Revisão em baixa das perspectivas de inflação levam o Banco de Moçambique a reduzir a taxa de juro de referência de 12.75 para 11.25%. A decisão é tomada num contexto de queda acentuada da procura devido ao impacto da COVID-19.
Cerca de duas semanas depois do polémico aumento da prime rate, nesta quinta-feira, o Banco de Moçambique decidiu cortar a taxa de juro de política monetária, ou seja, a taxa de referência MIMO, em 150 pontos base, para 11.25%.
“A decisão foi sustentada pela expressiva revisão em baixa das perspectivas de inflação para o médio prazo, num contexto de maior declínio da procura agregada em resultado do impacto da COVID-19 na economia”, explica o Banco Central.
O Banco de Moçambique reduziu ainda as taxas da Facilidade Permanente de Depósitos de 9.75 para 8.25% e da Facilidade Permanente de Cedência de 15.75 para 14.25%. Os coeficientes de Reservas Obrigatórias não foram mexidos.
Com a COVID-19, o Banco prevê consequências económicas severas, já que a economia nacional encontra-se devido aos efeitos dos ciclones Idai e Kenneth e à instabilidade militar nas zonas norte e centro.
“A combinação desses factores implicará contracções nas indústrias extractiva e transformadora, bem como nos sectores de transportes, comércio e serviços, hotelaria e restauração, ao todo representando cerca de 58% do Produto Interno Bruto (PIB). As perspectivas de um bom desempenho na agricultura, sector com um peso médio de 25% no PIB, poderão não ser suficientes para amortecer os efeitos negativos nos restantes sectores da economia”, sublinha o Banco Central.
Por outro lado, o regulador do sistema financeiro nacional diz esperar que o recente alívio do serviço da dívida de cerca de 15 milhões de dólares pelo Fundo Monetário Internacional, seja redireccionado para o combate à COVID-19.
“Mas as elevadas necessidades da economia poderão implicar maior pressão sobre a despesa pública, num contexto de contracção acentuada da receita pública”, indica o comunicado enviado ao O País pelo Banco Central.
Entretanto, as perspectivas de inflação continuam a melhorar e as reservas internacionais do país, de cerca de 3.900 milhões de Meticais, situam-se em níveis confortáveis para cobrir mais de seis meses de importações.