O Prémio Camões deste ano foi atribuído à poetisa brasileira Adélia Prado, anunciou esta quarta-feira o Ministério da Cultura de Portugal.
“Adélia Prado é autora de uma obra muito original, que se estende ao longo de décadas, com destaque para a produção poética. Herdeira de Carlos Drummond de Andrade, o autor que a deu a conhecer e que sobre ela escreveu as conhecidas palavras ‘Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo…’, Adélia Prado é há longos anos uma voz inconfundível na literatura de língua portuguesa”, salienta o júri, conforme se lê no Observador, que nesta 36.ª edição foi composto pelos académicos Clara Crabbé Rocha e Isabel Cristina Mateus, a representar Portugal, Cleber Ranieri Ribas de Almeida e Deonísio da Silva, pelo Brasil, Dionísio Bahule e Francisco Noa, por Moçambique.
Com 88 anos, Adélia Prado tem uma dúzia de livros, entre poesia e ficção. Tem três livros editados pela extinta Cotovia: Bagagem (2002), o livro de estreia da autora, Com Licença Poética (2003) e Solte os Cachorros (2003), lê-se na mesma fonte.
Segundo o Observador, Adélia Prado nasceu em Divinópolis, Minas Gerais, Brasil em 1935, onde reside. É licenciada em Filosofia. Publicou o primeiro livro aos 40 anos, intitulado Bagagem (1976). Dois anos depois, edita O coração disparado, que é agraciado com o Prémio Jabuti. Estreia-se em prosa no ano seguinte, com Solte os cachorros, e logo depois publica Cacos para um vitral. Em 1981 lança Terra de Santa Cruz. Os componentes da banda é publicado em 1984 e, a seguir, O pelicano e A faca no peito. Em 1991 é publicada a sua Poesia reunida.
Em 1994, após anos de silêncio, ressurge com o livro O homem da mão seca. Em 1999 são lançados Manuscritos de Felipa, Oráculos de maio e a sua Prosa reunida. Em 2010 recebeu o Prémio Literário da Fundação Biblioteca Nacional e o Prémio da Associação Paulista dos Críticos de Arte. Na última semana, recebeu o importante Prémio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras.
O Prémio Camões, instituído por Portugal e pelo Brasil, em 1989, presta anualmente uma homenagem à literatura em português, recaindo a escolha num escritor cuja obra contribua para a projecção e reconhecimento da língua portuguesa.