A junta militar que governa o Burkina Faso suspendeu temporariamente duas rádios estrangeiras por transmitirem relatórios sobre direitos humanos que acusam o exército burquinense de ataques a civis na sua batalha contra os muçulmanos.
As rádios BBC e Voz da América foram suspensas temporariamente pelo Governo Militar que dirige o Burkina Faso desde o golpe de Estado em Setembro de 2022.
O argumento é de que as duas rádios transmitiam internacionalmente informações do desagrado do Governo e por terem publicado um relatório nas suas plataformas digitais acusando o exército do Burkina de abusos contra a população civil durante o combate a grupos muçulmanos. O país tem lutado contra ataques de grupos ligados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico desde que uma insurgência jihadista chegou do vizinho Mali em 2015.
Segundo as autoridades de comunicações do país, o relatório publicado por essas rádios contém declarações precipitadas e tendenciosas, sem provas tangíveis contra o exército burquinense, e por isso serão suspensas por duas semanas.
O “O País” noticiou na última quinta-feira que o relatório divulgado denunciava que as forças militares do Burkina Faso mataram 223 civis, incluindo bebés e crianças, em ataques a duas aldeias acusadas de cooperar com terroristas.
O documento em causa avançava também que houve assassinatos em massa nas aldeias de Nondin e Soro, no norte do país, e cerca de 56 crianças estavam entre os mortos.