Aldino Muianga assinala 30 anos de produção literária com o lançamento de mais uma obra, intitulada “Asas quebradas”. Como é habitual, o escritor continua, neste “voo rasante”, a desfigurar o quotidiano urbano, com uma narrativa inspirada em factos reais que o colocaram face a face com o problema de identidade – individual e social.
Com esta obra, o autor pretende trazer uma reflexão sobre o nosso ser, como cidadão e como membro de uma sociedade.
“‘Asas quebradas’ é um mapa sobre a busca da identidade, disse Muianga, assinalando que uma busca pela identidade é uma grande aventura, é uma grande preocupação para as pessoas que não conseguem inserir-se no seio da família e da sociedade”.
Enquanto escrevia, Muianga pensou em desistir do livro por achar que era muito complexo. “Desde a terceira parte, tive que parrar e pensar qual seria a melhor saída entre uma e outra para o desfecho. Quero, nesta obra, despertar nos leitores a busca de identidade, é uma metáfora sobre uma identidade que queremos redescobrir porque a partir de um certo ponto da nossa história perdemos as coordenadas do nosso destino”.
Para os que se iniciam na carreira literária o autor recomenda o exercício de leitura e escrita e discussão com outros leitores. Além disso, o escritor falou, no Auditório do BCI, em Maputo, onde o livro foi lançado hoje, um pouco mais de si, sobre a experiência de inventar universo fictícios. “É um processo complexo e, ao fim de 30 anos, sinto-me muito feliz porque continuo a produzir obras que muitos críticos consideram de muita qualidade, é um trabalho aturado, intenso, longo e doloroso. Muitas vezes é preciso ter muito sacrifício”.
Em “Asas quebradas”, Muianga conta a história de duas mulheres, uma mãe que é abusada sexualmente pelo seu tio, e de uma filha que, quando adulta, começa uma busca incessante pelas suas origens, depois de nascer numa “casa errada”.