Com sessões presenciais após dois anos em formato virtual devido à pandemia, o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) vai reunir-se a partir de hoje até sexta-feira em Acra, capital do Gana. A reunião acontece dias depois de a instituição aprovar um mecanismo de 1,5 mil milhões de dólares para tentar evitar uma crise alimentar iminente no continente.
De acordo com um comunicado do BAD, citado pelo Notícias ao Minuto, a iniciativa anunciada na sexta-feira à noite e intitulada Mecanismo Africano de Produção Alimentar de Emergência vai beneficiar 20 milhões de agricultores africanos, que receberão sementes e tecnologia certificadas para produzir rapidamente 38 milhões de toneladas de alimentos, um aumento de 12 mil milhões de dólares na produção de alimentos em apenas dois anos.
“Os encontros são há muito esperados. Quarenta e uma economias africanas estão gravemente expostas a pelo menos uma de três crises simultâneas, aumento dos preços dos alimentos, aumento dos preços da energia e condições financeiras mais restritivas”, disse Ken Ofori-Atta, ministro das Finanças do Gana, país que acolhe a reunião.
Em conferência de imprensa durante uma visita do BAD para preparar os encontros, o ministro das Finanças do Gana recordou que os preços dos alimentos em África estão 34% mais altos, os preços do petróleo subiram 60% e a inflação afecta todos os países.
“Os novos pobres em África aumentaram em 55 milhões e cerca de 35 milhões de empregos formais estão em risco”, disse o ministro, lembrando que isto acontece quando o continente está ainda a tentar recuperar da pandemia de COVID-19.
A insegurança alimentar em África, já afectada pela pandemia da COVID-19 e por fenómenos decorrentes das alterações climáticas, agravou-se com a ruptura do abastecimento alimentar resultante da guerra na Ucrânia, e África enfrenta agora uma escassez de pelo menos 30 milhões de toneladas de alimentos, especialmente trigo, milho e soja importados de ambos os países.
“A ajuda alimentar não pode alimentar África. África não precisa de tigelas nas mãos. África precisa de sementes na terra, e máquinas de colheita para colher alimentos abundantes produzidos localmente. África quer alimentar-se a si própria com orgulho, porque não há dignidade em mendigar comida”, disse o presidente do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento, Akinwumi Adesina, citado no comunicado.
Estarão na 57ª edição da reunião anual do BAD o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, Paul Kagame, do Ruanda, Macky Sall, do Senegal, Uhuru Keyatta, do Quénia, Muhammadu Buhari, da Nigéria, Samia Suluhu Hanna, da Tanzânia, Alassane Ouattara, da Costa do Marfim, Sahle-Work Zewde, da Etiópia e Mohamed Ould Cheikh El Ghazouani, da Mauritânia.