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Pascoal Mocumbi: o adeus a um pai, médico e político

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Moçambique prestou, hoje, o último adeus ao antigo Primeiro-ministro moçambicano, Pascoal Mocumbi. A presidente da Assembleia da República representou o Chefe de Estado, Filipe Nyusi, e disse que o país perdeu um dos seus melhores filhos, um dirigente e patriota dedicado a Moçambique e seu povo.

Eram 07h55 de terça-feira, dia 28 de Março de 2023. Do Hospital Central de Maputo saía uma viatura de cor preta. À frente, um quadro com uma fotografia de Pascoal Mocumbi, em tamanho A3. Era Mocumbi que deixava a maior unidade sanitária do país. Não como médico ginecologista, como o fazia entre 1975 e 1976, logo após a independência, mas no seu cortejo fúnebre, que seguiu até ao edifício do Conselho Municipal da Cidade de Maputo.

Ontem foi o dia do último adeus ao antigo Primeiro-ministro moçambicano, que perdeu a vida no último sábado, na sua residência na Cidade da Matola, vítima de doença prolongada. A urna, que chegou ao Município coberta pela bandeira nacional, foi descarregada pela guarda de honra das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e conduzida por militares até à Sala dos Grandes Actos, cumprindo, assim, as formalidades dignas de um funeral oficial, como a legislação estabelece que têm direito os antigos Primeiros-ministros da República de Moçambique.

O público teve a oportunidade de se despedir de Mocumbi, um homem descrito como frontal e vertical, que, porém, foi ontem visto em posição horizontal, dentro de uma urna em camara ardente durante uma hora e meia até à chegada de Esperança Bias, Presidente da Assembleia da República, que representou Filipe Nyusi (que se ausentou do país para dirigir, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, um debate sobre Terrorismo e Extremismo Violento), na qualidade de número dois na Nação.

 

Num velório presenciado por familiares, membros do Governo, antigos Presidentes da República, médicos, académicos, partido Frelimo e demais personalidades, Esperança Bias, que depositou uma coroa de flores em homenagem a Mocumbi, destacou as qualidades demonstradas pelo antigo governante, nas várias funções que desempenhou na máquina do Estado, desde director provincial da Saúde em Sofala até Primeiro-ministro.

“Moçambicano de invulgar estatura, o doutor Mocumbi preencheu o nosso imaginário ao longo de cerca de 48 anos de independência nacional, como um homem de várias e nobres facetas, patriota dedicado, nacionalista engajado, combatente da luta de libertação nacional, médico comprometido e político”, disse a presidente do Parlamento, declarando que “Moçambique perdeu um dos seus melhores filhos, um patriota dedicado à causa de Moçambique e do seu povo, dirigente dedicado, metódico, exigente consigo próprio e com os outros”.

No seu elogio fúnebre, Esperança Bias descreveu o percurso de Pascoal Mocumbi e o seu contributo para desenvolvimento de Moçambique.

A número dois do país explicou, ainda, a forma encontrada pelo Governo para homenagear o antigo governante. “O seu nome ecoará para sempre nas nossas mentes e nos nossos corações ora destroçados com a sua partida para a eternidade. A declaração pelo Governo de dois dias de luto nacional e da realização de cerimónias oficiais constitui uma declaração do reconhecimento da sua obra e exaltação dos altos serviços prestados por si”, afirmou Bias, referindo que aos governantes da actualidade resta apenas dizer obrigado.

A família descreveu Pascoal Mocumbi como um homem inspirador, lutador pela liberdade e com alto sentido de humor. “Ele amava a família acima de tudo e estava sempre envolvido nos vários aspectos das nossas vidas. Ele tinha um alto sentido de humor, o que permitia a nós, os filhos, superarmos as dificuldades mais facilmente”, revelou Sibone Mocumbi, um dos seus filhos.

Depois do velório, a urna seguiu em cortejo fúnebre do Conselho Municipal de Maputo, passando por algumas artérias da capital até ao Cemitério de Lhanguene. À terra, o país viu descer um dos seus mais dedicados filhos. Pascoal Manuel Mocumbi deixa viúva e quatro filhos.

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