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Arrependamo-nos de ser hereges, irmãos africanos

Li O nome da Rosa, obra de Umberto Eco, faz tempo. É um livro publicado em 1980 e que faz referência à época medieval, séc. XIII. Retrata um acontecimento bastante actual, o de que o saber, que não ocupa lugar e que é sempre necessário à humanidade, é algo que sempre separou águas.

Quem sabe muito, ou é isolado ou é ignorado, para que não sinta o poder que tem, sabemos isso e vemo-lo, em muitos lugares, um pouco por todo o mundo.

Saber é proibido. Sabemo-lo do que já lemos sobre a “Santa Inquisição”. Quem julgava saber, acabava punido a bem punido.

Punidos e imbecilizados foram os nossos antepassados africanos que, sendo os que inventaram a Matemática, criaram a primeira Universidade no mundo e criaram as primeiras técnicas de fundição de metal, entre outras descobertas científicas; em nome do apregoado “progresso industrial” ficaram reduzidos a pedintes e a ignorastes.

Hoje, por mostrarmos que é importante saber e fazer saber, por termos desvendado o véu do famigerado vírus, ficamos isolados do resto do mundo. A ciência é proibida aos africanos , até porque, como sempre se disse que a emoção é negra e a razão é helénica, portanto descobrir Omicron não é para todos. Nós só temos que tocar tambores e dançar ao sabor dos sábios.

Tão elevada é a helenicidade que recua anos e anos de desenvolvimento e de progresso científico, embargando voos, dividindo a humanidade, em nome de desconhecidas mutações de um vírus, ignorando os números de casos activos desses mesmo vírus, em lugares nos quais a helenicidade predomina.

É tal a helenicidade que se coloca de lado a ideia de que qualquer que seja hipótese científica, ela deve ser testada, até que se prove a sua validade, para que se chegue a alguma conclusão.

O saber é proibido aos africanos, tal como ler um livro numa biblioteca num mosteiro, em O nome da Rosa, tenha provocado mortes, por envenenamento, pois descobrir os saberes que estariam em tal Biblioteca, no mosteiro, seria ter poder, ter conhecimento do que não se desejava que fosse conhecido.

E assim é o mundo, quem sabe é castigado, tal como Eva que, tendo descoberto o sabor do fruto da sabedoria, ficou, até hoje, relegada a um ser de segunda categoria e equiparada a uma cobra.

O melhor na vida é ser se ignorante, já o sabemos. Mas o que melhor sabemos é que os medicamentos e a ajuda do ocidente para os países pobres são o melhor da sabedoria da humanidade.

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