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Biden pede colaboração dos Republicanos para reconstruir a economia e unir a nação

Fonte: Exame

O presidente americano, Joe Biden, fez esta terça-feira o seu segundo discurso de Estado da União. O líder norte-americano focou em assuntos internos, dedicando apenas os minutos finais às relações dos EUA com outros países.

Num momento em que procura relançar a economia do país, Biden tentou acalmar a ansiedade económica que afecta uma parte significativa da população norte-americana, pedindo a colaboração da oposição.

No seu discurso, o democrata pediu aos membros do Partido Republicano que trabalhem com ele para “terminar o trabalho” de reconstruir a economia e unir a nação.

“Muitas vezes nos dizem que democratas e republicanos não podem trabalhar juntos. Mas nos últimos dois anos, provamos que os cínicos e os pessimistas estavam errados. Sim, nós discordamos bastante. Mas, repetidamente, democratas e republicanos se uniram”, afirmou Biden.

“Aos meus amigos Republicanos, se pudemos trabalhar juntos no último Congresso, não há razão para não trabalharmos juntos neste novo Congresso. As pessoas enviaram-nos uma mensagem clara. Lutar por lutar, poder pelo poder, conflito pelo conflito, não nos leva a lugar nenhum”, acrescentou.

Foi a primeira vez que Biden se dirigiu ao Congresso desde que os Republicanos conquistaram o controlo da Câmara dos Representantes, a câmara baixa do parlamento dos Estados Unidos, nas intercalares do ano passado.

“Essa sempre foi a minha visão para o país. Restaurar a alma da nação, reconstruir a espinha dorsal da América: a classe média, unir o país. Fomos enviados aqui para terminar o trabalho”, frisou o presidente dos Estados Unidos da América (EUA).

Embora ainda não tenha anunciado oficialmente os seus planos para as presidenciais de 2024, Biden já afirmou que tenciona recandidatar-se e era esperado que adoptasse um discurso de tom eleitoral no Estado da União.

Biden optou por dar especial destaque às conquistas económicas e legislativas que alcançou ao longo dos últimos dois anos e lançou o mesmo apelo várias vezes ao longo do discurso: “Vamos terminar o trabalho”.

“Nos últimos dois anos, o meu Governo reduziu o défice em mais de 1,7 biliões de dólares, a maior redução de défice na história americana. No Governo anterior, o défice americano aumentou quatro anos consecutivos. Por causa desses números recorde, nenhum presidente acrescentou mais à dívida nacional em quatro anos do que meu antecessor”, disse Biden, referindo-se a Donald Trump.

DESENTENDIMENTO COM REPUBLICANOS

O Estado da União, visto por dezenas de milhões de americanos, foi a oportunidade de Joe Biden mudar a narrativa e também de encostar os republicanos à parede na disputa sobre o teto da dívida pública, que tem se ser levantado para que o país possa pagar as contas.

“Alguns dos meus amigos republicanos querem tomar a economia como refém, a não ser que eu aceite os seus planos económicos. Em vez de fazerem os ricos pagarem a sua parte, alguns republicanos querem que a Medicare e a Segurança Social desapareçam”, apontou Biden.

Vários congressistas republicanos reagiram com assobios e vaias a estas declarações, sendo que a extremista Marjorie Taylor Greene gritou mesmo “mentiroso”.

O presidente sorriu e interpelou os agitadores, incentivando-os a contactarem o seu gabinete para receberem uma cópia daquela proposta. Perante a negação do outro lado da bancada, Biden disse apreciar ‘a conversão” de congressistas que agora “veem” que isto não deve ser feito. A proposta, do senador republicano Rick Scott, está disponível no plano ‘Rescue America’ de 2022.

O momento foi um dos mais analisados a seguir ao discurso. O ex-jornalista da Fox News Chris Wallace, citado pela CNN, disse que os republicanos “caíram na jogada” do presidente e o pivô da CNN Jake Tapper considerou que os agitadores “ficaram a parecer mal e deram a Biden uma oportunidade de parecer vigoroso”.

Estas trocas contrastaram com os apelos do presidente ao bipartidarismo e ao trabalho conjunto com os republicanos para melhorar a vida dos americanos. Muitas das propostas de que falou, desde a descida dos preços da insulina ao fim das taxas escondidas nas reservas de viagens, não são controversas.

“CAPITALISMO SEM CONCORRÊNCIA É EXPLORAÇÃO”, DIZ BIDEN NO ESTADO DA UNIÃO

No seu discurso de Estado da União desta terça-feira, segundo a imprensa internacional, Joe Biden promoveu as conquistas legislativas dos seus dois anos de mandato e prometeu o regresso em força da produção e manufactura no país.

“Estamos a garantir que a cadeia de abastecimento para a América começa na América”, afirmou Joe Biden, citado pela G1.

Biden passou bastante tempo a falar da economia, infraestruturas e emprego, e onde anunciou propostas e medidas. Uma delas foi referente ao fabrico doméstico.

“Estou a anunciar novos requisitos para que todos os materiais de construção usados em projectos de infraestrutura federais sejam fabricados na América. Madeira serrada, vidro, placa de gesso, cabos de fibra ótica feitos na América”, afirmou Biden.

Este foi um dos pontos transversais ao discurso do Estado da União: o foco na produção doméstica, no regresso aos bons empregos de colarinho azul e o aceno a uma classe trabalhadora que se tem sentido “esquecida’, bem como muita insistência nas reformas da saúde.

Tudo num contexto em que, apesar da queda da inflação, do crescimento económico e do desemprego historicamente baixo, muitos americanos sentem que o país está em má forma económica e a caminho de uma recessão.

No plano económico, Biden lançou farpas às grandes empresas que aumentaram preços nos últimos anos ao mesmo tempo que mantiveram os salários dos funcionários no mesmo patamar. O presidente democrata defende que isto aumentou o preço da comida para os americanos, uma vez que as pequenas empresas desapareceram.

“Já me ouviram dizer isto antes: capitalismo sem concorrência não é capitalismo. É exploração. E eu estou determinado em acabar com a exploração”.

 

 

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