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Banco de Moçambique mantém taxa MIMO pela quinta vez consecutiva

O banco central diz que a decisão de manter a taxa MIMO é sustentada pela prevalência de elevados riscos e incertezas adversos associados, sobretudo, à pressão na despesa pública, bem como ao prolongamento e intensificação do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, não obstante as perspectivas de manutenção da inflação em um dígito.

O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu manter a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, em 17,25%, pela quinta vez consecutiva. A última vez que o banco aumentou a taxa MIMO foi em Setembro de 2022.

“Esta decisão é sustentada pela prevalência de elevados riscos e incertezas adversos associados, sobretudo à pressão na despesa pública, bem como ao prolongamento e intensificação do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, não obstante as perspectivas de manutenção da inflação em um dígito no médio prazo”, disse o Governador do Banco de Moçambique após o encontro do CPMO.

De acordo com a Autoridade Monetária, a decisão sobre a taxa MIMO é primariamente baseada nas projecções da inflação, sempre ponderando os riscos e as incertezas associados a tais projecções e à conjuntura económica. O CPMO reconhece que as suas decisões afectam a economia com um certo desfasamento temporal, por isso adopta uma postura de política monetária baseada na avaliação das perspectivas económico-financeiras e dos seus riscos e incertezas, num horizonte temporal de pelo menos oito trimestres. Quando as projecções da inflação se desviam materialmente do objectivo primário de política monetária estabelecido para o médio prazo, o CPMO toma medidas de política adequadas para inverter tal tendência.

Ademais, o Banco de Moçambique decidiu manter as outras taxas directoras. Assim, a taxa de Facilidade Permanente de Cedência (FPC) mantém-se em 20,25% enquanto a taxa de Facilidade Permanente de Deposito (FPD) em 14,25%. As Reservavas Obrigatórias (RO) dos bancos comerciais, junto do Banco de Moçambique em moeda nacional, fixam-se em 39% enquanto as de moeda estrangeira estão nos 39,5%.

 

A DÍVIDA PÚBLICA INTERNA AGRAVOU-SE

Segundo dados do Banco de Moçambique, o endividamento público interno, excluindo os contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora, situa-se em 308,4 mil milhões de Meticais, o que representa um aumento de 33,3 mil milhões de Meticais em relação a Dezembro de 2022.

“Os riscos e as incertezas adversos subjacentes às projecções de inflação mantêm-se elevados. A nível interno, prevê-se a manutenção da pressão sobre a despesa pública e das incertezas em relação à evolução dos preços de bens administrados, com destaque para os combustíveis líquidos. Na envolvente externa, as incertezas quanto à magnitude dos impactos do prolongamento e intensificação do conflito entre a Rússia e a Ucrânia mantêm-se elevadas”, explicou Rogério Zandamela.

O banco central diz que se mantêm as perspectivas de inflação em um dígito no médio prazo. Em Junho de 2023, a inflação anual reduziu para 6,8%, a reflectir, principalmente, a queda dos preços da classe de bens alimentares, favorecida pela época fresca, num contexto de estabilidade da taxa de câmbio.

“A inflação subjacente, que exclui as frutas e vegetais e bens administrados, também abrandou. A evolução da inflação no médio prazo reflecte, sobretudo, a estabilidade do Metical e o impacto das medidas que vêm sendo tomadas pelo CPMO”, esclareceu Rogério Zandamela.

Até este momento, o Banco de Moçambique mantêm as perspectivas de um crescimento económico moderado. No primeiro trimestre de 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu em 4,2%, a reflectir, essencialmente, o bom desempenho da indústria extractiva. Para 2023 e 2024, antevê-se que a indústria extractiva continue a contribuir para a aceleração do crescimento do PIB. Excluindo os projectos de gás, perspectiva-se um crescimento económico moderado.

Nas economias avançadas, os EUA registaram uma aceleração do crescimento do PIB, em relação ao IV trimestre de 2022, a reflectir aumentos das despesas pública e privada, bem como das exportações. Entretanto, a Zona Euro continuou a ressentir-se dos efeitos dos apertos monetários e do prolongamento do conflito geopolítico entre a Rússia e a Ucrânia.

Nas economias emergentes, destaca-se a expansão da actividade económica na India (+1,7 pp) e China (+1,6 pp), face ao trimestre anterior, a reflectir, essencialmente, o aumento da produção industrial, do consumo e das exportações, nas duas economias.

O CPMO reúne-se ordinariamente uma vez a cada dois meses. O calendário dos encontros ordinários do CPMO é anunciado no princípio de cada ano. Entretanto, o órgão pode reunir-se extraordinariamente para deliberar sobre aspectos de política monetária, sempre que as circunstâncias macroeconómicas o imponham.

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