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Carlos Aik: “Ferroviário e Costa do Sol têm uma palavra a dizer na Taça dos Campeões Africanos”

Foto: FIBA-África

Carlos Ibrahimo Aik, um nome a reter, um nome que ficará para sempre ligado à história de glórias e superação do basquetebol do Ferroviário de Maputo, bicampeão africano de clubes. Aik deu sustento a um projecto que não só visava dominar o basquetebol internamente, como também evidenciar-se em África com títulos ao nível da Taça dos Clubes Campeões Africanos.

Em 2006, em Libreville, Gabão, levou às “locomotivas” a sua primeira final nesta competição, tendo, numa final emotiva e decidida no prolongamento, perdido diante do 1º de Agosto por 86-74. No ano seguinte, o Ferroviário de Maputo manteve-se no pódio ao ocupar a 3ª posição após vitória o ISPU por 63-56. Seguiram-se outras participações, sempre com as suas contribuições e ainda que longe do papel de “coach”, que culminaram com a conquista de dois títulos: 2018, em Maputo, e 2019, no Cairo, Egipto. Este ano, e após um interregno de dois anos devido à pandemia da COVID-19, a Taça dos Clubes Campeões Africanos retomou com a capital do país a ser uma vez mais eleita para sediar a prova.

O “O País” ouviu, por isso, Carlos Ibrahimo Aik a propósito da prestação do Ferroviário de Maputo e do que pode definir o campeão. “Sim, a maior curiosidade estava em querermos ver os reforços e como é que eles poderiam integrar-se. Portanto, o próprio adversário não ofereceu grande resistência. É verdade que, nos dois primeiros períodos, o Ferroviário podia ter feito um jogo diferente. Acabou por complicar um bocadinho, acabou por correr mais do necessário”, analisou o “coach” o jogo entre o Ferroviário de Maputo e APR do Ruanda.

Depois desta prestação, o que se pode dizer em relação àquilo que o Ferroviário de Maputo pode fazer nesta prova em termos de andamento competitivo? Questionámos ao “coach”. Realista, mas nem por isso fatalista, Carlos Aik deixou bem claro que ainda é muito cedo para tirar grandes ilações.

“Não é ainda altura de se fazer uma análise que possa ser bem-feita. Estamos no início da prova. O adversário não ofereceu resistência e é das equipas mais fracas do campeonato. Mas, se olharmos para aquilo que é a prestação da equipa do Ferroviário de Maputo, julgo que pode render mais do que aquilo que rendeu. Não apenas porque o adversário era fraco. O Ferroviário de Maputo teve algumas peças que não estiveram no seu melhor. Deu para entender a intenção do treinador em querer rodar a equipa e não cansar a mesma logo no primeiro jogo, porque ainda há muito mais partidas pela frente. Houve também preocupação de querer pôr os reforços em contacto directo com as restantes colegas”, observou.

Reza a história que, muitas vezes, as equipas vão crescendo com os jogos neste tipo de competição e, na óptica de Aik, com o Ferroviário de Maputo, não será diferente. “De qualquer das formas, ainda não se conseguiu ter um conjunto como deve ser. Eu acho que, ao longo da própria competição, o Ferroviário vai conseguir fazer exibições bem melhores do que está e estar muito próximo da perfeição.”

Contrariamente à última edição da prova, na qual optou por duas atletas africanas (Sara Ogoke e Pauline Akonga), desta vez o quase centenário clube foi buscar as basquetebolistas americanas Chelsey Shumpert, que joga na posição 1, e Catlin Jenkins, que faz a posição 4-5 (poste). São atletas que se estrearam na passada sexta-feira, daí que quisemos perceber de Carlos Aik o que estas podem oferecer ao CFvM.

“Estas atletas só mais para frente, ou seja, ao longo da competição é que vão ganhar entrosamento com o resto das colegas. Portanto, neste momento, aquilo que se recomenda é em função daquilo que são as posições onde elas possam jogar e onde se possa maximizar o seu rendimento, é que o treinador as coloque em contacto com as diferentes atletas”, frisou.

Numa prova curta, refere Aik, há que maximizar o potencial das atletas mais talhadas e colocá-las a um grande nível exibicional para que façam a diferença na quadra.

“Não tenhamos ilusões. O plantel pode ter 12 atletas, mas não há 12 atletas que estão prontas para jogar neste momento. Vamos dar prioridade àquelas que realmente vão jogar entre 9/10 no máximo. Estas que estejam em permanente contacto com os reforços para poderem conhecer-se minimamente e aproveitar um pouco os treinos para criar situações em que alguns ajustes que se possam fazer no plantel tirar mais proveito das características das atletas que vieram agora. Esta equipa está moldada não para estas atletas, mas para aquelas que já existem. É preciso ver se estas se encaixam naquilo que idealizamos ou não. Se não se encaixarem, é preciso fazer ajustes mais pontuais e cirúrgicos porque, se formos mudar tudo, acabamos por perder o conjunto”.

E o Interclube, vice-campeão africano, e o Costa do Sol, o que podem fazer na prova?

“Se nós olharmos para os clubes que estão nesta competição, à partida, podemos dizer que o Ferroviário de Maputo e o Interclube são, nos últimos anos, os crónicos finalistas. Logo à partida, estes são os principais candidatos. Mas também temos o Costa do Sol, actual campeão nacional. Ora, se o Costa do Sol é o campeão nacional e ganha o candidato, é apenas teoricamente, também é um candidato. O Costa do Sol está a jogar em casa com todo o conforto que isto pode representar para quem joga em casa. Depois, temos a equipa do Egipto que é extremamente forte como se viu na última edição. Nesta altura, o que podemos dizer? Podemos dizer que temos quatro candidatos que são as duas equipas moçambicanas, a do Egipto e Angola. Julgo que estas equipas são as mais fortes”.

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