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Artistas debatem sobre reformas artísticas e culturais em Maputo

Os caminhos do sector musical em Moçambique: mercado, profissionalização e legislação foi o tema proposto ao debate que reuniu artistas, produtores e gestores culturas, esta terça-feira. O evento promovido pelo projecto Construindo com a música realizou-se na Escola de Comunicação e Artes da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), na Cidade de Maputo.

 

Na manhã desta segunda-feira, iniciou, na Escola de Comunicação e Artes da UEM, um workshop subordinado ao tema Os caminhos do sector musical em Moçambique: mercado, profissionalização e legislação. Promovido pelo projecto Construindo com a música, lançado recentemente pela Ministra da Cultura e Turismo, a sessão desta terça-feira reuniu vários intervenientes do sector artístico-cultural em Moçambique, com destaque para o Director do Festival AZGO, Paulo Chibanga; o músico Cheny wa Gune; a Directora do Centro Cultural Moçambicano-Alemão, Carolin Brugger; e o baterista Stélio Mondlane.

Durante a sessão de debate que decorreu esta terça-feira, um dos tópicos abordados foi a necessidade de reforma do Fundo para o Desenvolvimento Artístico e Cultural (FUNDAC). O tópico, com efeito, foi desenvolvido pela coordenadora do projecto Construindo com a música. “Com este workshop, acho que iremos conseguir enriquecer ainda mais o nosso projecto com aspectos muito concretos, que possam, realmente, responder à necessidade do sector”. Começou por dizer, Valentina Gianni. Depois, prosseguiu com exemplos: “Estamos a falar da reforma do FUNDAC, porque o fundo é muito importante. Não só porque dá o financiamento, mas também porque pode exercer um papel ao nível de pressão política”.

Segundo entende a coordenadora do projecto Construindo com a música, ao mesmo tempo que o desenvolvimento do sector artístico-cultural depende muito de reformas feitas no FUNDAC, carece de casas culturais com dinâmica, ao nível nacional. “Precisamos da revisão do papel que as casas culturais podem ter. Por enquanto, são um contentor, mesmo quase vazio, mas que, na realidade, podem ter um papel muito importante na dinamização do sector, ao nível social e ao nível económico, sobretudo nas províncias”.

Para os participantes do workshop Os caminhos do sector musical em Moçambique: mercado, profissionalização e legislação, as reflexões inseridas no projecto Construindo com a Música, implementado pela AGAPE, Ministério da Cultura e Turismo de Moçambique, Comune di Milano, Milano Música e Diapason, com o financiamento da Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS), são essenciais. E explicaram porquê. “É importante trocar experiências, porque existem questões sensíveis, mesmo do próprio artista, que não conseguimos perceber de uma forma isolada. Precisamos de interagir com outras pessoas para, primeiro, identificarmos o problema e, depois, a solução”, disse Deltino Guerreiro.

Por sua vez, Albino Mbie, músico que vive há décadas nos Estados Unidos, observando que há falta de editoras no país, entende que o projecto Construindo com a música pode contribuir para o surgimento de editoras e impulsionar a distribuição discográfica. “Este projecto vai ajudar-nos a formar novos técnicos de som e produtores musicais que entendam sobre o negócio da música”

Não obstante os aspectos apontados por Guerreiro e Mbie, o gestor cultural Miguel Prista vê uma outra vantagem em reflexões inerentes a’Os caminhos do sector musical em Moçambique: mercado, profissionalização e legislação: “Acho que a perspectiva deste trabalho não é apenas estruturar reflexões pertinentes, mas também contribuir para a formação de políticas públicas, que constitui a principal intervenção que precisamos se nós quisermos pensar num Estado que tem o sector cultural como activo, gerador de empregos e de rendimento”.

Na Escola de Comunicação e Artes, o workshop Os caminhos do sector musical em Moçambique: mercado, profissionalização e legislação pretendeu, igualmente, abrir um espaço de partilha de ideias e perspectivas sobre estratégias eficazes para, em particular, a área da música no país. Mais à frente, o projecto Construindo com a música irá desenvolver programas de intervenção focados na formação: oficinas, seminários e debates.

 

 

 

 

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