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Banco Mundial destaca “progressos altos” na gestão de desastres naturais

Moçambique é um dos países mais vulneráveis aos desastres naturais no mundo, com 2.8 milhões de pessoas a viverem nas zonas de riscos. Na lupa do Banco Mundial, há “progressos altos” na gestão deste tipo de fenómenos.

O especialista urbano sénior do Banco Mundial, Michel Matara, referiu esta sexta-feira, em Maputo, durante o Simpósio Nacional sobre os Desastres Naturais, que juntou o Governo e parceiros, que nos últimos anos verificam-se “progressos altos” nas políticas de gestão deste tipo de fenómenos em Moçambique.

Orador principal no painel que teve como tema: “Alternativas de financiamento para as zonas áridas e semiáridas”, o especialista daquela instituição financeira internacional, indicou, no entanto, algumas lacunas no Plano Director de Redução de Riscos de Desastres.

“É um plano que está alinhado com os compromissos internacionais. Mas a grande fraqueza prende-se com a falta de um plano de investimento. Para falar de financiamento vai ser muito importante entender o que queremos financiar”, apontou.

Este plano (2017-2030), visa prevenir o surgimento de novos riscos de desastres através do aumento da resiliência humana e infra-estruturas perante eventos climáticos, naturais e antrópicos extremos e recorrentes.

Como reforço do auxílio à Moçambique, Michel Matara avançou que o Conselho de Administração do Grupo Banco Mundial tem disponível um valor adicional de 35 milhões de dólares norte-americanos para os próximos cinco anos, em matérias de gestão de desastres naturais na chamada “Pérola do Índico”.

Refira-se, que este montante adiciona-se a uma doação de USD 90 milhões aprovados em Washington, a 19 de Março último, pela Associação Internacional para o Desenvolvimento (IDA) em apoio ao plano do Governo moçambicano.

Contudo, e de acordo ainda com o especialista urbano sénior daquela instituição da Bretton Woods, estes fundos externos são de longe muito superiores aos alocados pelo Governo, pelo que é preciso buscar outras fontes de financiamento.

MECANISMOS DE FINANCIAMENTO

Por seu turno, César Tique, do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) avançou a possibilidade de retomar os moldes antigos de financiamento à Moçambique.

“Nos moldes actuais, Moçambique dentro dos parâmetros do Banco Africano de Desenvolvimento (créditos concessionais de três anos) só pode receber donativos. O país já esteve quase ao nível de países como Angola e Zâmbia antes de 2015, países que recebem altos empréstimos”, disse.

Argumentando, que o baixo nível de apoio a Moçambique, deve-se a actual conjuntura macroeconómica que o país atravessa.
Para Momade Nemane, Presidente do Conselho de Administração (PCA) do Fundo Nacional do Desenvolvimento Sustentável (FNDS), outro dos painelistas do simpósio sobre os desastres naturais, o segredo para captar financiamento passa pelo desenho de plano bem estruturado.
“A ideia é. O que o FNDS fez para ter 500 milhões de dólares em dois anos? A estratégia passou pela diversificação de fontes alternativas de financiamento. O Governo também injectou muito dinheiro em dois anos”, anotou.

É nesse contexto de alternativas de financiamento, que o Presidente da Bolsa de Valores de Moçambique, Salim Valá, defendeu a aposta em Green Bonds (fundos verdes) em matérias de projectos climáticos, uma via que devia ser seguida pelo Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC).

“Muitos países africanos estão a usar esse instrumento. África do Sul está usar muito os Green Bonds. Penso que esta pode ser uma plataforma para futuro e aplicável em Moçambique”, indicou Valá.

 

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