O País – A verdade como notícia

Bernardino Rafael critica Parlamento e considera inexplicável falta da Lei da Polícia

Foto: O País

O Comandante-Geral da Polícia, Bernardino Rafael, está desapontado com os deputados da Assembleia da República, que não aprovam a Lei da Polícia há mais de 10 anos. O Comandante considera inexplicável a falta de aprovação e pede aos políticos que tenham mais respeito pela Polícia.

O Comandante-Geral da Polícia começou por admitir que, “na verdade, é difícil dirigir uma Polícia com uma lei desprezada. Não conheço nenhum país com uma experiência dessa forma. O país tem instituições com leis em dia, menos a polícia que não tem uma lei em dia. É difícil fazer passar a Lei da Polícia nesse país”, lamenta.

O Comandante-Geral da Polícia da República de Moçambique decidiu, hoje, falar de uma aflição que não é apenas sua, mas de toda a Polícia. Rafael considera a falta de aprovação da Lei da Polícia uma situação “lamentável e inexplicável”. “Calei e fiquei calado por muito tempo, agora, estou a responder às preucupações dos colegas que estão ansiosos, a perguntar, será que nós existimos, por que é que não somos reconhecidos?”, lamentou, dizendo a seguir: “Sois reconhecidos”, assegurou.

Mesmo não parecendo, o Comandante garantiu que os moçambicanos reconhecem a existência dos agentes de segurança e protecção. “Os moçambicanos reconhecem a sua polícia, porque cada um dos moçambicanos tem um membro da família que é polícia, incluindo aqueles que têm receio de aprovar a Lei, têm familiares polícias. Nas cerimónias fúnebres, nas missas da igreja, vão com irmãos políciais”, contudo, não entende “porquê tem receio de aprovar a Lei”.

Aliás, Bernardino Rafael entende que a falta de aprovação da Lei da Polícia, um instrumento considerado importante para a garantia da ordem e segurança no país, resulta da falta de coesão de uma parte dos deputados da Assembleia da República. “Não são todos os deputados, não são todos os moçambicanos, são pessoas que têm a sua visão, mas que não a apresentam. Chama-se visão oculta, doutro lado da visão”.

Esses mesmos que, segundo o Comandante, têm “visão oculta”, também não têm respeito pela sua Polícia, que é a única que têm. “Às vezes, os políticos nos insultam, nos ofendem, sem saber que também somos eleitores”. E deixou uma mensagem: “Que respeitem essa vossa polícia, porque até então a polícia que têm é esta”, apelou.

O apelo foi extensivo, também, à sua corporação, para que vá exercer o seu direito de votar nas eleições que se avizinham e que o façam com consciência. “Ninguém tem que ficar sem votar. Votem com a vossa consciência e com a capacidade electiva que vocês têm para poder eleger futuros deputados, que vão discutir a nossa Lei e vão indicar onde está errado e onde não está, para trabalharmos com a polícia que tem Lei”, apelou.

O Comandante-Geral da Polícia fez o desabafo durante a cerimónia de Patenteamento de Agentes da Lei e Ordem, na cidade de Pemba, capital da província de Cabo Delgado.

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos