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BM mantém taxas directoras por “receio” de choques internos e externos

O Banco de Moçambique (BM) decidiu manter todas taxas de política monetária, com destaque para a de referência (taxa MIMO) que continua nos 12,75%, ou seja, o custo do dinheiro não irá sofrer alteração na banca.

Depois de dois meses de recuo, o Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique, reunido esta quinta-feira, em Xai-Xai, decidiu manter a taxa de juro de referência no sistema financeiro, taxa MIMO, em 12,75%, para Novembro.

O CPMO decidiu igualmente, manter as taxas da Facilidade Permanente de Depósitos (FPD) e da Facilidade Permanente de Cedência (FPC) em 9,75% e 15,75%, respectivamente, bem como os coeficientes de Reservas Obrigatórias (RO) para os passivos em moeda nacional e em moeda estrangeira em 13% e 36%, respectivamente.

Em comunicado enviado à nossa redacção, o Banco Central argumenta que “a decisão de manter a taxa MIMO é fundamentada pelos receios de que o agravamento recente dos riscos internos e externos possa, a médio prazo, reverter o perfil actual de inflação baixa e estável”.

Os riscos que mais se destacam nessa avaliação, de acordo ainda com a nota do Banco Central, são, a nível doméstico, o agravamento da instabilidade militar nas zonas norte e centro do país e a ocorrência de choques climatéricos. A nível externo, a intensificação da tensão comercial e geopolítica.

Contundo, e não obstante o agravamento desses riscos, prevê-se que a inflação para o médio prazo continue baixa e estável. Tal previsão assenta na expectativa de estabilidade do metical, num ambiente de baixa procura agregada doméstica, e nas perspectivas de queda dos preços médios internacionais do petróleo e dos alimentos.

“A estabilidade cambial no médio prazo funda-se nas expectativas dos influxos de moeda externa para financiar a reconstrução pós-desastres naturais e os decorrentes dos projectos de exploração de recursos naturais”, refere o BM.

ACTIVIDADE ECONÓMICA

Relativamente a actividade económica, o Banco de Moçambique antevê uma recuperação a partir de 2020, posicionando-se, ainda assim, abaixo do seu potencial, no médio prazo.

Essa melhoria será suportada, essencialmente, pelos esforços de reconstrução pós-ciclones, por uma maior disponibilidade de fundos por parte do Estado e pela implementação dos projectos de exploração de gás natural da bacia do Rovuma, em Cabo Delgado.
Sobre as Reservas Internacionais Líquidas (RIL), o Banco Central indica que as mesmas mantêm-se em níveis confortáveis, após um aumento para USD 3.902,7 milhões, em face da recente entrada de mais-valias para o Estado, propiciando a cobertura de mais de seis meses de importações, excluindo grandes projectos.

Recorda-se, que o Estado moçambicano recebeu no passado mês de Setembro, 880 milhões de dólares em mais-valia no negócio da venda dos activos da Anadarko para a francesa Total.

DÍVIDA PÚBLICA

O nível de endividamento público continua a aumentar. Desde o último CPMO (14 de Agosto de 2019), a dívida interna contraída com recurso a Bilhetes do Tesouro, Obrigações do Tesouro e adiantamentos do Banco de Moçambique aumentou para 140.610 milhões de meticais, reflectindo a utilização de Bilhetes do Tesouro em cerca de 4 mil milhões de meticais.

Os montantes acima não tomam em consideração outros valores da dívida pública interna, tais como contratos de mútuo e de locação financeira, assim como responsabilidades em mora.

 

 

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