O académico e antigo reitor da Universidade Eduardo Mondlane, Brazão Mazula, defende a implementação do voto electrónico para pôr fim à desconfiança em períodos eleitorais. Mazula diz ainda que os cidadãos não confiam no Estado e vice-versa.
Numa altura em que circulam informações denunciando esquemas de fraude eleitoral por parte de alguns partidos políticos, que concorrem para a presidência das 65 autarquias do país, o antigo reitor da UEM apontou o que entende ser a raiz de alguns problemas em períodos eleitorais.
Para Brazão Mazula, há uma desconfiança instalada entre os cidadãos e o Estado.
“O próprio cidadão não confia no Estado e o Estado também não confia no cidadão. Este é que é o problema neste país. É necessário chegarmos a uma certa altura que exija uma educação cívica patriótica muito forte, de todos os partidos se educarem a si próprios, como partidos que devem confiar no cidadão, educar o cidadão que deve confiar no Estado. O Estado deve, portanto, confiar no cidadão. Este é o problema de fundo nas eleições”, apontou Mazula.
O académico acrescenta que é esta desconfiança que faz com que os eleitores, em tempos de eleições, queiram amotinar-se nos postos de votação.
Diante do problema por si apontado, Brazão Mazula propõe que se adopte um meio eficaz, a introdução do voto electrónico.
Para Mazula, Moçambique tem condições para criar um sistema para que as eleições sejam feitas de uma forma mais segura e que acabe com as desconfianças que existem.
“O país, hoje, já cresceu muito em termos de tecnologia; pode muito bem fazer a votação de forma electrónica. Aí não há desconfiança de roubo ou enchimento de urnas. Pode haver uma margem de erro de dois por cento, o que as estatísticas permitem, mas não mais do que dois por cento. Eu penso que se pode criar uma votação electrónica”, propôs Mazula.
Mazula vai mais fundo afirmando que não sabe o que impede a implementação deste sistema de votação porque, segundo ele, há condições para tal.
VOTO ELECTRÓNICO PODE EVITAR CONFLITOS E GARANTIR A PAZ
“Eu não digo que (o país) é muito rico, mas querendo, o que é uma questão de boa vontade, para evitar conflitos e garantir a paz, tem de se investir nas eleições. O país acredita que nas eleições também há democracia. Se se faz para o inglês ver, isso é outra questão, mas eu acho que já se consolidou o conceito de democracia, que são as eleições”, disse Mazula.
Um dos exemplos trazidos pelo antigo reitor da UEM para provar o desenvolvimento da tecnologia é a introdução dos novos cartões de eleitor.
Mais do que haver condições tecnológicas, Mazula diz haver condições financeiras.