido na prevenção. Os novos infectados por dia variam entre 80 e mais de 100 e, na cama do hospital, estão 12 pessoas.
“A tendência de aumento de casos é global, embora em alguns países esteja a ocorrer uma tendência de declínio. Moçambique começou com o aumento tardiamente. É por isso que podemos dizer que o aumento de casos activos era expectável. O que devemos fazer é garantir duas coisas: manter a possibilidade de usar as medidas que conhecemos para controlar a COVID-19”, diz o ministro da Saúde, Armindo Tiago, que apela para adesão à vacinação contra a COVID-19.
Apesar da subida de casos, o ministro da Saúde diz que a iminente quinta vaga poderá ser a menos grave relativamente às mortes e a pessoas internadas, ainda que os números sejam elevados.
E num contexto de ameaça pela Varíola dos macacos, Tiago diz que as medidas de prevenção são basicamente as mesmas que as da COVID-19: higiene.