Um dos convidados internacionais ao segundo Congresso do Movimento Democrático de Moçambique é o presidente da Colisão Ampla para Salvação de Angola-Coligação Eleitoral, CASA-CE, Abel Chivukuvuku, que na cerimónia de abertura, fez um discurso.
Tendo em conta que o actual presidente de Angola, João Lourenço, prometeu durante a campanha eleitoral e reiterou no seu discurso de tomada de posse a criação de Autarquias Locais em Angola, o presidente da CASA-CE anunciou que vai contar com o apoio total do MDM para conseguir ganhar alguns municípios naquele país nas eleições que poderão ter lugar entre 2019 ou 2020.
Para o efeito, o político angolano anunciou a vinda a Moçambique próximo ano de uma delegação do seu partido que irá “estagiar” no Município da Beira para em primeiro lugar saber como se prepara uma candidatura e como se faz a campanha eleitoral para eleições locais e depois como se gere uma autarquia uma vez que essa será a primeira vez que Angola vai introduzir governos locais eleitos, e aquela coligação quer vencer aquela eleição.
Ciente das similaridades entre Angola e Moçambique, Chivukuvuku falou de alguns aspectos negativos que são comuns entre os povos dos dois países e que os dois partidos devem fazer de tudo para mudar: “é inaceitável que em pleno século 21, as características dominantes das nossas sociedades seja a pobreza material das nossas gentes, dos angolanos, dos moçambicanos e de quase todos os povos de África. É inaceitável que a juventude africana tenha perdido a latitude de sonhar e aspirar por futuro melhor. Fere a nossa dignidade de africanos assistirmos a fuga desenfreada e desesperada de milhares de jovens africanos que na tentativa de chegarem às terras europeias tornam-se vítimas de novos modelos de escravatura e consola-me a ideia de que entre milhares desses jovens africanos tudo indica que não existem nem moçambicanos, nem angolas”, disse o político referindo-se ao recente caso de venda de escravos na Líbia.
Por outro lado, Chivukuvuku denunciou o que chama de más práticas dos governos de Moçambique e Angola, mas também de outros países africanos e que tem estado a penalizar os povos e atrasar cada vez mais as economias destes países: “é inaceitável que em pleno século 21 grande parte dos regimes africanos tenham como suas características definidores o autoritarismo, a má governação, a insensibilidade e a corrupção. Nós em Angola fazemos face aos mesmos desafios que vós tendes aqui. A natureza dos regimes que imperam nos nossos países são similares. Não acreditam, nem respeitam os valores dos Estados Democráticos e de Direito”, disse.
A CASA-CE tem em tudo um percurso e história quase idêntica a do MDM. Nasceu em Abril de 2012 quatro meses antes das eleições gerais em Angola e mesmo assim conseguiu conquistar oito assentos na Assembleia Nacional daquele país. Em Setembro deste ano voltou a concorrer e conseguiu eleger 16 deputados. Ela resulta da dissidência de Abel Chivukuvuku da UNITA, levando consigo muitos quadros daquele partido, que liderou uma guerra civil sangrenta em Angola. Chivukuvuku foi um quadro sénior da UNITA durante vários anos e um dos braços direito de Jonas Savimbi.
O MDM foi criado três anos antes, em Março de 2009, também meses antes da realização de eleições gerais das quais conseguiu conquistar oito assentos no parlamento e nas últimas eleições aumentou o número de deputados para 17. Também é fruto da dissidência, de Daviz Simango e muitos outros quadros seniores da Renamo.