O País – A verdade como notícia

Bancos comerciais aliviam clientes em tempo de COVID-19

Alguns bancos comerciais em Moçambique já começam a reagir ao mercado num cenário que muitos dos seus clientes ressentem-se dos impactos do novo coronavírus ou Covid-19.

Entre as medidas adoptadas pelas instituições financeiras há a destacar as operações em ATM e via canais digitais totalmente grátis, isenção de comissão nas transferências para carteiras móveis, manutenção da taxa de juro “prime” e concessão de uma moratória de até seis meses no reembolso de capital e/ou no pagamento de juros ao clientes que apresentarem digitais.

As medidas diferem de banco para banco e acontecem depois de o Banco de Moçambique ter já lançado três sinais ao mercado na sequência do abalo económico mundial causado pela Covid-19, não sendo Moçambique uma ilha.

O Absa Bank Moçambique, por exemplo, decidiu antecipar, aos seus fornecedores regulares, o pagamento de facturas relativas a serviços a serem prestados ao longo dos próximos três meses. Com a medida, o banco entende que vai “contribuir para uma melhoria da liquidez dos seus fornecedores durante este momento económico desafiante”.

Por outro lado, o Absa Bank Moçambique, em comunicado imprensa, garante que as transacções e consultas em qualquer ATM do país serão totalmente grátis para os clientes do Absa, a partir de 10 de Abril, e por um período de três meses. No mesmo período, não vai cobrar comissão na transferência de fundos entre as contas Absa e as carteiras móveis a que está ligado. Ressalva, entretanto, que todas as transacções efectuadas através dos canais digitais do Absa serão isentas, pelo período previsto, de quaisquer comissões e encargos.

Por seu turno, o BCI decidiu conceder uma moratória de até seis meses no reembolso de capital e/ou no pagamento de juros, aos clientes com financiamento em curso, em situação regular, e que apresentem dificuldades no pagamento das prestações devido aos impactos da pandemia do novo Coronavírus.

“Esta facilidade está disponível para diferentes modalidades de financiamento de curto, médio e longo prazo no BCI e tem subjacente uma decisão simples e rápida. As empresas interessadas em beneficiar destas medidas poderão manifestar o interesse e negociar com o Banco, entrando em contacto com o seu gestor e formalizando a adesão por correio electrónico. Esta forma de comunicação, ainda pouco habitual, foi adoptada com o objectivo de minimizar as necessidades de deslocação ao Banco, conforme recomendado no actual contexto”, lê-se no comunicado BCI.

De acordo com o administrador financeiro do BCI, Manuel Soares, as facilidades ora comunicadas devem vigorar por 6 meses, mas este prazo poderá ser revisto mediante a evolução da pandemia.

O Moza Banco, por sua vez, decidiu manter em 18% a taxa que deve ser aplicada aos financiamentos indexados à taxa de juro "prime". O banco enquadra esta decisão num conjunto de iniciativas que tem para mitigar os impactos negativos da pandemia da Covid-19 nas famílias, empresas, colaboradores e restantes stakeholders.

Entretanto, o Moza recorda que a taxa fixada pelo Moza está abaixo da estabelecida pelo Banco de Moçambique, que está em 18.4%, sendo, para si, um sinal claro da compreensão da situação a que os seus clientes e demais actores estão sujeitos neste momento dominado pelo novo coronavírus.

“Com as pessoas em casa, grande parte delas sem produzir, haverá menos liquidez no mercado, em geral, e nas pessoas singulares, especialmente. Por isso, o banco decidiu minimizar os encargos com as taxas de juro, evitando acrescentar custos a pessoas já com dificuldades”, escreveu a instituição financeira num comunicado de imprensa enviado à nossa redacção.

João Figueiredo, Presidente do Conselho de Administração do Moza Banco, disse, ainda, que “o mais importante é que os clientes consigam perceber que o nosso foco é dar valor ao seu dinheiro e que nós estamos aqui justamente para ajudar nos momentos de abundância e também nos momentos de perda ou calamidade, como o é este actual”.

O Moza entende que, se agravasse a taxa, ganharia mais dinheiro, mas esse não é o foco do banco agora. “Não gostamos de oportunismos, somos um banco de Moçambique e quer contribuir para o desenvolvimento do país, não para o seu empobrecimento”, ajuntou o gestor.  

Tanto o BCI assim como o Moza sugerem aos seus clientes a privilegiar o uso de serviços digitais nas suas operações, podendo dirigir-se aos balcões apenas em casos de absoluta necessidade.

 

"Moza Banco teve em consideração a situação que o país e o mundo

"A Prime Rate resulta de um acordo assinado entre os bancos, através da Associação Moçambicana de Bancos, e Banco Central e que entra em linha com determinados números de factores, sendo da conjugação deste factores que resulta a evolução da Prime, no sentido de subir ou descer. No caso em concreto, houve uma subida de 40 pontos bases resultante da conjugação destes factores, e é, neste contexto, que a Prime Rate acabou por ser fixada em 18.40%. Agora, o que o Moza Banco fez é algo muito simples: teve em consideração a situação que o país vive e que o mundo vive, a pressão que existe a nível empresarial e a pressão que existe a nível da sociedade civil, e decidiu, de forma literária, para os seus clientes adoptar uma taxa relativamente mais baixa que esta que foi fixada. É apenas um sinal que queremos mostrar a sociedade que estamos imbuídos do mesmo espírito nesta luta global contra este vírus que está a tomar conta da atenção nos dias de hoje.        

Esperamos ter um mundo um pouco diferente daquele que temos hoje, depois do coravírus. Um mundo mais solidário, um mundo no qual se inverta a prioridade nos sectores da actividade económica. Esperamos um mundo que a agroindústria passa a ser sector privilegiado ou seja um mundo com novas regras de funcionamento. Neste contexto, o ser humano vai perceber que as regras de higiene são para ser cumpridas a todo momento.

Esta luta não é apenas do mundo empresarial, porque ela tem uma dimensão pessoal ou individual. Cada um de nós tem de tomar uma atitude e tem de ter um posicionamento muito responsável. Os serviços mínimos vão ser assegurados, mas é preciso que todos tenhamos um sentido enorme de responsabilidade no diz respeito a nossa performance individual. Enquanto empresa, nós teremos que enfrentar um desafio enorme e único nas nossas vidas, tendo em conta que é uma experiencia que nenhum de nós viveu antes".          

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos