O secretário de Estado da província de Cabo Delgado, António Supeia, visitou, hoje, a aldeia de Nanduli, no distrito de Ancuabe, alvo de ataques terroristas há sensivelmente um mês.
No local, António Supeia testemunhou os rastos de destruição deixados pelos insurgentes, que não só provocaram vítimas mortais como também saquearam bens da população e incendiaram algumas residências.
O dirigente interagiu com a população local que está aterrorizada com a acção dos malfeitores, tendo recebido a informação de que o INCAJU do Instituto nacional de Amêndoa em Cabo Delgado está paralisado.
Como consequência, mais de duzentas mil e quinhentas mudas de cajueiro podem perder-se. É neste sentido que a população apelou ao Governo provincial para uma intervenção que possa evitar o pior cenário traçado.
O ataque a Ancuabe, confirmado pelo presidente da República, Filipe Nyusi, gerou pânico e deslocados que saíram em debandada em busca de refúgio em locais seguros. Aliás, muitas pessoas fugiram para a cidade de Pemba depois de passarem a noite nas matas.
O distrito de Ancuabe, que faz fronteira com a capital Pemba, acolhe o maior número de refugiados dos ataques insurgentes depois de Metuge.
O governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, dispensou, na última quarta-feira, seis viaturas da sua comitiva para transportar dezenas de deslocados que fugiram de ataques terroristas em Ancuabe e que viviam ao relento ou nas bermas da estrada, em Metoro, a Sul do distrito.
Segundo a “Voz da América”, 760 famílias chegaram a Pemba, capital da província, até ontem, provenientes da aldeia Nanduli, fustigada no último domingo, pelo ataque de Ancuabe, o décimo distrito a ser afectado directamente pela insurgência em Cabo Delgado.
O governante, que escalou o distrito três dias depois do primeiro ataque a Ancuabe, que provocou quatro mortos, encorajou a população das aldeias não atingidas a regressarem às suas origens, como forma de não agravar a crise humanitária já vivida em Cabo Delgado.
Mulheres querem mais protagonismo nos órgãos de tomada de decisão
Moçambique vai iniciar um novo ciclo eleitoral, e as mulheres já se queixam da contínua exclusão dos órgãos de tomada de decisão e exigem paridade na Assembleia da República e noutros órgãos do poder legislativo, porque dizem que “o nosso papel é determinante na promoção da imagem dos partidos e candidatos”, escreve a Voz da América.
A União Africana estabeleceu uma política de quotas para que as mulheres possam ascender ao poder de decisão, que, segundo algumas, não tem sido respeitada em Moçambique.
Moçambique, escreve a “VOA”, está agora na nona legislatura com 42,3 por cento de presença de mulheres, uma subida relativamente à anterior legislatura, que tinha 37 por cento de mulheres.
Mas para Lourena Mazive, do Instituto para a Democracia Multipartidária, “isso não é suficiente; é preciso fazer mais, porque nós estamos a advogar para que tenhamos o mesmo cenário que temos ao nível do Governo, que é 50/50”.
“Este é o nível óptimo no âmbito dos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável, em que as mulheres nos órgãos de governação, tanto eleitos, como de nomeação, estão representadas de forma equitativa 50/50 em relação ao homem”, realçou Mazive.
Activistas dizem que, nas listas de candidatos a deputados de partidos políticos, a mulher figura em posição muito abaixo, o que inviabiliza a sua eleição.
Para Amélia Lucas, funcionária bancária em Moçambique, ainda há muitas barreiras para as mulheres ascenderem ao poder, apesar do seu papel determinante na mobilização do eleitorado. “Há muito machismo por cá”, vincou Lucas.
O novo ciclo eleitoral em Moçambique começa em 2023, com a realização de eleições autárquicas, e termina em 2024, com as legislativas e presidenciais. Está também prevista a realização de eleições para as assembleias distritais.