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As fagulhas da narrativa do Patrício em “As conversas de Nhamacata”

Por: Huwana Rubi

Gonçalves Patrício para os afáveis ( Djogorro) é um nome sonante no panorama literário Moçambicano vem se consolidando através do seu legado e densidade que os seus escritos emanam. De fala mansa, disciplinado talvez pela sua profissão de coronel e também poder-se-á dizer um “zambeziano de gema” demostra no seu livro “As conversas de Nhamacata” um nicho de contos com alguns guinchos tais como memorias vagas da terra que lhe passou o “feitiço” das historias que vivenciou e de personagens disparas. O curioso do nome Nhamacata é que na província de Sofala pejorativamente reconhecida na tradução portuguesa como “homens-catanas” malfeitores que jazeram por aquelas jeremiadas. Entretanto o presente titulo do livro tem origem sobre a localidade de Nhamacata, um dos embriões da província da Zambézia.

O nicho
Trata-se de um livro que cotem vinte e dois riquíssimos contos, os retratos que carregam “historias” tais como, A chegada, João não treme, O cão de Nhamacata, Estou a vir, Ladrão de sutiã, Pegadas vagabundas.
O autor também nos remete a outros aguçares como o mistério das cores, estórias que remetem ao leitor o mais íntimo sentimento, claro com o mérito da naturalidade discretiva do autor. Os textos como, Assim há-ser, Zefa, Jamy, A chuva de setembro, são alguns dos contos que carregam consigo a lareira acesa que o autor descreve quase que em forma de provocação.
Outros temas tais como Ave Maria, Covid-19, A mesa da revolução, A ultima rede de tempo, suscitam temas contemporâneos, temas que nos chamam a uma reflexão, atiçando ao leitor um momento “Deja vu”, em que o por do sol é inesperado mas também pode ser atemporal.

“O caminho das nuvens”
Um conto que transborda poesia numa situação caótica em que uma personagem vivera.
Djogorro com a sua caneta faz uma pincelada, com seguimento das diretrizes do maior escultor Michelangelo, onde a escultura é ciência e técnica ela é crua e bela, eloquente, como a melodia e finura da quinta sinfonia do Beethoven e nota se nestas notas:

“Ao atingir o cume da montanha, essa única nuvem desceu quase a sua altura. Podia toca-la. Era de um vapor frio que se movia preguiçosa. Esta envolveu o seu corpo como se quisesse reconhece la e num enlace carinhoso guiou-na pela estrada que terminava no desfiladeiro. Estava tensa. São poucos os que haviam apalpado uma nuvem igual a ela. Se fosse os que haviam apalpado uma nuvem igual a ela. Se fosse a contar as pessoas veriam nela alguma demência. As nuvens não convivem com os homens há sempre uma distância que os separa. Quado muito são apeladas durante a estiagens, nos versos românticos dos namorados ou na dúvida de um insano (…)
Por isso, deixou se transportar, qual pena quieta nas gotículas das nuvens”.

Djogorro na sua maestria do livro remete nos a outros grandes nomes como o Alan Poe, no seu manuscrito “o corvo” e com a mesma intensidade de um expressionista abstrato como o Jackson Polloch, evidencia o belo que sai de um perfecionalíssimo exacerbado em que o talento e a técnica confundem se com a majestade da obra.

 

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