O volume de carvão mineral manuseado no corredor de Nacala tende a aumentar nos últimos tempos, perfazendo um milhão e trezentas mil toneladas por mês. O preço no mercado internacional ronda os USD 100/tonelada, sem contar com os custos de frete, o que anima as mineradoras
O acordo assinado na última sexta-feira em Nacala-à-Velha/Nampula, entre a Vale Moçambique e a Cimentos de Maiaia, abre um novo paradigma no negócio de carvão mineral explorado no país. Aquela cimenteira inaugurada há três meses na zona económica especial de Nacala-Porto vai comprar numa primeira fase 600 toneladas de carvão térmico por ano.
“É um acordo muito importante. Estamos habituados a exportar e na história do nosso corredor de Nacala, através do porto, já exportamos mais de 20 milhões nestes dois anos e meio de operação e este acordo é muito importante. É uma valorização das demandas que o país tem para o seu crescimento”, destacou José Carlos, director-executivo do Corredor Logístico do Norte, entidade que lida exclusivamente com o manuseamento do carvão mineral das minas de Moatize, em Tete, até ao porto de Nacala-à-Velha de onde o mesmo é exportado.
A cimenteira que doravante vai usar o carvão térmico nas suas operações fez as contas e concluiu que aquele recurso mineral pode ajudar a diminuir os custo de produção do cimento. “De três em três meses faremos o carregamento de cerca de 200 toneladas e esperamos que após um ano de celebração deste contrato a gente aumente a capacidade de carregamento de carvão mineral com o grupo Vale. Com o uso do carvão mineral vamos, de uma ou de outra forma, reduzir os custos de produção do cimento”, assegurou o director-executivo da Cimentos de Maiaia, Chunjie Gou.
Os números do acordo comercial não foram avançados, mas sabe-se que neste momento o carvão térmico custa 100 dólares a tonelada, o que significa que a venda anual de 600 toneladas pode render à Vale mais de 60 mil dólares.
“Nós movimentamos aproximadamente um milhão e trezentas mil toneladas de carvão por mês. O nosso plano para este ano deve superar a barreira de 13 milhões de toneladas”, disse José Carlos, deixando claro que nos últimos tempos o preço daquela “comoditie” no mercado internacional tem estado a impulsionar as mineradoras, depois da pior crise registada nos últimos três anos em que baixou para 50 a 60 dólares a tonelada.
Aliás, foi o negócio do carvão que viabilizou o Corredor de Nacala que compreende uma linha férrea de 912 km (de Tete a Nacala-à-Velha) e o respectivo porto, dentro do Corredor de Desenvolvimento do Norte.
Actualmente, os comboios de mercadoria levam em média 31 horas para fazer o troço, numa composição que normalmente leva 120 vagões.
O Corredor de Nacala é detido 50% pela Vale e 50% pela japonesa Mitsui. Daqui a dois anos espera-se atingir o pico de manuseamento de carvão mineral que é de 18 milhões de toneladas por ano, e sabe-se que as minas da Vale em Moatize têm a capacidade de produção de 22 milhões de toneladas por ano.