A erosão de solos ameaça fazer desaparecer do mapa a maior baía da África e a terceira maior do Mundo, a cidade de Pemba, capital da província de Cabo Delgado.
O problema é antigo, mas, nos últimos anos, a situação agravou-se devido à ocupação desordenada das zonas naturais de protecção ambiental, especialmente na margem costeira.
“Pemba corre sérios riscos de desaparecer por ser uma cidade vulnerável à erosão, e a situação está a agravar-se, porque as pessoas estão a remover dunas de areia nas praias e quase toda vegetação nativa das encostas da cidade para erguer infra-estruturas; algumas até já foram arrastadas pelas ondas do mar e água da chuva”, alertou Joyce Amilicola, uma das ambientalistas preocupadas com o futuro da baía.
A ocupação das zonas de protecção ambiental começou na praia do Wimbe, onde foram erguidas várias infra-estruturas, na sua maioria hotéis, restaurantes e casas para férias, mas a maior onda de invasão foi registada depois da independência de Moçambique e, hoje, quase toda linha costeira da baía de Pemba está ocupada.
“Apesar dos nossos apelos, continuamos a ver infra-estruturas a serem erguidas nas zonas de protecção, especialmente ao longo das praias. Primeiro, construíram o calçadão da Baía, que depois uma parte foi destruída porque era um projecto que punha em perigo a protecção contra ondas do mar. Depois, construíram outra infra-estrutura na marginal, a praça do Metical. Estão sempre a ignorar os nossos apelos”, lamentou Mário Parina, outro ambientalista preocupado com a situação.
Além de colocar em risco a protecção ambiental da baía, os ambientalistas consideram um desperdício a construção de infra-estruturas que vão ter pouca durabilidade.
“Pensamos que está a ser gasto muito dinheiro em vão, porque, depois de vermos algumas infra-estruturas da época colonial construídas nas zonas de protecção a serem arrastadas pela água do mar e da chuva, não temos dúvidas de que quase todas essas outras, que estão a ser erguidas, também não vão resistir”, disse Luciano José, ambientalista.
“O País” contactou o Município de Pemba, dono do calçadão da Baía e da Praça do Metical, últimas grandes infra-estruturas erguidas ao longo da marginal da cidade de Pemba, para saber das razões que levaram a ocupar uma zona de protecção parcial, mas não obteve resposta.
O mesmo aconteceu com a Direcção Provincial do Ambiente, Agência de Controlo de Qualidade Ambiental (AQUA), incluindo a Procuradoria Provincial de Cabo Delgado, que devia agir por serem considerados crimes ambientais, mas também não se mostraram disponíveis a responder à preocupação dos ambientalistas da província de Cabo Delgado, que prevêem consequências graves no futuro, caso medidas oportunas e urgentes não forem tomadas para inverter o actual cenário que põe em causa a maior baía de África.