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BAD concede USD 33,2 milhões para melhoria da rede eléctrica em Moçambique

O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) aprovou esta semana uma subvenção de 33,25 milhões de dólares a Moçambique para implementar o projeto da linha de transporte de eletricidade Songo-Matambo.

A subvenção aprovada na última terça-feira na em Abidjan, capital económica da Costa do Marfim, vai financiar a melhoria das infraestruturas de transporte de electricidade perto das fronteiras com o Malawi, Zâmbia e Zimbabué, no centro do país.

O objetivo do projeto é aumentar a fiabilidade e a segurança do abastecimento elétrico de Moçambique e promover a integração regional da rede elétrica e do comércio de energia elétrica.

“Este projeto insere-se num esforço mais amplo de modernização da rede para permitir o aumento da capacidade de produção suplementar e, desta forma, contribuir para a afirmação de Moçambique como um polo energético emergente na região. Este projeto irá melhorar a qualidade do abastecimento nas regiões centro e norte, onde se concentra a maior parte da população de Moçambique, contribuindo assim para o desenvolvimento do país. O projeto também facilitará a implementação de interligações regionais prioritárias, tais como Moçambique-Maláui e Moçambique-Zâmbia”, disse César Mba Abogo, representante residente do Banco Africano de Desenvolvimento em Moçambique.

O projeto, aprovado à luz de um instrumento de apoio à transição especificamente destinado a Estados em fase de transição, prevê a construção de uma linha de transporte de alta tensão em circuito simples de 118 quilómetros, 400 quilovolts (kV), do Songo a Matambo.

Segundo nota do BAD, a linha atravessará o local onde será construída a futura subestação de Cataxa para integrar a central hidroelétrica de Mphanda Nkuwa. Utilizará torres aéreas autoportantes em malha de aço com uma configuração de condutores horizontais e uma capacidade de transporte de energia de 2.300 megawatts (MW).

O projeto prevê a ampliação da subestação de Songo para estender o barramento de 220 kV, instalar um novo transformador de mudança de fase de 600 MVA 220/220 kV para regular os fluxos da rede e um transformador elevatório de 3×200 MVA 220/400 (300) kV. O projeto também irá renovar o atual transformador de 3×200 MVA 220/400 (300) kV.

Serão igualmente efetuados trabalhos de grande envergadura na subestação de Matambo, que será ampliada. Assim, será construído um novo alimentador de 400 kV para a nova extensão de 400 kV de Matambo, para integrar a linha de 400 kV do Songo.

A zona beneficiária do projeto é a província de Tete, que se situa no Corredor de Desenvolvimento do Vale do Zambeze, na zona fronteiriça com o Malawi, a Zâmbia e o Zimbabué.

A subvenção é aprovada num momento em que ainda são frescos os debates sobre transição energética à luz da COP28, em Dubai, da qual tomou parte o Presidente da República, com o discurso de que a transição vai posicionar o país como um destino de investimento sustentável e fornecer energia ao seu povo. Aliás, sobre a matriz energética, o governo fez saber que a implementação da Estratégia de transição energética de Moçambique, vai custar 80 mil milhões de dólares e irá alavancar os seus vastos recursos renováveis.

Entretanto, Filipe Nyusi disse que Moçambique ainda vai aproveitar o potencial das suas reservas de gás natural offshore numa combinação diversificada de energia que também irá explorar os seus abundantes recursos hidrelétricos, eólicos e solares.

Além disso, o estadista considerou que ao mesmo tempo que faz a transição para um futuro descarbonizado, Moçambique deve continuar a crescer e a satisfazer as necessidades da metade da sua população que não tem acesso à eletricidade, disse o chefe de Estado.

“Há duas realidades que são um dilema face às nossas ambições: como país em desenvolvimento, menos de 53% dos nossos habitantes têm acesso à energia. Depois, o nosso país tem reservas de 180 tcf (biliões de pés cúbicos), com dois projetos estruturantes de gás natural liquefeito com potencial para gerar recursos”, disse Nyusi no painel de alto nível.

Não menos importante é que “Para realizar plenamente este potencial ambicioso da estratégia de transição energética, as oportunidades de financiamento de investimentos a curto prazo ascendem a 3 mil milhões de dólares só no próximo ano”, de acordo com o Ministro dos Recursos Minerais e Energia de Moçambique, Carlos Zacarias.

Durante a discussão, o Presidente do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento, manifestou o seu apoio ao ambicioso programa frisando que apesar de o mundo se mover para diminuir a sua dependência dos combustíveis fósseis, Moçambique não pode ignorar o seu potencial de gás natural.
“Os países africanos, e neste caso Moçambique, devem utilizar uma combinação de energia hidroelétrica e de gás natural”, disse Akinwumi Adesina.

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